Um colega recentemente declarou que “How to Have Sex” remete a “Spring Breakers”, de Harmony Korine. Embora eu possa imaginar as semelhanças às quais ele se refere, há uma diferença crucial entre os dois longas: a diretora Molly Manning Walker passa longe daquela palhaçada pretensiosa do “provocador” diretor norte-americano. 

Sim, “How to Have Sex” tem o hedonismo adolescente como ponto de partida: três amigas embarcam para o que parece ser a versão britânica de um spring break. Chegando ao destino, enchem a cara, dançam, rolam pelo chão e se envolvem em todo o tipo de atividade que deixaria um germofóbico em frangalhos. Também é importante mencionar que elas raramente parecem trocar seus biquínis molhados. Os odores da pousada na qual ficam hospedadas estão além da imaginação. 

Mas o que começa como uma fantasia hedonista logo descamba para um retrato cru e direto das dinâmicas de poder daquele grupo de amigas, bem como das complicadas negociações que envolvem o despertar sexual de uma das meninas, Tara. Aliás, retomando a comparação que abriu o texto, é interessante notar que Manning Walker concilia muito bem essa crueza mencionada à exploração sensorial que Korine tanto almeja, mas que parece confundir com “afetação”. 

Assim, a segunda metade de “How to Have Sex” é dedicada à revelação gradual do que realmente aconteceu na “grande noite” de Tara e suas consequências. Dizer exatamente o que constitui essa revelação seria considerado um spoiler, tecnicamente, mas qualquer pessoa dotada de vagina pode imaginar do que se trata.  

Moral da história: a adolescência é um negócio complicado pra todo mundo, mas é ainda mais solitário se você for uma menina.