Uma das premiações de cinema mais aguardadas do ano vai retornar aos palcos do Teatro Dolby em Hollywood, neste domingo (04). A 90ª cerimônia do Oscar, apresentada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), homenageará os melhores filmes, atores e técnicos de 2017, mas pode vir recheada de acontecimentos marcantes, recordes, quebras de tabus e momentos políticos importantes. Isso porque a conjuntura atual, que moldou a corrida para os prêmios nesse ano, vem cercada por um momento crucial na indústria do entretenimento – quando os movimentos #MeToo e Time’s Up ondularam muito além do filme e da televisão. Além disso, racismo, ativismo de armas e uma conversa nacional sobre representa. Caso você não saiba o que esperar do Oscar 2018, o Cine SET separou 10 motivos para você não perder a premiação nesse ano.

10 – A redenção de Warren Beatty e Faye Dunaway

Como em um filme da Marvel, onde você permanece no fim do clímax para ver a sequência pós-crédito, nós vamos continuar assistindo o Oscar para descobrir se o vencedor de Melhor Filme será anunciado corretamente. Foi confirmando na sexta-feira (02) que a dupla de “Bonnie and Clyde”, Warren Beatty e Faye Dunaway, voltarão a anunciar o vencedor de Melhor Filme apesar da tentativa do ano passado, quando Beatty abriu o envelope errado e Dunaway leu La La Land como vencedor, ao invés de Moonlight. Felizmente para todos os envolvidos, o produtor “La La Land”, Jordan Horowitz, apontou o erro antes que sua equipe pudesse chegar muito longe em seu discurso.

Beatty e Dunaway provavelmente prestarão muito mais atenção ao envelope desta vez – como o PricewaterhouseCooper, a empresa de contabilidade que supervisiona o Oscar e assumiu a total responsabilidade pelo erro. Mas não vamos mentir: é um pouco triste que não tenhamos outra versão desse tiro icônico.

9 – Indiretas, injustiças e Jimmy Kimmel…

Do grito de gênero de Natalie Portman durante a categoria Melhor Diretor (“E os indicados para todos os homens são …”) para o discurso de aceitação do Prêmio Cecil B. DeMille de Oprah Winfrey, alguns dos melhores momentos da transmissão dos Globos de Ouro foram alimentados pelo despertar da injustiça coletiva de Hollywood. Então você pode entender por que os produtores da transmissão do Oscar estão enfatizando a diversão e escalação de uma diversidade de atores para amenizarem um momento tenso que separa Hollywood.  Jimmy Kimmel está apresentando! Gal Gadot está apresentando! Mahershala Ali está apresentando! Tiffany Haddish, Lupita Nyong’o e Mark Hamill estão apresentando!

Esse ano a cerimônia vai focar na diversão, mas o que esperamos são momentos marcantes e indiretas para várias áreas e manifestos em formatos de piadas afiadas. Isso porque os telespectadores do Oscar estarão muito interessados ​​em ver como o Kimmel, recentemente politizado, conduz essa linha fina entre o humor e a acidez.

Esta é a segunda vez que Kimmel apresenta o Oscar, e seu monólogo provavelmente terá um foco completamente diferente. Enquanto o show do ano passado mencionou o recém-eleito presidente muitas vezes, ele deve se concentrar mais nos movimentos deste ano. Vamos esperar para ver!

8 –  A saga de Roger Deakins

O diretor de fotografia Roger Deakins pode finalmente levar para casa (ou não) a estatueta que espera há anos. A tensão para que esse momento chegue é grande porque essa a 14ª indicação ao prêmio nessa categoria. Esse ano a indicação se dá pelo seu trabalho nas belas imagens de “Blade Runner 2049”, mas ele carrega uma carreira extensa de títulos consagrados, dentre eles “Um Sonho de Liberdade”, “Fargo” e “Onde os Fracos Não Têm Vez”.

