“Nem todos os heróis usam capa”.

Este poderia ser o subtítulo de “O Protetor 2”, estrelado por Denzel Washington. Continuação dirigida por Antoine Fuqua, o filme continua de onde parou o original: o homem comum que liga o botão superagente secreta e faz justiça com as próprias mãos está de volta e, desta vez, não trabalha mais em uma loja de departamentos, e sim como motorista de aplicativo.

Faz sentido a profissão como mecanismo para “pescar” casos. Ao lidar com todo tipo de pessoas, Robert McCall (Denzel) acaba topando com novas histórias para resolver. “O Protetor 2” poderia encaminhar para uma continuação repetitiva em que McCall encontra um caso grande em meio aos pequenos, mas a produção cria uma tentativa de elo pessoal do protagonista com a vingança em questão. Ao perder alguém importante, o passado bate à porta de Robert e ele se vê obrigado a fazer um acerto de contas.

Como um bom policial, a violência gráfica do filme continua no nível do anterior: bastante expositiva e com direito a closes mesmo com uma fotografia escura de Oliver Wood sabotando. Em certo momento, talvez até sem intenções, Fuqua faz referência a “Game of Thrones” no destino de um certo personagem (quem for fã entenderá).

O talento de Denzel Washington aliado a toda aura que carrega consigo nos projetos que faz consegue evitar que “O Protetor 2” seja ainda mais genérico. Aliás, seria muito mais interessante e ambicioso se o filme se tratasse de um estudo de personagem de um psicopata justiceiro. A forma calculista como Robert leva sua vida, tudo organizado, o tempo, daria estofo para algo maior, mas até nos discursos políticos Fuqua e o roteiro de Richard Wenk não parecem querer trazer nenhuma relevância que não seja o mais puro escapismo.

Desde o primeiro ato até o final, o diretor parece querer mergulhar o espectador em uma tempestade, sempre criando sons de trovão, prenunciando que o tempo está mudando. O ato final em uma cidade deserta prestes a ser atingida por um furacão funciona não apenas como uma metáfora de um cerco que se fecha, mas funciona perfeitamente como um faroeste moderno. O clima episódico continua dando margem para que mais filmes sejam feitos. Denzel parece à vontade no papel e o mercado de filmes com “coroas surrando geral” ganha mais um representante.

Meio que sem querer, “O Protetor” acabou criando uma espécie de franquia de super-herói, e isso ganha até uma piada no fim do filme.  É um cinema divertido, mas é aquele caso do bom e velho escapismo: não te culparia se passado uma semana, não lembrasse mais de nada.