A simplicidade é a palavra de ordem em ‘303’, novo filme do diretor alemão Hans Weingartner. Embalada em uma história de amor bem-humorada com o belo cenário europeu, a produção entrelaça discussões filosóficas com teorias sobre relacionamentos amorosos e a sociedade moderna. Presente na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Weingartner conversou com o Cine Set sobre o projeto.

 “Todos os filmes têm os mesmos plots, dramas e conflitos. É tão chato. Você assiste sabendo o que vai acontecer depois. E esse filme é mais real sobre a vida”, comentou Weingartner sobre “303”. “Você compra o ingresso, vai ao cinema e está em uma viagem. É a vida real. Não é Hollywood. É o grande drama da vida. É realidade.”, disse.

Guiada pela conversa entre a estudante de Biologia, Jule (Male Emde), e o graduando em Ciências Políticas, Jan (Anton Spieker), a história nos coloca teorias diversas que levam a questões internas do espectador. “Não é um passeio de montanha-russa. É mais como uma sessão de meditação. Uma sessão espiritual sobre a verdade”, explicou Hans.

Culto à Reflexão

“303” começa quando Jule descobre que está grávida e parte em uma viagem a Portugal em sua antiga van para contar a novidade ao namorado. Nos arredores de Berlim, ela dá carona a Jan, que está indo a Espanha conhecer seu pai biológico. Enquanto viajam, as conversas se tornam cada vez mais íntimas.

Para Hans Weingartner, a intenção do filme não era responder todas as questões sobre a sociedade ou o sistema, mas fazer um culto à reflexão e a conversa. “Meu sonho é as pessoas irem ao cinema e depois tomarem uma cerveja ou café para continuar a discussão do filme”, contou.

Como uma celebração sobre o ato de conversar, Hans explica que sente falta de momentos que haja mais discussões do que apenas consumo.  “Para mim, os melhores momentos da minha vida foram conversando a noite toda com amigos ou com uma garota. Falando sobre Deus, o mundo, o universo e sobre tudo. E isso é empolgante porque naquele momento sentíamos que poderíamos mudar tudo. Sinto falta disso hoje em dia. As pessoas apenas se conhecem rapidamente no Tinder, vão transar ou ver um filme e depois, transar. Ou então, eles veem Netflix juntos, mas não conversam um com o outro sobre o que viram”, lamenta o diretor.

“303” ainda não tem data para estrear nos cinemas brasileiros.