Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, o Cine Set preparou uma série de publicações em homenagem às protagonistas desse dia, dentre elas, essa lista com algumas obras realizadas por mulheres sobre questões relativas a nós e ao mundo. Selecionei alguns títulos produzidos por artistas de diferentes lugares do mundo, inseridas em culturas, épocas e classes sociais distintas que versam sobre situações universais, expressadas em dramas, longas experimentais e documentários. São trabalhos sobre a mulher na sua humanidade em suas diversas formas de vivência.


BAR BAHAR (2016)

Dirigido e escrito pela cineasta de origem palestino-israelense, Maysaloun Hamoud, Bar Bahar é um drama que segue três mulheres palestinas dividindo um apartamento em Tel Aviv, Israel. Layla, advogada de família muçulmana secular, Salma uma DJ de família cristã e Nour muçulmana religiosa que estuda ciência da computação. A princípio são mulheres bem diferentes nos seus problemas e sonhos, mas que aos poucos revelam que suas questões não são distantes uma das outras. Elas confrontam temas como consumo de drogas, homossexualidade, os direitos das mulheres e o sistema patriarcal que atinge todas sem distinção. Hamoud te faz mergulhar na vida dessas jovens e seus desejos, além de revelar quão próxima estamos dessas mulheres onde muitas vezes vê-se um muro construído pelas diferentes culturas e de crenças.


NÃO É UM FILME CASEIRO (2015)

Marcada por uma carreira de forte influência na filmografia feminista e experimental, a cineasta belga Chantal Akerman nunca teve interesse em fazer cinema para agradar. Não é um Filme Caseiro é mais uma prova disso. Seu último trabalho se trata de um documentário íntimo em que a cineasta se propõe a documentar (ou dissecar) os momentos finais da vida de sua mãe, Natalia Akerman, uma polonesa sobrevivente dos campos de Auschwitz, e a relacionamento entre as duas. A linguagem única de Chantal é presente, construído com planos aleatórios de paisagens comuns e o uso da cozinha como cenário tão presente em outros trabalhos. O espectador acompanha as duas em seus ritos rotineiros, conversas por Skype, sem deixar de lado a visão crítica, onde repensam questões de gênero, identidade e solidão. Um retrato poderoso de uma grande artista e suas influências.


OLMO E A GAIVOTA (2015)

Olmo e a Gaivota é o segundo trabalho da carreira da cineasta brasileira Petra Costa, responsável pelo dilacerante Elena, dirigido e escrito em colaboração com a dinamarquesa Lea Glob. A obra recebeu o prêmio de melhor documentário de longa-metragem no Festival do Rio, sendo definida por Petra como “o limiar entre a ficção e o documentário” uma vez que a narrativa parte da gravidez real da atriz italiana Olivia Corsini. O longa explora a vida da artista que prestes a encenar o texto de Tchekhov – A Gaivota, descobre estar grávida e passa a viver o impacto dessa nova realidade na sua relação com o marido Serge Nicolai e o conflito que nasce das limitações do próprio corpo na continuação do seu ofício de atuar. As diretoras capturam muito bem as diferenças latentes de uma realidade que é tanto de Olivia quanto do marido, além de colocar quem assiste a questionar o que é realidade ou atuação.


PARIAH (2011)

Dirigido e roteirizado pela estadunidense Dee Rees, recentemente concorreu ao Oscar de melhor roteiro adaptado por Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi. Pariah é o drama contemporâneo de estreia da cineasta. O filme narra a história de Alike, uma adolescente afro-americana de 17 anos, que vive com os pais e a irmã numa casa em boas condições no Brooklyn, interessada por poesia e boa aluna na escola, vive a fase de aflorar sua sexualidade e a construção da sua identidade, já se identificando como lésbica mesmo escondido da família. Dado sua realidade vive uma relação conflituosa com a mãe religiosa, sempre questiona Alike pelas suas escolhas de vestuário e amizades, conflitando a jovem entre obedecer ou assumir o que é. O filme teve sua estreia mundial no Festival de Sundance em 2011, é uma expansão do curta-metragem de mesmo nome, vencedor de prêmios.


SMALL DEATHS (1996)

Trabalho de conclusão da diretora escocesa Lynne Ramsay, responsável pelo aclamado Precisamos Falar Sobre o Kevin. O curta-metragem realizado no início da sua carreira foi vencedor do prêmio do júri no Festival de Cannes e marcou o início proeminente de Ramsay. Baseado nas memórias pessoais da diretora durante sua infância e adolescência na Escócia, o curta percorre em 11 minutos três eventos na vida da menina, momentos sem tanta leveza, mas que poderiam passar despercebido nas diversas lembranças. A narrativa da cineasta instiga a reflexão do significado de cada acontecimento e de que forma esses pequenos extratos da vida impactam quem os viveu.