Após 15 anos, o Pelourinho está de volta às telas com a esperada continuação de “Ó Paí, Ó”, trazendo Lázaro Ramos como Roque e muitos personagens conhecidos, além de caras novas. Infelizmente, apesar de alguns bons momentos e as belíssimas imagens de Salvador, o longa não empolga, sendo confuso, sem graça e corrido.

Dirigido por Viviane Ferreira, que também foi uma das cinco pessoas a assinar o roteiro, “Ó Paí Ó 2” aborda diversos temas ao longo de 90 minutos, entre eles, preconceito racial, depressão e até Metaverso. No entanto, nada disso é bem explorado; a narrativa parece apressada e superficial, como se estivessem seguindo uma lista de tópicos que precisavam ser abordados ao longo da obra.

O excesso de temas acaba sendo um dos maiores problemas de “Ó Pai Ó 2”. Muitos tópicos diferentes são introduzidos, mas, no final, ninguém parece saber muito bem o que fazer com eles, resultando em um desfecho qualquer para não deixar pontas soltas. Um bom exemplo é que, logo no início, alguns personagens discutem sobre o Metaverso. Essa cena, por si só, já é bastante constrangedora, com cenários e personagens em 3D, além de um diálogo bobo e sem sentido. Este tema é praticamente ignorado ao longo do filme, ressurgindo apenas no final de maneira inexplicável para resolver um dos conflitos centrais da trama em mais uma sequência vergonhosa em 3D.

ELENCO SOZINHO NÃO FAZ MILAGRE

O excesso de personagens também se torna um problema, já que “Ó Pai Ó 2” não consegue gerenciar todos eles. Muitos núcleos são criados, cada um com sua pequena história, mas tudo soa sempre igual a ponto de alguns deles serem solenemente esquecidos ou colocados em segundo plano. Nada simboliza isso melhor do que Roque: interpretado por Lázaro Ramos, ele se vê praticamente reduzido ao tamanho de uma participação especial tal, algo bem diferente do que ocorrera no primeiro filme.

Mesmo assim, o elenco consegue fazer milagrem com o próprio Lázaro Ramos, Tânia Toko, Érico Brás e até mesmo uma breve participação de Dira Paes salvando o que possível graças ao carisma e talento. Isso deixa claro como o problema de “Ó Pai Ó 2” reside mesmo na direção e roteiro do que nos atores.

“Ó Paí, Ó 2” é um filme feito com as melhores intenções, buscando trazer uma continuação para um filme que é tão querido, tanto em sua abordagem de questões sociais quanto na valorização da cultura baiana. No entanto, nada parece funcionar; o roteiro é fraco, a direção é confusa e muitos assuntos diferentes são abordados, mas quase nenhum é aprofundado adequadamente. Por fim, tirando alguns poucos momentos, a continuação não consegue replicar a fórmula de sucesso do primeiro filme, falhando não apenas como uma continuação, mas como um filme em si.