Foi mais um baque para a arte amazonense: nem bem a classe se recuperava da perda de Selma Bustamante e, agora, Luiz Vitalli também sai de cena.

Internado devido a uma trombose em uma das pernas, o ator não resistiu a uma parada cardíaca e morreu no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, nesta quinta-feira (9). Nas redes sociais, o dia foi de lamentações e relatos emocionados de amigos e colegas de profissão do ator paulistano, radicado em Manaus, saudando a trajetória dele.

Nos últimos anos, Luiz Vitalli começou a emendar uma série de projetos no audiovisual. Apesar de nunca tê-lo entrevistado nem chegado a conversar com ele, nutria uma certa admiração pelas escolhas dele no cinema amazonense. Diretor da companhia Pombal Arte e Espaço Alternativo, o ator com uma carreira consagrada no teatro passou a fazer filmes dirigidos por jovens realizadores locais, entre eles, Davi Penafort (“A Caixa”), Lucas Simões (“Máscara Vermelha”) e Romulo Sousa (“Vila Conde“).

Todos garotos, muitos deles, com menos de 20 anos nas realizações de seus filmes. Luiz Vitalli poderia muito bem não fazer estes projetos, saindo com a máxima de Susana Vieira de não ter paciência para iniciantes. Porém, era justamente o contrário: o prazer parecia justamente surgir desta troca. Percebia-se tanto em cena quanto nas apresentações destes curtas/médias-metragens uma sinergia entre ele e toda a equipe formada por gente tão jovem quanto os diretores.

E o olhar de reverência para Vitalli mostrava o quanto a presença dele era uma forma de credibilidade e reconhecimento para aqueles jovens iniciantes no audiovisual. Não à toa os personagens do ator eram cercados de uma grandeza solene, realçadas pelo ótimo trabalho vocal. Era, muitas vezes, o ponto alto destas produções, incluindo, “Vila Conde”, responsável por dar a ele o merecido prêmio de Melhor Atuação no Festival Olhar do Norte 2019, duas semanas antes de morrer. Uma homenagem em vida justíssima.

Luiz Vitalli ainda será visto em mais um filme: “As Noivas de Itamaracá”, longa-metragem dirigido por Arnaldo Barreto (“Até que a Última Luz se Apague“). A despedida final a um importante e generoso artista.