Em “Blade Runner 2049”, Deakins trouxe seu talento para o naturalismo para um mundo futurista, que se baseia no influente em estilo neo-noir. Mas curiosamente, ele não é favorito novamente: apesar de ter muitas chances de levar o Oscar, há grandes possibilidades de Dan Lausten vencer por A Forma da Água. Se serve de esperança, o sonoplasta Kevin O’Connell recebeu seu primeiro Oscar no ano passado em sua 21ª indicação! Será que agora Deakins finalmente vai conseguir? Teremos que esperar até mais tarde para descobrir!

Gael García Bernal7 – Performances musicais de Gael García Bernal, Mary J. Blige,  Sufjan Stevens e mais…

Todo ano alguns artistas são convidados para se apresentarem na premiação, entre os anúncios de prêmios, e nesse ano não será diferente. Esses momentos sempre são marcantes, como a memorável apresentação de Till It Happens To You, da Lady Gaga, em 2016. Em 2018, todas performances que irão acontecer são músicas indicadas ao prêmio de Melhor Canção Original.

A lista começa com Miguel, que cantará a música Remember Me, do filme Viva – A Vida é uma Festa!, junto com Gael García Bernal e Natalia LaFourcade. A indicada a Melhor Atriz Coadjuvante Mary J. Blige irá cantar Mighty River, do filme Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi, pelo qual foi indicada. Andra Day e Common irão apresentar a música Stand Up for Something, do filme Marshall. A cantora e atriz Keala Settle performará a música This Is Me, do musical O Rei do Show. Por fim, Sufjan Stevens irá apresentar Mistery of Love, da trilha sonora de Me Chame Pelo Seu Nome.

6 – Jordan Peele pode quebrar recordes e tabus

Dentre as maiores surpresas da edição de 2018, está a indicação de Jordan Peele ao prêmio de Melhor Diretor por “Corra!”. Ele se tornou o quinto negro a ser indicado a esta categoria. Mas ele pode conseguir, nessa noite, um feito ainda muito maior: ser o primeiro negro a ganhar nas categorias de Melhor Roteiro, Melhor Filme e Direção, já que ele foi responsável por todos estes cargos em “Corra!”.

A expectativa para que isso acontece é grande já que “Corra!”, foi para além do sucesso de bilheteira e de aclamação generalizada e ganhou um peso social na América onde cada vez mais a questão do racismo à comunidade negra dispara.

5 – A tensão para o anúncio de Melhor Filme do Ano!

Não tem como não ficar ansioso para o momento mais aguardado da noite: o prêmio de Melhor Filme do Ano. Mas o frio na briga nessa edição pode ficar ainda maior porque ao contrário dos anos passados, não existe um vencedor claro e muitas são as dúvidas para quem vai levar o maior prêmio. Enquanto “A Forma da Água” tem a maioria das nomeações, não há nenhuma indicação clara neste ano. O Oscar poderia ir para “Três Anúncios Para Um Crime”, que ganhou o melhor drama dos Globos de Ouro e os prémios do BAFTA. Mas algumas almas esperançosas estão prevendo uma virada para “Corra!”, mas e se os votantes tradicionais da Academia se voltarem para “Dunkirk”? Você não pode perder esse momento crucial em que muita coisa está em jogo!

Além disso, “Corra!” pode fazer história ao marcar a volta dos filmes de terror para a categoria de Melhor Filme, caso ganhe. O único vencedor dentro desse gênero na maior categoria da premiação é “O Silêncio dos Inocentes”, que faturou o troféu no ano de 1992.

4 – Uma noite com grande potencial para “A Forma da Água”

O filme de Guillermo del Toro que retrata o romance entre uma mulher muda e um monstro aquático bem-intencionado obteve 13 indicações ao Oscar, apenas uma indicação abaixo do recorde de “A Malvada”, “Titanic” e “La La Land”. Além de várias categorias técnicas, competirá pela melhor imagem, melhor diretor, melhor roteiro original e prêmios de Melhor Atuação para Sally Hawkins, Richard Jenkins e Octavia Spencer. Embora não tenha alcançado tanto sucesso de bilheteria como “Corra!” ou “Dunkirk”, o filme e seu diretor ganharam o grande elogio dos críticos.

