A decisão da Secretaria de Estado de Cultura (SEC) em parceria com uma parte da classe do audiovisual local definiu o fim da vinda de celebridades e, consequentemente, do tapete vermelho no Amazonas Film Festival (AFF). Divulgada na última sexta-feira (23), a medida já vale para a 10ª edição do evento marcada para novembro deste ano. O fato preocupa demais pelo risco da falta de visibilidade que o festival terá no restante do Brasil. Além disso, a situação mostra que os debates sobre o cinema amazonense e do próprio festival continuam sem um foco verdadeiro e mais sério de ser tratado.
Claro que a vinda dos artistas famosos durante as edições anteriores do AFF teve momentos embaraçosos como, por exemplo, os constrangedores casos de Bai Ling e do ex-RBD, Alfonso Herrera Rodríguez. Por outro lado, nomes relevantes como Roman Polanski, Fernando Meirelles, Cao Hamburguer também estiveram em Manaus durante o festival. Essa presença das tais celebridades não deve ser o ponto alto do festival, porém, ajuda a manter o foco de uma parte da mídia para o evento como, por exemplo, acontece em Cannes. Sem esses nomes, o principal evento relacionado ao cinema no Amazonas corre o risco de perder espaço no cenário nacional em termos de visibilidade e se fechar em si próprio.
A melhor medida poderia ser um critério maior na seleção desses artistas. Por que não privilegiar nomes ligados ao cinema nacional como Selton Mello, Camila Pitanga, Kleber Mendonça Filho (diretor de “O Som Ao Redor”), Cacá Diegues, Pablo Villaça ou Rubens Ewald Filho? Outro ponto que poderia ser debatido até para conter os gastos públicos do festival seria acabar com aquelas festas absurdamente glamourosas.
Infelizmente, em vez disso, se optou pela tomada radical de posição. Além de tolo, esse bairrismo cada vez mais forte no Amazonas (vide a polêmica do jogo Nacional X Vasco) pode prejudicar o importante intercâmbio cultural e social, além de criar problemas de preconceito.
Dinheiro é solução?
Para agradar a classe artística amazonense, a SEC decidiu aumentar a quantia de dinheiro para os vencedores. Ao todo, serão distribuídos R$ 64 mil em premiação, em vez dos R$ 33 mil anteriores.
A pergunta que coloco aqui: falta de dinheiro é realmente o principal problema do cinema do Amazonas? Sinceramente, minha resposta é não.
O que nossos produtores audiovisuais mais precisam é ampliar o conhecimento técnico e as formas narrativas de fazer filmes. Isso não significa que não temos bons profissionais, afinal de contas, temos no mercado Keila Serruya, Rafael Ramos, Moacy Massulo, Ricardo Araújo R. D’Albuquerque, Zeudi Souza.
Porém, o melhor investimento seria na formação desses artistas com bons cursos fora de Manaus. Um curso pago com hospedagem e alimentação inclusa na Academia Internacional de Cinema em São Paulo, por exemplo, seria um grande prêmio e com boa possibilidade de render frutos futuros. Nessa linha de pensamento, a própria discussão sobre quais rumos o cinema no Amazonas deve seguir precisa entrar em pauta. Como coloquei no post sobre as discussões do edital da Manauscult, a própria classe parece perdida em qual rumo tomar. Considerar a ausência das celebridades no AFF uma vitória é pensar pequeno.
Festival necessita criar cultura para o cinema em Manaus
Ao longo dos últimos dez anos, o Amazonas Film Festival trouxe a Manaus “Inverno da Alma”, “Compliance”, “Lixo Extraordinário”, “Colegas”, “Era Uma Eu, Verônica”, “Xingu”, “O Assassino de Jesse James pelo Covarde Robert Ford”, “Eu Receberia as Piores Noticias de seus Lindos Lábios”, “A Separação”, entre outros. Muitos destes importantes filmes em primeira exibição no Brasil.
Agora, pegue a programação dos cinemas de Manaus. Você verá o novo filme de Adam Sandler, a aventura mais recente de Wolverine, a continuação de “Os Smurfs” lotando as salas. O mais voltado para as obras comerciais, acredite se quiser, é “Flores Raras”, longa dirigido por Bruno Barreto e protagonizado por Glória Pires.
Mesmo com um festival prestigiado nos últimos anos, Manaus continua sem ter público para um cinema pouco mais fora do circuito comercial. O contrassenso evidente trazido por esse fato mostra que o Amazonas Film Festival parece ser uma ‘bolha’ dentro da própria cidade onde acontece, sem envolver a população nesse clima da sétima arte. Explico: as atividades se concentram nos espaços culturais da SEC ou em centros de convivência da família ou terminais de ônibus, sendo estes últimos pouco atrativos para se ver um filme.
