Considerado por muitos como um dos maiores expoentes do gênero de suspense/terror, o filme trata da história de Clarice Starling, uma estudante da academia de polícia prestes a se formar que aceita o caso de investigação do serial killer Buffalo Bill.
Para entender a sua mente e conseguir capturá-lo, Clarice conta com a ajuda de outro serial killer, este já encarcerado: o infame Hannibal Lecter.
Clarice é interpretada pela então jovem Jodie Foster, que confere grande força à personagem. Dona de um temperamento forte e tendo que se impor em um mundo profissional claramente dominado por homens, Clarice é uma mulher inteligente e preparada.
Porém, é possível perceber que ela sofreu um grande trauma no passado, o qual será aos poucos revelado a cada novo encontro que ela tiver com Hannibal Lecter.
Já o famoso serial killer canibal é interpretado pelo inglês Anthony Hopkins, naquela que, para mim, ainda é a sua maior atuação.
Seu personagem, justamente por exibir doses precisas de sofisticação e selvageria, deixa o espectador sempre na dúvida sobre qual será sua próxima ação.
Hannibal, desde o primeiro encontro, percebe a inteligência de Clarice e se afeiçoa a ela. No entanto, ele sabe que a moça, por trás de toda a sua armadura, esconde uma fragilidade, a qual ela tenta explorar a cada novo encontro.
Os melhores momentos do filme, sem dúvida, são justamente esses confrontos verbais entre Clarice e Hannibal, coordenados com maestria pelo diretor Jonathan Demme.
Em uma das melhores sequência do longa, Hannibal e Clarice conversam através de uma grade.
Apesar de Hannibal estar atrás das barras de ferro, a câmera vai aos poucos se aproximando do serial killer e se afastando da policial, dando impressão de que, no final, é ela quem fica presa enquanto ouve as análises de Lecter.
O grande trunfo do filme, portanto, não é a caçada ao assassino Buffalo Bill, cuja identidade é revelada desde o início, mas sim o confronto entre Clarice e Hannibal, dois personagens extremamente inteligentes que tentam sempre estar à frente um do outro.
Para quem conhece o personagem apenas através dos filmes derivados que surgiram depois (três no total, sendo duas pré-sequências), recomendo fortemente assistir a “O Silêncio dos Inocentes”.
Nenhum dos outros filmes conseguiu orquestrar tão bem momentos de suspense e de violência como o original, e Anthony Hopkins, ainda que tenha voltado a viver o personagem nas sequências, nunca esteve tão assustador.
Curiosidades:
- “O Silêncio dos Inocentes” foi o terceiro filme na história do Oscar a receber os cinco principais prêmios da Academia: Filme, Diretor, Ator (Anthony Hopkins), Atriz (Jodie Foster) e Roteiro Adaptado. Os outros dois únicos filmes a conseguir tal feito foram “Aconteceu Naquela Noite” (1934) e “Um Estranho no Ninho” (1975).
- Anthony Hopkins ganhou o Oscar de Melhor Ator, mas Hannibal Lecter na verdade aparece apenas durante 16 minutos ao longo de todo o filme. Um verdadeiro atestado à intensidade da sua performance.
- A princípio, Gene Hackman seria o intérprete de Hannibal Lecter, enquanto Michelle Pfeiffer foi convidada para viver Clarice Starling. Ambos, porém, acabaram desistindo, pois acharam a história muito pesada e sanguinolenta.
- Anthony Hopkins não foi o primeiro ator a interpretar Hannibal Lecter. O personagem havia sido explorado cinco anos antes no filme “Manhunter”, onde foi vivido por Brian Cox.
- Em 2004, o canal de televisão americano Bravo selecionou os “100 Momentos Mais Assustadores em Filmes”. A cena em que Hannibal Lecter escapa da prisão ficou em sétimo lugar. Já Hannibal foi eleito pelo American Film Institute como o maior vilão da história do cinema.
Boa análise. Uma pena que Hopkins ultimamente vem se entregando em uma espécie de piloto automático em suas atuações, exibindo bem mais o carisma e a sua presença do que o seu inquestionavel talento.
