Em meio à produção marcadamente séria e politizada da Mostra de Cinema Amazonense – reflexo natural de um dos anos mais tristes e sisudos na história recente do país – também há espaço para humor desbragado: “Brechó”, de Márcio Nascimento, é um terrir assumido, e sua premissa absurda gerou um filme despretensioso, mas que cumpre bem sua função.

Exibido nesta quinta-feira (10), o curta não desperdiça seus preciosos minutos – uma estudante (Jessy Garcia) procura o endereço de um brechó onde possa comprar roupas para uma festa flashback. Uma mulher, já idosa, e com uma verruga horrenda no nariz (Cibele Coelho), aparece num susto, mas é toda suavidade. Dona do local, ela não consegue achar as peças que a moça precisa, mas garante que, “lá atrás”, esta certamente irá encontrar.

Não dá pra dizer o que tem “lá atrás”, mas, em seus breves e eficazes minutos, Nascimento mostra domínio de câmera e montagem, e cria um bom exemplar de um gênero onde o cinema amazonense é expert – o humor trash. Fica difícil exigir muito de um filme tão despretensioso, mas o cineasta bem que podia ter trabalhado um pouco mais os desempenhos de suas atrizes, pra que o resultado não soasse, menos do que leve, mambembe – mas esse é um problema sério do cinema local. No mais, divertido e facilmente esquecível, “Brechó” é um alívio cômico, em meio à seriedade reinante da produção amazonense recente.