Acredito que levar o festival de cinema para mais cantos de Manaus em espaços fora da SEC seja uma boa alternativa. Que tal uma parceria com a Prefeitura que permita sessões no Parque dos Bilhares, CSU do Parque 10 ou quadras esportivas municipais? Ou então acertar com Cinemark, Cinepólis, Playarte, Cinemais e Severiano Ribeiro que concedam uma sala para o AFF, realizando a exibição de filmes amazonenses com a presença de diretores locais? E por que não realizar mais atividades cinematográficas como uma espécie de ‘esquenta’ para o grande evento?
Acima de tudo, Manaus precisa criar essa cultura para o cinema e o festival pode ser esse catalisador.
Mesmo que atrasado dez anos…
Parabens Caio. Vc colocou o dedo na ferida.
A decisão de tirar o tapete vermelho (e etc.), nao foi decidida na reuniao que Zeudi, Izis e eu estivemos presentes. A SEC já tinha decidido isso, eu mesma citei que o debate TEM QUE SER AMPLIADO, e que a base de decisões da SEC nao pode ser um movimento que ataca o Roberion via web. Quero é o debate aberto, quero ver todos no debate, quero escutar propostas, depois decidimos como devemos ou nao fazer. É assim que se constrói projetos culturais.
Os processos culturais são longos. Acreditar que é dinheiro jogado fora a presença de “artistas” do cinema e algumas celebridades no Festival, não tem sentido. Que o fim do tapete vermelho – um sinal de respeito aos realizadores e estrelas de cinema que acontece no mundo todo – é um pensamento muito pequeno! 10 anos são um passo para a consolidação de uma cultura que havia sido perdida. Tenho plena certeza que essa não é a vontade da SEC, nem da maioria dos realizadores que pensam o audiovisual como um produto de mercado. Pseudo realizadores tomam decisões equivocadas!
Falou Merda!!!!!
Uma atitude pequena e arbitraria por parte da “classe” do audiovisual. Tal atitude é desprezível. Um dos problemas é que certas pessoas se acham e se denominam representantes máximos do cinema amazonense usando da influencia de “coletivos” para representar todo um conjunto de profissionais. O que é estranho é que essa reunião não foi amplamente divulgada nos meios e canais de comunicação da “classe” audiovisual, e viu- se apenas as velhas figurinhas carimbadas do cenário local. É de se admirar tal decisão de excluir o tapete vermelho, a maioria são celebridades de segundo escalão isso é obvio, mas trás holofotes e a imprensa gira em torno do festival. Quanto a produção de filmes com qualidade duvidosa, isso é obvio e não vai ser tirando o tapete vermelho e aumentando o premio do festival que isso vai melhorar, só vai melhorar quando tiverem visão e uma boa ideia. Isso é o que falta para o cinema local. Não é só com dinheiro que se faz um bom filme e sim com uma ideia inteligente.
Agradeço a todos os comentários.
Keila, apesar de não ter essa informação, não duvido que a SEC tenha decidido em extinguir o tapete vermelho por uma espécie de resposta aos críticos.
Porém, infelizmente, há essa ala radical que defende ideias desse tipo entre os produtores audiovisuais.
Acima de tudo, defendo o debate. E que a classe participe de maneira séria sobre o assunto e não pouco interessada e participativa como temos visto. Você, Keila, é uma das exceções e merece todos os elogios.
Hahahaha, muito engraçado e picareta esse tal Caio… “o melhor investimento seria na formação desses artistas com bons cursos fora de Manaus. Um curso pago com hospedagem e alimentação inclusa na Academia Internacional de Cinema em São Paulo, por exemplo”!!!
Antes de pagar férias para esse pessoal em SP, tem que saber se há nível técnico em Manaus para profissionais locais, coisa que todos sabemos que NÃO HÁ. Quem duvida que vá ver a “maravilhosa” produção local.
Classe idiota e abaixo da mediocridade como sua infeliz produção local. Não querem o cara do RDB, mas querem o Selton Mello. Muito imbecil esse tal Caio mesmo…
Quando tem “convidaqdos” de fora não aceitam, mas aceitam que venham o Fernando Meireles
Marcos Antônio,
das duas possibilidades, uma: ou você não entendeu nada do que escrevi ou …. sei lá.
Vou escrever de novo para ver se me faço compreender: o curso em SP seria uma forma de melhorar a capacidade técnica de nossos produtores audiovisuais, os quais produzem já bons curtas-metragens.
