Zeudi Souza anunciou uma pausa no audiovisual em 2017 durante uma entrevista aqui no Cine Set. Para o bem do cinema amazonense, o recesso não durou muito tempo e, pouco mais de três anos depois, ele realiza dois novos projetos: o curta-metragem “O Buraco” e o desenvolvimento do roteiro do longa “Babete”. Ambos foram contemplados no Prêmio Conexões Culturais 2020 – Lei Aldir Blanc – Audiovisual.
Terror psicológico sobre violência doméstica com duração estimada de 15 minutos, “O Buraco” acompanha a história de uma criança (Airton Guedes) que, através do buraco na parede do seu quarto, observa o drama e as violências que sua mãe (Jocê Mendes) sofre nas mãos do pai (Victor Kaleb). Aline Guedes e Daura Caroline completam o elenco do curta dirigido e roteirizado pelo próprio Zeudi Souza.
“O curta-metragem é recheado de conceitos que envolvem questões morais e psicológicas sobre a ótica de uma criança de vivencia constantemente todo tipo de violência dentro do seio familiar, desde as brigas em casa, ao sentimento de solidão por estar sempre trancada dentro de um quarto como forma de estar protegido do homem. O conflito se desenvolve a partir dessas questões sobre a violência doméstica e de como todas as saídas vão se estreitando em um processo de angústias para a mulher e para a criança”, declarou Zeudi, revelando ainda que traz o longa espanhol “Pelos Meus Olhos”, de Icíar Bollain, como referência.
Gravado ao longo de mês de dezembro respeitando as normas sanitárias impostas pela pandemia da COVID-19, “O Buraco” conta com Claudilene Siqueira como diretora de produção, Flávia Abtibol foi a assistente de direção, Robert Coelho foi o diretor de fotografia, Heverson Batista ficou na direção de som, a direção de arte esteve sob a responsabilidade de Aline Guedes e a montagem com Castro Jr. O filme ainda não tem data para estrear.
‘BABETE’
Enquanto gravava “O Buraco”, Zeudi Souza também mirava no futuro para um salto ainda maior: o desenvolvimento do roteiro de ficção, o drama “Babete”. O trabalho deve ser o primeiro longa-metragem da carreira do diretor amazonense de filmes como “Perdido”, “Vivaldão – O Colosso do Norte” e “No Rio das Borboletas”.
A história contará o drama da personagem que dá nome ao filme. Babete é uma mulher trans de aproximadamente 60 anos que morava em uma kitinete com o marido na cidade de São Paulo até a morte dele. Sozinha, sem muito dinheiro e expulsa da casa alugada, Babete se vê obrigada a voltar para sua cidade natal: Manaus. Na capital amazonense, perambula pela cidade até que busca ajuda em um asilo, onde inicia uma nova vida, mas, com a identidade em segredo. Vivendo em meio a idosos, ela começa a despertar o encanto dos homens e a curiosidade das mulheres.
O projeto selecionado no edital tinha como objetivo escrita, desenvolvimento e tratamento final do roteiro com cerca de 120 páginas. “”Babete” analisa a visão de uma personagem mulher trans que atravessou décadas, chegou à senilidade e de como, mesmo lutando contra tudo e todos, ainda se vê diante de uma sociedade que desconhece a forma de viver do outro. O projeto não terá cunho moralista, mas, irá narrar a história de uma personagem que vivenciou gerações de absurdos e persiste em seguir adiante dentro de seu propósito de vida, que é ser quem é”, afirma o roteirista.
“Amor”, de Michael Haneke, “Transamerica”, de Duncan Tucker, “Divinas Divas”, de Leandra Leal, e “Rogéria, Senhor Astolfo Barroso Pinto, de Pedro Gui, são as referências de Zeudi para a elaboração do roteiro.
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