Logo no início de “Covil de Ladrões” fica estabelecido que Los Angeles é a capital dos assaltos a bancos. Com uma estatística exagerada no número de delitos, é espantoso que acompanhemos um grupo de policiais lidando apenas com um grupo de criminosos no decorrer do filme. Na história, os assaltantes tentam realizar o roubo em um banco teoricamente impenetrável, enquanto uma equipe do Departamento de Polícia local tenta impedi-los saindo em seu encalço.

Pode-se observar que o filme se agarra a muitas referências e porque não admitir logo, clichês do gênero. Se falha ao tentar imitar um assalto a um carro-forte como visto em “Fogo Contra Fogo”, apenas impressionando pelo som da troca de tiros, fica ainda pior quando envereda aos clichês de cena do crime – a briguinha da polícia local contra o FBI, por exemplo, não podia faltar.

O diretor Christian Gudegast vai na mesma batida na narrativa. Logo no início, ele trata de identificar os locais e os principais personagens colocando o nome daquelas figuras na tela. Pouco tempo depois, algum outro personagem faz o mesmo papel de identificá-lo. Mais expositivo ou irrelevante, impossível!

Com as caras e bocas habituais, Gerard Butler dá vida ao protagonista O’Brien, um sujeito com álcool e repleto de problemas familiares. Não causa nenhuma surpresa, pois essa é uma das muletas do gênero – o que, diga-se, não seria um problema, se fosse bem-feita. Ao ingressar no núcleo familiar dos personagens (seja o policial ou os assaltantes) para criar alguma profundidade, o diretor deixa de lado a situação sempre de maneira súbita e depois a retoma do nada, o que culmina em algo mal desenvolvido e com várias pontas soltas. Se não bastasse isso, “Covil de Ladrões” ainda peca ao tentar criar um constrangedor alívio cômico copiado do igualmente ruim “Bad Boys 2”.

Sobre a caracterização dos personagens, vale destacar que todos transpiram macheza e testosterona, vestem roupas escuras, tatuagens. Sempre, claro, com caras de mau. As mulheres? Símbolos de objeto e posse masculina. Aliás, é de se lamentar o tratamento dado às figuras femininas como se ser cafajeste fosse sinônimo de reafirmação masculina. Isso fica claro em uma cena, em que ao ter o divórcio anunciado, um dos personagens parabeniza o colega dizendo “bem-vindo ao clube”. Sem contar no momento vergonha alheia do encontro em que Butler, “flagra” a ex-esposa com um novo pretendente (fisicamente inferior e menos descolado) e deixa a entender que a “autoriza” a namorar.

O mais absurdo é que tudo se desenrola em mais de duas horas e o diretor ainda corre com o final. Poderia ter cortado boa parte das subtramas, principalmente, as constrangedoras e investido mais no momento do desenrolar do assalto. “Covil de Ladrões” tenta ter alguma ambição em alguns momentos e gera até certa tensão, com seus tiroteios e ação barulhenta, mas, no fim das contas, não chega nem perto dos melhores exemplares do gênero.