É chegada a época dos filmes natalinos e qual não foi a surpresa, mesmo com os clichês do gênero todos ali, cumprindo seu papel, quando “Noite Infeliz” acabou e a sensação de divertimento, espanto e fascinação estava no ar? 

Dirigido pelo maluco Tommy Wirkola (de “The Trip” e “Zumbis na Neve”) e com roteiro nada surpreendente de Pat Casey e Josh “Worm” Miller (dupla de “Sonic – O Filme”) a produção de Natal acompanha a noite das entregas dos presentes, uma véspera do dia 25 de dezembro que fica caótica quando o Papai Noel (David Harbour) se vê preso em meio a um tiroteio numa mansão fortificada. 

A mansão pertence à família Lightstone, da matriarca Gertrude (Beverly D’Angelo, meio irreconhecível por conta do excesso de botox), que recebe seus filhos e netos para celebrar as festas. Mas o clima é arruinado pela invasão de Scrooge (John Leguizamo) e seu grupo de ladrões, que promovem um banho de sangue e fazem os Lightstone reféns. 

Mal-humorado, glutão, beberrão e sem paciência pra lidar com os “malvadinhos” ele xinga as renas e reza pra que a noite acabe logo. Sua única motivação é entregar presentes para os “bonzinhos” e voltar para os braços da Senhora Noel.  

Harbour está ótimo como o corpulento, assustador e ainda assim afável Papai Noel e suas interações com a pequena Leah Brady (a refém Trudy) só bem boas. A criança é claramente inspirada no Kevin de Macaulay Culkin, o protagonista da série “Esqueceram de Mim”, com direito a armadilhas para derrotar a gangue de ladrões. 

DIVERTIMENTO SANGUINOLENTO NATALINO 

Inspirado pelas lendas de São Nicolau, que em algumas tradições e traduções colocam o santo católico como um guerreiro da santa inquisição, aqui o Santa Claus ou Noel na verdade foi um sanguinário guerreiro nórdico chamado Nicomund, O Vermelho, que tinha como grande companhia o Martelo Quebra-Cabeças. A escolha é interessante, fazendo paralelo entre o filme de ação, o eixo medieval e a própria história de um certo Vlad de Tepes, o empalador Conde Drácula. 

A trama progride da maneira esperada sim, o papai Noel promove mais um banho de sangue e o nome de David Leitch na produção dá conta de que as cenas de luta bem coreografadas e mortes inventivas tiveram sua consultoria. Fato é que “Noite Infeliz” tem um ou outro diálogo fraco, momentos de “amor fraternal” meio constrangedores, mas o carisma de Harbour suplanta as deficiências e o filme é um baita divertimento sanguinolento, pronto para se tornar uma boa opção de filmes natalinos como o próprio “Esqueceram de Mim”, “Duro de Matar” ou “O Estranho Mundo de Jack”.