Se 2016 foi um grande ano para o terror de forma geral (por sinal, um dos temas da nossa “segunda temporada” do nosso Especial Terror do ano passado), resgatando aquela atmosfera mais sinistra, autoral e de construção inquietante, 2017 vem mantendo o padrão com bons e ótimos exemplares até o momento.

No âmbito do terror psicológico, Fragmentado, Ao Cair da Noite, Corra!, mãe! e Jogo Perigoso se destacaram pelas excelentes construções narrativas e de mise-en-scène de seus realizadores. No terror de sustos convencionais e tradicionais Annabelle 2, A Autopsia, The Monster e A Cura cumpriram o objetivo de proporcionar bons medos dentro das suas tramas clichês. Aos fãs da temática zumbis, A Garota que Tinha Dons e Here Alone se tornaram eficientes válvulas de entretenimento dentro das suas realidades apocalípticas. Até o subgênero de tubarão apresentou um exemplar muito decente através 47 Metros Para Baixo.

É claro que nenhum chega perto, do arrasa-quarteirão do ano, que trouxe o mestre Stephen King ressuscitando do limbo do esquecimento cinematográfico e de volta aos holofotes de Hollywood com IT- A Coisa, sem dúvida, a grande surpresa do ano e uma das maiores bilheterias dentro do gênero. Ainda que o terror se encontra atualmente numa ressaca pós-Pennywise, essa reta final no ano ainda tem alguns cartuchos a serem queimados. Por isso, vamos elencar alguns filmes de terror que serão lançados até o final do ano, alguns com certeza passarão no cinema, outros no Netflix, enquanto os demais você poderá encontrar na locadora do Paulo Coelho mais próxima, como a nossa colaboradora Susy Freitas sempre fala.

1. A Morte Te dá Parabéns (Happy Deathday)

O primeiro filme desta lista, está batendo na sua porta: estreia nesta quinta e nada mais justo do que ser um slasher movie, subgênero ótimo para manter a tradição e a cara de uma sexta-feira 13, como é o caso aqui. A Morte Te Dá Parabéns, tem o selo da Blumhouse  Pictures que já ofereceu em 2017 ano os citados Fragmentado e Corra! O filme acompanha uma estudante universitária que no dia do seu aniversário é assassinada e passa a reviver o dia da sua morte incontáveis vezes, enquanto tenta descobrir a identidade do seu assassino.

Podemos dizer que este slasher é uma versão mórbida, da qual Feitiço do Tempo (1993) encontra os clássicos Halloween (1978) e Pânico (1996). A temática da pessoa presa no tempo e revivendo o seu próprio dia, não é nova no cinema, mas foi pouco explorada no cinema de terror, o que talvez seja um ponto a favor de ineditismo dentro da fórmula básica dos filmes de slasher. A direção é de Christopher Landon do esquecível spin-off Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal, que tem a seu favor de ser o único diretor na franquia a produzir um filme visualmente diferente, mesmo com o roteiro fraco em mãos. Se A Morte Te Dá Parabéns fazer um bom sucesso, não duvido que a Blumhouse invista no segmento de serial-killer e abra as portas para um possível Pânico 5.

Estreia no Brasil – 12 de outubro


2. Boneco de Neve (The Snowman)

Quando uma mulher desaparece, a única pista deixada é um cachecol rosa encontrado envolta de um estranho boneco de neve. O detetive Harry Hole (Michael Fassbender) começa as investigações e percebe que o crime pode ser obra de um serial killer…. ou não.

Com um elenco de peso (entre eles os ótimos Michael Fassbender, Charlotte Gainbourg, Toby Jones e J.K.Simons) e a direção do sueco Tomas Alfredson responsável pelo maravilhoso Deixe Ela Entrar (2008), Boneco de Neve é baseado no best-seller do autor norueguês Jo Nesbø e parece ser a cereja do bolo para o público que adora um thriller psicológico intenso de arrepiar a espinha – literalmente, afinal o cenário do filme é gélido – nos moldes de Silêncio dos Inocentes (1991) e Seven – Os Sete Pecados Capitais (1995). Se o cineasta sueco criar metade da atmosfera claustrofóbica e psicológica do seu clássico Deixe Ela Entrar, teremos outro grande thriller de suspense/horror do ano e até ajuda Fassbender a se redimir da atrocidade de Assassin´s Creed.

Estreia no Brasil – 7 de dezembro


3. Better Watch Out

Na lista de final do ano, não poderia faltar um terror natalino (ho!ho!ho!) e a pedida é Better Watch Out do estreante Chris Peckover que teve sua estreia nos EUA semana passada e vem colecionando bons elogios entre os fãs do gênero. Na  véspera de Natal, o casal Deandra (a sumida Virginia Madsen) e Robert Lerner (Patrick Warburton) chama a babá Ashley (Olivia DeJonge) para cuidar do filho de 12 anos deles, Luke (Levi Miller). Durante a noite, ela terá que defender o garoto e a si mesma de estranhos que estão tentando invadir a casa.

A referência aos filmes da década de 80 e 90, onde o sarcasmo e terror se encontram, faz que Better Watch Out funcione como um encontro inusitado entre Esqueceram de Mim (1990) e as histórias de lendas urbanas incorporada em Quando um Estranho Chama (2006). A atuação do prodígio Levi Miller vem sendo bastante elogiada. E quem gostou da dupla DeJonge e Ed Oxenbould em A Visita (2015) de M.Night Shyamalan tem a oportunidade de conferir ambos juntos de novo. Será que finalmente depois de anos, desde o “crássico” trash Natal Sangrento (1984), teremos um terror natalino digno de nota?