Desconhecimento seu é não saber que temos ótimas produções locais como, por exemplo, “A Segunda Balada”, de Rafael Ramos, “A Última no Tambor”, de Ricardo Araújo R. D’Albuquerque, “Rota da Ilusão”, de Dheik Praia e toda a filmografia de Sérgio Andrade. Isso para ficar nos mais recentes.
Caso você, Marcos, seja apenas adepto do cinema de Hollywood, expanda seus horizontes.
E leia melhor a parte dos convidados para ver se você realmente sabe o que está comentando e entenda o meu ponto de vista antes de me chamar de picareta.
Agradecido.
Prezado Caio,
Gostei da sua opinião e lamento que o Festival tenha perdido o “glamour” do tapete vermelho. Infelizmente, alas radicais e de pensamento provinciano acabam prejudicando todo um trabalho que vem sendo feito há dez anos. Com certeza o debate tem que ser ampliado, todos devem ser ouvidos, mas certamente que sem o foco da mídia, nada seremos ou melhor seremos sim uma voz no deserto.
Caio se quiser falar comigo por favor fale por aqui não fique me enviando mensagens para meu e-mail pessoal,este espaco aqui e publico meu e-mail não…
Eu nao preciso responder sua pergunta as respostas acima respondem tudo, podia dormir sem tudo isso, voce nāo sabe quanto custa pra produzir nem festa de criança…
Espero que deixe passar esta mensagem.
Getúlio, realmente não deveria ter enviado email a você perguntando o motivo de seu xingamento contra mim no comentário acima. O espaço é aberto e não fazemos nenhum tipo de censura. Então, xingamentos são possíveis de surgir. Peço desculpas.
Como coloquei no email, um leitor simplesmente chegar e dizer “Falou Merda” e pronto é absurdo. Mas, não deveria ter mandado o email.
Enfim, sua resposta acima para minha pergunta mostra que você não está com vontade de discutir e debater o assunto, apenas xingar e reclamar, mesmo que sem foco.
A discussão sobre o cinema do Amazonas continua aberta. Espero com mais conteúdo que um “Fala Merda”.
Getulio Cordeiro?? Já tinha lido esse nome em algum lugar, onde foi mesmo? AH lembrei em movimentos com fins politiqueiros e pessoais.Infelizmente o cidadão não contribuiu em nada para o debate. Seria melhor se tivesse ficado quieto ou levantando o mastro de alguma bandeira politica porque parece que a unica coisa que o mesmo sabe fazer.
Ou seja mas um blogueirinho babaca. Porque hoje em dia parece que virou profissão, ser blogueiro, ativista politico e babaca, no caso nosso amigo, ocupa os trÊs cargos.
Getulio Cordeiro…quem diria hein…Esse chora mais que mulherzinha (desculpem a comparação babaca) procurem no FB quem é essa pessoa, pois sua ação e com quem andas mostra o caráter dele.
Na boa Cara (Gege), vai procurar o que fazer, se tem algo a dizer, diga e pronto! Não fica vomitando mazelas sem apresentar uma proposta convincente e…
Mas, o espaço não é para isso…e reafirmo que compartilho da posição do Caio…Vamos esperar pra ver como vai se comportar o evento e sugerir mudanças para o próximo ano.
Pior do que o comentário totalmente desprovido de conteúdo desse tal Getúlio é a opinião do leitor Marcos Antônio, cuja convicção sincera de que “não há” artistas de nível técnico aceitável fazendo cinema em Manaus, além de absurda pela ignorância, parece ser compartilhada por muita gente, que adora criticar o AFF e eventos culturais afins como desperdício de dinheiro público. Partir de assunções como “nada do que é feito no AM presta” e “dinheiro para cultura é mamata”, como infelizmente já ouvi de tantas pessoas, é reiterar o extremo desinteresse dos amazonenses para com a produção relevante do seu estado e até com a própria noção de cultura, a qual parece reduzida às novelas e filmes da TV a cabo e ao forró/sertanejo/funk do fim de semana. Mais do que a falta de amplitude de iniciativas do poder público, parece ser a apatia da população em geral a principal causa dessa baixa expectativa em relação a eventos culturais.
Afinal, qual a data do festival e quando serão abertas as inscrições?
Caro Dannon,
o festival será realizado em novembro deste ano. Os dias exatos ainda não foram divulgados pela Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas, assim como o início das inscrições.
De acordo com a SEC, reuniões em setembro vão definir toda a programação do festival.
Prezados,
Por favor, alguem pode informar o contato por telefone ou email para obter informaçoes para a inscriçao de 01 filme brasileiro de longa metragem.
Desejamos participar do 10o festival de cinema do Amazonas – 2013.
Wellington Soares
Cicero Filho
Email para contato: [email protected]