Já Jodie Foster entre um trabalho e outro mostra ainda boas atuações, como no excelente Carnage de Roman Polanski no ano passado.
Henrique, fico feliz que tenha gostado da resenha.
De fato, Anthony Hopkins estancou no piloto automático durante a última década. É sempre bom lembrar que, após O Silêncio dos Inocentes, ela ainda entregou performances fantásticas em Vestígios do Dia (1993) e Nixon (1995). Creio que a última grande atuação que eu vi dele foi como coadjuvante em A Prova, de 2005.
Ele ainda não chegou no nível de canastrice do Robert De Niro, é verdade, mas está terrivelmente próximo disso, o que é lamentável.
No caso de Jodie Foster, o que falta a ela é um grande papel em um grande filme, que possa explorar mais uma vez seu imenso talento. No entanto, ela nunca deixou de apresentar performances arrasadoras, como evidenciam Plano de Vôo (2005), O Plano Perfeito (2006) e Valente (2007). Ainda não vi Carnage, mas já está na minha lista.
Não sou muito fã de Plano de vôo acho bastante irregular apesar do bom elenco, acho Plano Perfeito um bom filme, bem amarrado e dirigido e Valente eficiente, Jodie Foster meio Charles Bronson é cool.
É triste ver que grandes atores estão se entregando apenas pelo cheque, não os culpo é o emprego deles, mas que é triste é.
Robert DeNiro fez alguns dos melhores filmes que vi na vida, Poderoso Chefão II, Touro Indomável, Os Bons Companheiros, Fogo Contra Fogo são apenas alguns exemplos que me lembro de cabeça agora.
Ah sim um dos filmes que citei o Fogo Contra fogo, foi dirigido pelo Michael Mann, que também dirigiu uma adaptação de uma obra de Thomas Harris(autor do silencio dos inocentes) o Manhunter que você citou nas curiosidades.
Na verdade Manhunter é uma adaptação do Dragão Vermelho que ganhou não diria refilmagem, mas uma nova versão em 2002 dirigida por Brett Ratner já com Hopkins no papel do Hannibal. Na primeira como você citou Hannibal foi interpretado por Brian Cox(o Stryker de X-Men 2).
Também não sou muito fã de nenhum dos filmes que citei anteriormente da Jodie Foster. São bons longas, mas apenas isso. No entanto, gostei bastante das atuações da Jodie Foster em cada um deles. Considero a performance dela em Plano de Vôo, por exemplo, uma das melhores da sua carreira.
O talento de De Niro é inegável, e justamente por isso é que dá mais raiva ainda ver o que ele fez com a sua carreira. Eu acho que é possível um ator se manter no mercado sem ter que “sujar” sua filmografia. Dustin Hoffman é um grande exemplo nesse sentido. Ultimamente ele só tem pego papéis pequenos, mas pelo menos são atuações onde ele ainda consegue exibir o seu talento sem descambar para a canastrice.
Por fim, sou louco para ver Manhunter e com certeza está na minha lista. Será interessante ver um outro retrato de Hannibal Lecter, ainda mais sendo interpretado pelo também talentoso Brian Cox.
Não concordo que Anthony Hopkins tenha estancado no piloto automático nas suas interpretações. Ele foi um dos atores, ao intepretar Hannibal Lecter, mais envolventes, instigantes e perturbadores que a historia do cinema já viu. O que ele faz de melhor é manter para um mesmo papel e personagem, a identidade do mesmo, até quando existeum espaço entre um filme e outro, o que poderia afetar na performance do ator. Mas não… Anhony Hopkins demonstra execência, ele nos faz acreditar ser hannibal, temê-lo, e até amá-lo a ponto de quase torcermos por ele… Ele aflora na pele do personagem toda elegância, sarcasmo no olhar, inteligência quase profana e sedução malígna que só Hannibal Lecter tem.É sem duvida o melhor! Jodie Foster está bem neste papel…mas perder o oscar para uma fatia de interpretação de seu parceiro de claquet demonstrou ser só mais uma boa interpretação.