A polêmica proposta da criação da categoria de Melhor Filme Popular não será vista no Oscar 2019. Na última quinta-feira (6), a Academia de Ciências Cinematográficas de Hollywood decidiu adiar a implantação da disputa para uma data não determinada. Reportagem divulgada pelo New York Times revelou os bastidores da decisão com debates acalorados entre as duas frentes.

Segundo o NYTimes, o presidente da Academia, o diretor de fotografia John Bailey, e outros apoiadores dele defendiam a criação da nova categoria, porém, Laura Dern mostrou-se a líder mais veemente entre os que discordavam da medida. Diretor de clássicos como “E.T – O Extraterrestre” e “A Lista de Schindler”, Steven Spielberg também se colocou contrário à ideia, dizendo-se desconfortável com toda a situação. No fim das contas, optou-se pelo adiamento.

John Bailey admitiu que não esperava a forte rejeição pública em relação à categoria de Melhor Filme Popular. “Não esperava esta reação automática, especialmente dos jornalistas. Não sei porque isso aconteceu, afinal, são as mesmas pessoas que criticam a Academia por ser irrelevante e não estar de acordo com o gosto das pessoas que vão aos cinemas. Agora, elas que nos criticavam por um suposto elitismo, de repente, são as guardiões do Oscar para evitar esta medida”, disse.

ENTENDA O CASO

A ideia de uma categoria separada para filmes populares foi amplamente vista como uma tentativa de aumentar a audiência televisiva da cerimônia anual do Oscar. A audiência nos EUA da cerimônia de março de 2018 foi de 26,5 milhões de espectadores, a menor nos 90 anos de história da premiação.

Críticos disseram que a ideia irá colocar “filmes populares”, como sucessos de bilheteria de super-heróis, contra o que veem como filmes “impopulares”, menores e de cunho mais artístico.

Nos anos recentes, membros da Academia escolheram filmes independentes, como “Moonlight: Sob a Luz do Luar” e “A Forma da Água”, como vencedores na categoria Melhor Filme, ao invés de sucessos de bilheteria como a franquia “Star Wars” ou filmes de super-herói, como Mulher Maravilha, de 2017.