Em 2011, quando a produção da segunda temporada do sucesso “The Walking Dead” estava em andamento, uma notícia chocou os fãs: o produtor-executivo de programa, e um dos principais responsáveis pelo sucesso do primeiro ano, o cineasta Frank Darabont, foi demitido da série. Darabont entrou com processo contra o canal AMC, que produz e veicula o seriado, e nestes últimos dias o seu depoimento na ação judicial foi divulgado e comentado pelo site do The Hollywood Reporter.
Os atritos com a cúpula do AMC começaram logo no início da produção do segundo ano, quando o canal quis diminuir o orçamento da produção. Darabont afirmou: “Me lembro de uma reunião com Joel Stillerman [presidente de programação], quando afirmei que a série quebrou recordes de audiência em 120 países e ao mesmo tempo ele disse que o canal não recuaria na questão do orçamento. Queriam baixar de 3.4 milhões de dólares por episódio para 3 milhões, ao mesmo tempo em que manteriam o incentivo fiscal. Eles iam embolsar o crédito fiscal”.
Sobre os executivos do AMC, Darabont disse: “Eles raramente apareciam no set de filmagem na Géorgia. Quando iam, corriam para a tenda do ar condicionado e meia hora depois iam embora, enquanto o elenco e a equipe trabalhavam no calor e arrancavam carrapatos dos tornozelos”.
Ele ainda afirmou que houve “uma crise logo na filmagem do primeiro episódio”, que o forçou a sair da sala dos escritores e a filmar material adicional para completá-lo. Ele continuou: “Me acusaram de não ter tido reuniões com os diretores dos episódios. Isso não é verdade: me reuni com todos os diretores daquela temporada”. E ainda no depoimento, Darabont disse que os executivos do AMC “inventaram” uma razão para a sua saída. Seus advogados mantém a posição de que o roteirista/diretor trabalhou em todos os episódios da segunda temporada. Mesmo assim, o AMC reduziu seu pagamento por direitos e lucros, remunerando-o apenas por metade da temporada.
O companheiro de Darabont em “The Walking Dead”, o roteirista e produtor Glen Mazarra, confirmou as declarações do diretor de “Um Sonho de Liberdade” (1994). No seu depoimento, ao ser perguntado se o AMC tratou Darabont injustamente, Mazarra respondeu que sim. Mazarra assumiu o posto de showrunner principal de “The Walking Dead” após a saída do seu mentor e ficou na série até o fim do terceiro ano.
O processo de Frank Darabont contra o AMC prossegue. O sucesso da série apenas cresceu: após a saída de Darabont, “The Walking Dead” se tornou o drama mais assistido da história dos canais a cabo americanos. O seriado está hoje no seu sexto ano.