Estreia no Brasil – não definido


4. 1922

Se você ainda não cansou de Stephen King em 2017, a Netflix te oferece mais uma dose do autor, depois de Jogo Perigoso: 1922. Baseado em um conto do autor, o filme relata a história de um fazendeiro que confessa o assassinato de sua esposa e acha que um espírito vingativo o assombra. Estrelado por Thomas Jane (protagonista do excelente O Nevoeiro [2007], também baseado em King) e Molly Parker (da série House of Cards).

Pelo trailer, 1922 bebe em dois temas que são o filé do boi quando se fala na literatura de King: a junção da maldade humana e seus segredos mais obscuros, sendo explorada numa vertente psicológica misturada ao toque sobrenatural. Thomas Jane, irreconhecível, oferece uma atuação forte que vai do interiorano pacato ao psicopata assustador. A pergunta é: 1922 terá espaço para ganhar os holofotes do cinema de terror do escritor, depois dos sucessos de IT – A Coisa e Jogo Perigoso? Bom, os fãs com certeza não têm do que reclamar.

Estreia no Brasil – fim de outubro

5. O Sacrifício do Cervo Sagrado

A polêmica sempre esteve presente nos filmes de Yorgos Lanthimos, de Dentes Caninos e A Lagosta. Pelas críticas que O Sacrifício do Cervo Sagrado recebeu em Cannes e em outros festivais, certamente teremos outro trabalho indigesto, um filme que não é para o gosto de qualquer público. Steven (Colin Farrell) é um cardiologista conceituado. Casado com Anna (Nicole Kidman), ele há algum tempo mantém contato frequente com Martin (Barry Keoghan), um adolescente cujo pai morreu na mesa de operação, justamente quando era operado por Steven. O problema é quando o jovem não recebe mais a atenção de Steven, decide elaborar um plano de vingança contra o médico e sua família.

Nota-se o quanto o cineasta grego utiliza o terror psicológico para trabalhar de forma criativa temas sociais como a paranoia e a culpa dentro de olhar cômico e de ironia como acontecia principalmente em Dentes Caninos. O ótimo elenco é outro ponto de destaque. Dá para notar que os diálogos excêntricos e o tom surreal do absurdo colocam o novo filme de Yorgos para disputar com mãe! de Darren Aronofsky o prêmio de obra mais estranha do ano.

Estreia no Brasil – em janeiro

6. O Culto de Chuck (Cult of Chuck)

Dos eternos ícones de terror, Chuck foi escolhido desta lista, até porque os novos exemplares relacionados a Leatherface e Jigsaw, ganharão em breve (aguardem) seus próprios artigos dentro deste especial de Terror. O Boneco mais famoso do terror (Sorry, Annabelle), retorna sob as mãos do seu criador, Don Macini em O Culto de Chuck, mais uma vez resgatando o tom perverso do filme original. Na trama, seguimos a atormentada Nica (Fiori Dourif, reeditando o papel do filme anterior), que agora encontra-se internada em uma clínica psiquiátrica depois de ter sido acusada erroneamente de ter assassinado toda sua família.

O filme que já vazou na net, estreia no final deste mês, promete unir o tom macabro e perverso do original com o sarcasmo que se tornou habitual nas sequências mais recentes. O destaque deste sétimo filme é o retorno do personagem do filme original Andy (Alex Vincent volta interpretá-lo) e entender como o roteiro de Mancini vai amarrar as pontas soltas dentro do universo da série. Pelas primeiras críticas, O Culto de Chuck revela-se sangrento e divertido, o famoso feijão de arroz que os fãs querem.

Estreia no Brasil – 25 de Outubro (home-video)

7. As Boas Maneiras

Não poderia faltar uma indicação de um filme nacional para conferir no final do ano e nada melhor que o elogiado As Boas Maneiras da dupla Marco Dutra e Juliana Rojas responsáveis pelos assustadores Trabalhar Cansa (2011) e Quando Eu Era Vivo (2014). O novo trabalho vêm colecionando elogios e recentemente ganhou o prêmio no festival de Locarno.

De acordo com com as primeiras críticas (o filme passou esta semana no Festival do Rio), é importante você não ler nada sobre ele e não assistir o trailer (como sou legal, coloquei abaixo, caso você queira correr o risco). O filme é uma espécie de conto de fadas excêntrico que guarda muitas surpresas para os espectadores e vem sendo apontado como uma verdadeira joia ao mesclar insanidade, surrealismo e estranheza. Quem já viu os outros filmes da dupla, sabe o que esperar. Indica ser um belo exemplar nacional para se orgulhar dentro do cinema de terror.

Estreia no Brasil – sem previsão


8. Super Dark Times

Filme indie de estreia de Kevin Phillips, vem colecionando diversos elogios por vários festivais independentes. Um acidente horrível provoca uma mudança na relação entre os melhores amigos do ensino médio, levando-os a tomar uma posição violenta uns com os outros. O filme segue a linha do terror atmosférico visto recentemente em Corrente do Mal (2015) e A Bruxa (2016), sendo citado como o encontro de um filme de David Cronenberg com o seriado Stranger Things.

Pelas imagens, nota-se o quanto Phillips trafega pelo lado obscuro da psicopatia juvenil, utilizando um elenco jovem talentoso alinhado a uma estética retro sufocante que deixam a obra como um thriller psicológico assustador. Sem dúvida, o trabalho mais independente desta lista para se descobrir.

Estreia no Brasil – sem previsão

* Texto original alterado para substituir a equivocada expressão humor negro.