De Clint Eastwood a Yorgos Lanthimos, Caio Pimenta traz a quarta parte de possíveis candidatos ao Oscar 2025.

Se Oscar 2023 teve Steven Spielberg e a edição deste ano contou com Martin Scorsese, a próxima temporada de premiações deve reunir lendas pesos-pesados do cinema mundial.

Podemos ter a despedida de um mestre, o retorno de um gigante da Nova Hollywood e ainda um recordista da história da Academia.  

SCOTT, BURTON E ZEMECKIS

Filmografia: Ridley Scott - Arte + Comércio

O Oscar do ano que vem pode redimir um trio de diretores que anda bem em baixa na Academia. 

Após os desempenhos decepcionantes de “Casa Gucci” e “Napoleão”, restou ao Ridley Scott jogar as fichas em “Gladiador 2”.

A continuação do único filme do diretor a vencer Melhor Filme será ambientado 25 anos depois da história original. Na nova história, o Paul Mescal vai interpretar o sobrinho de Commodus, vivido pelo Joaquin Phoenix, o qual possui grande admiração por Maximus, interpretado por Russell Crowe.

Denzel Washington também está no elenco. 

Os nostálgicos serão agraciados com a continuação de “Os Fantasmas se Divertem”. Michael Keaton e Winona Ryder ganharão a companhia da Jenna ‘Wandinha’ Ortega e do Willem Dafoe no elenco.

Quem sabe o Tim Burton não sai da má fase? 

E ainda tem o Robert Zemeckis: o diretor da trilogia “De Volta Para o Futuro” e ganhador do Oscar por “Forrest Gump” retorna com “Here”.

A história se passa em uma casa ao longo de séculos mostrando a vida das pessoas que ali viveram ao longo de gerações.

O Tom Hanks é o grande protagonista ao lado da Robin Wright e do Paul Bettany. 

Difícil apostar neste trio: são caras grandes da indústria, mas, que há muito tempo não lançam um filme que chame a atenção para além do marketing. Chegarão para a temporada como apostas muito improváveis. 

LANTHIMOS, BONG JOON-HO, PT ANDERSON

Se Burton, Zemeckis e Scott não inspiram muita confiança, o próximo trio está em situação de match constante com a Academia. 

O Yorgos Lanthimos não me deixa mentir: na ainda curta carreira, ele já teve quatro filmes indicados ao Oscar – “Dentes Caninos”, “O Lagosta”, “A Favorita” e “Pobres Criaturas”, sendo estes últimos nomeados na categoria máxima.

“Tipos de Gentileza” pode se juntar à turma em 2025. Novamente, o grego estará ao lado de Emma Stone e Willem Dafoe em uma obra com três histórias no formato de antologia.

O projeto da Searchlight Pictures corre à Palma de Ouro no Festival de Cannes. 

O Bong Joon-Ho demorou a aparecer no Oscar, mas, quando o fez, foi consagrado com quatro estatuetas por “Parasita”, igualando o recorde de vitórias em uma mesma edição de Walt Disney.

Para a nova temporada, ele apresenta “Mickey 17”, ficção científica em que o Robert Pattinson faz um sujeito clonado diversas vezes e descartado nas missões de colonização de planetas ao redor do universo.

Toni Collette e Mark Ruffalo estão no elenco. 

“BC Project” é o novo filme do Paul Thomas Anderson.

O Leonardo DiCaprio será o protagonista de um time que ainda conta com o Sean Penn, Alana Haim e Regina Hall.

Não se sabe ainda exatamente sobre o tema, mas, a Warner Bros, estúdio do projeto, diz que será o filme mais comercial da carreira do diretor de “Magnólia” e “Sangue Negro” e com um assunto contemporâneo. 

Vejo a Academia muito disposta a consagrar o Lanthimos e o Anderson: são dois cineastas admirados na indústria e com uma pegada autoral em falta no cinema americano altamente padronizado da atualidade. Se o diretor americano está a mais tempo na fila, o europeu se tornou figura frequente nos últimos anos. Por outro lado, “Pobres Criaturas” está bastante fresco e, talvez, o Oscar prefira dar vez a outro nome.

Já o Bong Joon-Ho se aparecer deve apenas para comparecer mesmo – a não ser, claro, que “Mickey 17” seja tão obra-prima quanto “Parasita”. 

COSTNER E REITMAN

Em 1991, o Kevin Costner não quis saber de Martin Scorsese ou da família Corleone para vencer Melhor Filme e Direção com “Dança com Lobos”.

Os fracassos de “Waterworld” e “O Mensageiro”, entretanto, esfriaram toda a empolgação de Hollywood com o astro na direção.

Mais de 30 anos depois, Costner retorna com um projeto mais do que ambicioso: “Horizon: An American Saga” é um épico sobre a expansão e colonização do Velho Oeste norte-americano ao longo de 15 anos que será dividido em quatro partes. As duas primeiras chegam aos cinemas neste ano.

É a proposta ousada, estilo kamikaze que, se der certo, a Academia abraça na hora. 

Jason Reitman

E o Jason Reitman? O diretor de “Juno” e “Amor Sem Escalas” viveu um grande período junto ao Oscar no fim dos anos 2000 e início dos 2010.

De lá para cá, porém, saiu totalmente do radar do Oscar. A aposta de um comeback em 2025 será com o filme sobre os bastidores do primeiro programa do Saturday Night Live, o humorístico mais longevo da televisão dos EUA.

Histórias sobre o showbusiness fazem sucesso no Oscar, então, é bom ficar de olho. 

COPPOLA E CLINT

Francis Ford Coppola

Para fechar este vídeo, hora de falar de duas lendas atemporais que podem fazer a despedida do Oscar no ano que vem. 

Maior nome da Nova Hollywood, Francis Ford Coppola já soma cinco estatuetas douradas, sendo a maioria, claro, pela saga “O Poderoso Chefão”. O mestre, entretanto, não concorre desde 1991. “Megalopólis” pode encerrar este hiato. A ficção científica mostra um arquiteto e o desejo de reconstruir Nova York após um desastre devastador. 

O ambicioso projeto de US$ 100 milhões será lançado em Cannes enquanto enfrenta problemas para ser distribuído nos EUA – nada que o Coppola não tenha enfrentado ao longo da carreira.

Dustin Hoffman, Jon Voight, Adam Driver, Aubrey Plaza estão no elenco. Será preciso esperar Cannes para saber o potencial de “Megalópolis” rumo ao Oscar, o que não impede dele se tornar um dos filmes mais aguardados de 2024. 

Clint Eastwood, em Gran Torino

E a lenda Clint Eastwood se despede dos cinemas neste ano. O ganhador de quatro Oscars dá adeus aos cinemas com “Jurado Número 2”. A história mostra os dilemas morais de um jurado de um julgamento de um complexo caso de homicídio. Ele pode salvar ou inocentar o assassino.  

O mistério será saber como a Academia vai lidar com o filme derradeiro de uma lenda: se for um filmaço, Clint será premiado pela última vez, igualando o número de estatuetas em Direção de William Wyler e Frank Capra?

Ou a indicação basta como reconhecimento, algo que já veio por “Os Imperdoáveis” e “Menina de Ouro”?

E se o filme for apenas bom: será possível ignorar tal qual ocorreu com “A Mula” e “Cry Macho”?  

Torço para que tudo dê certo e possamos ver um Oscar 2025 histórico com Coppola e Clint passando o bastão para PT Anderson, Lanthimos e Bong Joon-Ho. Seria simbólico demais.