A história do cinema norte-americano dos últimos 40 anos se confunde muito com a carreira de Bruce Willis. Afinal, a estrela foi além do simples astro de filmes de ação repletos de explosões como se tentou rotulá-lo durante um bom tempo.

Não que ele não tenha feito diversos longas do gênero – até em excesso nos últimos anos, diga-se -, mas, a quantidade de grandes diretores que trabalharam com ele comprova um ator muito maior.

Quentin Tarantino, M. Night Shyamalan, Robert Zemeckis, John McTierman, Rian Johnson, Barry Levinson, Brian De Palma, Norman Jewison, Robert Benton, Terry Gilliam foram alguns dos grandes diretores com quem Bruce Willis trabalhou ao longo da carreira.

A trajetória do astro, entretanto, chegou ao fim nas telonas com o anúncio de uma aposentadoria precoce aos 67 anos após um diagnóstico de afasia, distúrbio de linguagem ocorrido por lesão cerebral que afeta a comunicação. Por isso, o Cine Set homenageia Bruce Willis recordando sete produções que definiram a carreira e o popularizam como uma lenda de Hollywood e do cinema mundial.

DURO DE MATAR (1988)

Antes de “Duro de Matar” estrear em 1988, Hollywood tinha apenas um herói em filmes de ação: o sujeito bombadão que apenas com a força dos punhos se mostra capaz de matar um exército inteiro. Sylvester Stallone com “Rambo”, Arnold Schwarzenegger em “Comando Para Matar” e o único mito da humanidade, Chuck Norris, personificavam bem isso.

Com John McClane, Bruce Willis aproximou esta persona do público ao mostrar como um sujeito comum podia ser o salvador da pátria, dando tiro, porrada e explodindo tudo por aí. O sucesso de John McTiernan moldou o cinema de ação dali em diante graças a um astro carismático.

A MORTE LHE CAI BEM (1991)

A comédia dirigida por Robert Zemeckis pode até não ser uma maravilha (passa longe disso, aliás), porém, aponta uma faceta de Bruce Willis não tão devidamente reconhecida: o senso cômico. Ao lado de Meryl Streep e Goldie Hawn, ele não se intimida e consegue fazer o público rir naturalmente com uma divertida caricatura.

O personagem reforçou este talento para a comédia visto em “Duro de Matar” e como dublador em “Olha Quem Está Falando”, sendo explorado ao longa da carreira em obras como “Meu Vizinho Mafioso”, “Duas Vidas” e “Vida Bandida”.

PULP FICTION (1994)

Bruce Willis era a grande estrela que Quentin Tarantino tinha em mãos para “Pulp Fiction”. Afinal, John Travolta estava em baixa, Uma Thurman andava à procura de um grande papel para mudar de patamar em Hollywood após o ótimo começo em “Ligações Perigosas” e Samuel L. Jackson não era um ator forte suficiente naquele momento para tirar o público de casa. Willis, entretanto, quebrara a cara quando tentou se arriscar para fora do cinema de ação – “A Fogueira das Vaidades”, fracasso de Brian De Palma, é o maior exemplo disso.

Sorte do astro estar na hora e no momento certo do longa que mudou o cinema americano nos anos 1990: mesmo em um personagem com menos tempo de tela do que os colegas, ele aproveita cada segundo em um desempenho que mudou o rumo da carreira dele. Afinal, sem “Pulp Fiction”, talvez, não tivesse surgido a chance de estrelar um fenômeno quatro anos depois…

ARMAGEDDON (1998)

Fracassos como “O Chacal” e “Código Para o Inferno” ou produções que não atingiram o sucesso esperado como “Nova York Sitiada” e “O Último Matador” demonstravam como os filmes de ação de Bruce Willis corriam o risco de saturação. Em 1998, o astro conseguiu se reinventar ao pisar na jaca e se entregar a ação sem cérebro de uma vez por todas com “Armageddon”.

Para acreditar que um grupo de perfuradores de petróleo do mundo seria capaz de salvar o planeta da ameaça de um asteroide, somente um maluco como Michael Bay na direção. O sucesso absoluto nas bilheterias não apenas consolidou Willis como o grande astro de ação do fim do século XX como o apresentou a um novo público.

O SEXTO SENTIDO (1999)

o sexto sentido bruce willis

Entre todos os atores do mundo para viver um psicólogo traumatizado indo orientar um garotinho que diz ver pessoas mortas, Bruce Willis, talvez, fosse a última opção. Não foi, entretanto, o que pensou M. Night Shyamalan que confiou o protagonismo de “O Sexto Sentido” no astro.

A química do ator com o excelente Haley Joel Osment vale cada segundo do filme que o levou a ganhar a admiração e respeito que ele sequer imaginava alcançar. A Academia, infelizmente, pisou na bola e não o indicou ao Oscar 2000 de Melhor Ator.

CORPO FECHADO (2000)

'Corpo Fechado' - 5 Motivos do Filme ser um Clássico

Quem pensava que não haveria como a dobradinha Bruce Willis e M. Night Shyamalan se superarem após o sucesso de “O Sexto Sentido” se enganou bonito. “Corpo Fechado” mantém (por que não melhora?) o nível neste estranho filmaço sobre histórias em quadrinhos.

Reencontrando o parceiro de “Pulp Fiction”, Samuel L. Jackson, o astro cria um dos mais compenetrados e intimistas heróis do cinema em uma produção que traz o melhor de Wills para as telas ao mesclar drama, humor, suspense e sequências de ação. 

SIN CITY – A CIDADE DO PEDAÇO (2005)

O tempo é implacável até mesmo com as estrelas imortais do cinema. Em “Sin City – A Cidade do Pedaço”, Bruce Willis surge mais envelhecido em cena pela primeira vez ao interpretar o amargurado policial Hartigan neste belo noir co-dirigido por Frank Miller e Robert Rodriguez.

Isso, entretanto, não o impede de menos mortal para seus algozes e de seu charme e talento permanecerem intactos guardados na nossa memória cinéfila para todo sempre.

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