Com a chegada de “O Candidato Honesto 2”, precisamos admitir que Leandro Hassum é um campeão de bilheteria nacional. O comediante tem uma franquia de sucesso para chamar de sua (“Até que a sorte nos separe”) e parece já querer criar outra.

A continuação da comédia de 2014 em que Hassum interpreta um candidato à Presidência que não consegue mentir ganha sua continuação. Em ano de eleição, a comédia aproveitaria um momento perfeito para zoar o nosso momento político atual. É uma pena, porém, que o timing mesmo só tenha funcionado para com o lançamento do filme e não no seu principal objetivo: fazer rir de fato e se tornar mais relevante.

Em “O Candidato Honesto 2”, João Ernesto sai da prisão após ficar quatro anos preso. Aproveitando-se de sua popularidade por não poder mentir, ele se alia a Michel Te(cof, cof), quer dizer, Ivan Pires, em um “grande acordão” para concorrer novamente à Presidência.

O filme é um palco para Leandro Hassum brilhar a ponto do roteiro de Paulo Cursino perder o foco para sempre encaixar uma piada a mais do protagonista. Como não poderia deixar de ser, “O Candidato Honesto 2” brinca com sua perda de peso em relação ao filme anterior – em que ele ainda era gordo – mas as piadas são tão sem graças que nem valem a pena se a profundar. Em um certo momento o ator chega até a se autodepreciar ao comentar brevemente sua carreira (algo que poderia ter ficado na sala de edição e não faria falta alguma). Mas o que pode incomodar, de fato, é Hassum resmungando as piadas o tempo todo, com aquela virada de boca, como se fizesse uma confidência.

O tom de paródia, pelo menos, é feliz em determinadas partes. Aqui, temos programas de rádio e revistas sensacionalistas conhecidas ganhando suas versões cinematográficas. O destaque mesmo fica para Cassio Pandolph, uma versão clara e vampiresca de Michel Temer com direito a castelo e andar sobre trilhos como se fosse uma criatura sobrenatural. “O Candidato Honesto 2” até acerta no tom de como funciona o sistema político nacional, flertando em apontar um caminho como solução. Mas, no fim das contas, não é esse o interesse do diretor Roberto Santucci.

Mas nada mais bizarro mesmo, é comédias ainda insistirem em fazer piadas com orientação sexual. Antes fosse até o cara que faz o Bolsonaro, mas o protagonista brincar com o assistente por ser gay, me faz pensar até que o Hassum ficou com saudade do antigo Zorra Total.

Ao se entregar a excessos de subtramas, improvisos e estereótipos “O Candidato Honesto 2” perde o foco, e acaba por se prejudicar bastante. Quem sabe nas próximas eleições, Ernesto não apareça de novo, se depender do meu voto, melhor deixar quieto, mas no fim das contas o público que decide e a bilheteria pode funcionar que nem voto.

Viva a Democracia.