3 – Os movimentos #MeToo e #TimesUp podem dominar a premiação

É quase inegável que o Oscar não seja permeado por discursos, declarações e citações sobre os movimentos mais marcantes de toda a temporada: o #MeToo e o #TimesUp. Caso você tenha vivido sob uma rocha nos últimos meses, esses são os movimentos que ganharam força após várias revelações sobre estrelas de Hollywood, produtores e diretores masculinos terem sido acusados de abusos sexuais, estupros e assédios.

Certamente ninguém deixará esses movimentos sem visibilidade, já que são os assuntos do momento. Como no Globo de Ouro e Bafta, os apresentadores de tapetes vermelhos vão querer reconhecer as campanhas contra o abuso de mulheres nas indústrias do entretenimento.

2 – Representatividade TRANS no Oscar

É indiscutível que o Oscar 2018 está permeado de discussões políticas e direitos de igualdade (e nós estamos muito orgulhosos disso), mas é muito mais gratificante saber que a premiação esse ano está muito mais voltadas para outros tipos de visibilidade e representatividade. O movimento trans entra nesse ano no Oscar carregado de possibilidades que jamais poderiam ser imaginadas em anos anteriores, e nós não podemos perder esses momentos por nada.

O primeiro deles é a indicação de Yance Ford – a primeira pessoa trans a ser indicada por dirigir um longa-metragem: o documentário Strong Island, sobre a violenta morte de seu irmão e os recentes abusos de poder cometidos pela polícia estadunidense contra a população negra. Caso ela ganhe fará história em uma premiação que já foi permeada por tantas injustiças e debates sobre representatividade. A primeira pessoa trans a ser indicada na história da Academia foi Angela Morley, compositora da trilha sonora de O Pequeno Príncipe, em 1975.

O segundo momento que não podemos perder é da atriz chilena Daniela Vega, protagonista de “Uma Mulher Fantástica”. Ela será a primeira transexual, na história do Oscar, a entregar um prêmio em uma das categorias. Vega conquistou o público e a crítica com a interpretação de uma mulher trans que sofre a perda do parceiro em “Uma Mulher Fantástica”, mais recente filme do cineasta chileno Sebastián Lelio.

1 – As Mulheres Podem Fazer História

As mulheres estão com tudo nessa edição da premiação e podem vir a fazer história em várias categorias. Meryl Streep, por exemplo, está na sua 21ª edição e se vencer neste ano, conquista sua quarta estatueta, igualando-se a Katherine Hepburn, única mulher a vencer quatro vezes nessa categoria. Mas não para por aí, neste ano, Greta Gerwig, por “Lady Bird: É Hora de Voar”, é a única mulher indicada na categoria de Melhor Direção e a quinta na história do prêmio.

Esse também foi o ano para reconhecimento de uma das diretoras mais renomadas da sétima arte: Agnès Varda. A belga, conhecida mundialmente pelo filme “Cléo de 5 à 7” (1962), recebeu uma indicação como produtora e diretora pelo documentário “Faces Places”, aonde ela e o fotógrafo JR passeiam pela França discutindo com as pessoas sobre o valor da arte. Esse longa figurou em várias listas das obras mais aclamadas de 2017. Caso vença, Varda também será a primeira pessoa a ganhar o prêmio honorário da Academia, o qual ela recebeu no fim do ano passado, e alguma premiação no mesmo ano.

Outra mulher que pode fazer história é a diretora de fotografia Rachel Morrison, que se tornou a primeira mulher indicada na categoria Melhor Fotografia pelo seu trabalho em “Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi”, filme distribuído pela Netflix. Ela é mais conhecida pelo seu trabalho nos longas “Fruitvale Station: A Última Parada” (2013) e “Cake: Uma Razão para Viver” (2014). Morrison também é a responsável pela fotografia de “Pantera Negra”, da Marvel.