Para quem acha que a comédia nacional atravessa uma grande fase, que filmes como Odeio o Dia dos Namorados, Copa de Elite, Giovanni Improtta e – o fundo do poço – O Concurso são realmente engraçados, e que caras como Roberto Santucci (diretor de Eu Odeio…) e Felipe Joffily (o deste aqui) são nomes interessantes e importantes da nossa filmografia, é melhor parar por aqui.

Já para aqueles que acham que a comédia vive uma das mais fases mais pobres e artisticamente irrelevantes de sua história, e tem em amarga conta o fato de serem elas os carros-chefes da bilheteria nacional, enquanto ótimos filmes do mesmo período são condenados a um vácuo de incompreensão e desprezo (vide Xingu, Paraísos Artificiais, Praia do Futuro e O Lobo Atrás da Porta, os dois últimos desse ano), fica o aviso: Os Caras de Pau é mais um ilustre representante desse rol indigno. E tem tudo para abrir com estrondo a temporada 2015 de chanchadas.

Diante do péssimo roteiro, das atuações primárias, da direção sem qualquer preocupação estética (para não forçar a palavra “artística”), do mote banal, do apelo às soluções mais rasteiras, dos estereótipos, enfim, dos mesmos velhos problemas que afligem as comédias desde que elas tornaram a despontar na última década, fica a sensação de que a propalada “explosão” da comédia nacional, com Marcelo Adnet, Tatá Werneck e o Porta dos Fundos, pode ter gerado um ou outro lampejo aqui e ali (na televisão e na internet, bem entendido), mas que, em cinema, ainda estamos lutando para sair dos anos 1970 – tão grosseiros e misóginos quanto, embora com menos sexo.

Na trama, os seguranças Jorginho (Leandro Hassum, a única coisa positiva do filme, mas ainda assim sujeita a discussão: se você não gosta do estilo histriônico do ator, mais contido em O Candidato Honesto, melhor evitar) e Pedrão (Marcius Melhem, que não repete, aqui, o humor ácido e inteligente que lhe garantiu um novo status na televisão, com o programa Tá no Ar: A TV na TV) se veem envolvidos na busca por uma joia roubada, o Tatu Tatuado de topázio (oh, boy…), herança da bela milionária Gracinha de Medeiros (Christine Fernandes), e que vem sendo cobiçado tanto por um grupo de ninjas (…) quanto por um clã de mafiosos portugueses, liderados por Manoel Capone (André Mattos, de Tropa de Elite 2) (…).

Eu poderia gastar mais tempo discutindo os defeitos óbvios da produção, os rumos negativos do gênero no Brasil, a preguiça em relação a roteiro, proposta, criatividade nas gags, atuações e que-tais, mas a polêmica se reduz a duas sentenças: se você gostou dos filmes lá do início (e muita gente gostou, a julgar pelos números robustos das comédias na bilheteria nacional), Os Caras de Pau vai pela mesma toada. Já se você, como eu, tem uma sensação próxima do rigor mortis com a ideia de mais uma comédia nacional ruim, sugiro repouso, leituras e qualquer outra atividade mais prazerosa.