Seguindo a trilha de ‘Os Caça Fantasmas’ (2017), o filme de Gary Ross apresenta uma trama mais que conhecida com grande elenco feminino. A história de ‘Onze Homens e Um Segredo’ é revivida pela irmã do falecido Danny Ocean (George Clooney) praticamente sem tirar nem pôr. Debbie Ocean (Sandra Bullock) sai da prisão e imediatamente se prepara para mais um grande crime. Para isto, ela reúne diversas personagens com habilidades únicas.

Fora alguns resquícios de originalidade, a maior parte do filme se torna uma grande recriação do antigo longa. O primeiro esforço original notável é a tentativa cumprida de assemelhar Debbie com seu irmão, mostrando que ambos possuem uma personalidade correlata e que esta ainda se lembra de Danny. As cenas feitas para este fim, entretanto, não vão além disto, e passam a ser apenas uma repetição da mesma coisa.

Como esperado, a presença de Cate Blanchett como Lou é um dos grandes atrativos em cena: sua interação com Bullock se destaca com mérito, dando a entender que ambas não precisam se esforçar muito para compor uma ótima parceria. A apresentação das duas e das outras personagens é bem realizada, eficaz e cumpre seu papel, apesar de não mostrar tantas nuances das outras personagens.

Se em ‘Onze Homens e Um Segredo’ o cassino era o centro do assalto, neste filme, o baile do Met Gala cumpre este papel com sucesso. Além de ser um evento conhecido por seu público, a produção não poupa esforços para fazer o espectador se sentir em um dos eventos mais exclusivos dos Estados Unidos, investindo em figurantes famosos, cenário bem executado e ótimos figurinos, basicamente, um fan service completo.

O visual do filme, inclusive, colabora com o objetivo da história. É possível notar que cada personagem possui uma concepção visual única e trabalhada de maneira uniforme durante quase duas horas de filme. Assim, o design de produção ajuda a compor um filme agradável visualmente, tentativa quase arruinada pela montagem pretensiosa. Juntamente com as imagens, a trilha sonora acompanha as nuances de suas personagens dando o clima nova-iorquino para história.

Não existe nenhum aspecto exatamente ruim no longa, tanto que se torna um filme fácil de ser assistido sem grandes complicações como apresenta o grande plano de Ocean. Entretanto, o roteiro deixa passar falhas e oportunidades que são impossíveis de não se notar. Além dos usuais furos no roteiro de executar um plano “perfeito” com várias escolhas fáceis e situações que eram fadadas ao fracasso dando certo, o roteiro assinado pelo diretor e por Olivia Milch claramente não dá a atenção devida ao principal mérito do filme: suas personagens.


Presença Feminina

Apesar da diversidade presente entre as personagens ser um grande aspecto positivo, suas histórias não são bem desenvolvidas (como já foi dito anteriormente), além disto, o fator feminino também ficou bem escondido.

A principal impressão passada pelo filme é que se trata apenas de uma refilmagem de ‘Onze Homens e Um Segredo’ com um elenco feminino, isto porque mesmo entre oito mulheres independentes e talentosas, o espaço para debate sobre seus respectivos papéis fica em último plano. Aspecto que possivelmente passaria despercebido por grande parte do público se não fosse a principal proposta do filme todo, a razão para que ele fosse feito, assim, uma grande fragilidade no roteiro.

Além de Lou e Debbie, Nine Ball (Rihanna), Amita (Mindy Kaling) e Daphne Kluger (Anne Hathaway) conseguem brilhar mesmo sem grande tempo em cena. Aqui, a escolha do elenco se mostrou um grande fator positivo, justificando a decisão pela boa relação entre personagens e atrizes. Rose (Helena Bonham Carter), Constance (Awkwafina) e Tammy (Sarah Paulson) acabam não acrescentando tanto assim para a trama, se tornando escolhas fáceis no quesito de personagem, mas apresentando bons desempenhos quanto às atrizes.

A sensação que o filme transmite é que ainda há muito para ser mostrado sobre suas personagens. Além disto, a interação entre o elenco principal é vista em poucos momentos, diálogos ficam faltando e a intenção de encontrar tantas personalidades e acompanhar esta dinâmica novamente não é vista.

Infelizmente, o longa não consegue alçar maiores conquistas, se tornando limitado ao tentar abraçar a proposta inicial. Não existe nenhum erro imensamente grotesco no filme, a não ser sua proposta de #GirlPower que não consegue nem chegar ao papel do roteiro.