É impressionante a forma como as coisas entram e marcam as nossas vidas.  O que mais surpreende é a dificuldade que temos em expressar os motivos que os levam a nos impactarem. É assim que certas perguntas se tornam difíceis de serem respondidas.

O Cine SET continua com a tarefa de revelar “o filme da minha vida”, aliás você já parou para pensar no seu e porquê ele é tão importante na sua trajetória? A escolha pode ser difícil, afinal de contas existem inúmeras experiências cinematográficas que nos afetam de formas diferentes e deixam rastros em nós. As vezes, eles nos acompanham por ser o primeiro filme que lembramos de ter visto ou porquê os personagens são tão semelhantes a nós que tornam o filme inesquecível. Entre estudantes, professores, produtores e uma galera que vive imersa no mundo da comunicação, “O Filme da Minha Vida” de hoje te leva a uma viagem cinematográfica de musicais a filmes de animação.


Arthur Charles – “Encontros e Desencontros”, de Sofia Coppola

Entre os vastos filmes que acompanham o jornalista e realizador audiovisual Arthur Charles, encontrar o filme que mais o impactou foi uma tarefa difícil. Inclinado a filmes que o levam ao abismo da reflexão e a buscar entender as relações sociais e existenciais “Encontros e Desencontros” (2003) tornou-se o filme da sua vida. “É um filme relativamente simples, mas que acalenta a alma. Não é exagerado, cheio de efeitos e com narrativa complexa. É um filme sobre um homem e uma mulher na sociedade. Em um mundo vasto de pessoas desconhecidas e em que os encontros e desencontros diários podem significar muitas coisas. Quando eu assisti o filme pela primeira vez eu fiquei horas pensando na condição do ser humano de necessitar da presença do outro, mas precisar deixar ir no final do dia. Um ensaio sobre a arte de se relacionar com as pessoas e aprender a dizer adeus.” Contou.

Para Charles, o filme lhe ensinou sobre a solidão que encaramos, mesmo nas grandes cidades. “É um filme pra refletir e marcou muito sobre quem eu sou hoje e o como posso me relacionar com as pessoas. Aprendi a dizer olá e adeus. Mas sei o valor de uma companhia!” declarou.


Carlos Dias – “A Noviça Rebelde”, de Robert Wise

Todos que passaram pelos bancos da faculdade de Jornalismo da UFAM desde a década de 90 conhecem a paciência e as histórias que envolvem o professor de fotografia Carlos Dias. Com uma história de vida repleta de aventuras, o filme que mais marcou a sua trajetória foi “A Noviça Rebelde” (1965). “Eu morava em Belém, tinha 18 anos e tinha acabado de entrar pra o NPOR – serviço militar – e assistindo aquela produção, que para mim é uma das melhores já feitas até hoje, me senti um personagem do filme”, contou.

O professor e fotojornalista, conta que antes desse filme, havia ficado impressionado com “A Vida e Paixão de Cristo” (1092), mas nada se comparou aos assombros que o musical com Julie Andrews e Christopher Plummer deixaram em sua vida. “Lembro como se ainda o visse a primeira vez hoje e o quanto o clima de guerra que ele projeta me afetaram”, revelou.


Gleilson Medins – “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”, de Tim Burton

Amante das narrativas que abordam o campo simbólico da existência humana, o jornalista, documentarista e produtor audiovisual Gleilson Medins conta que o filme da sua vida é “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça” (1999). “Gosto do gênero suspense e terror e este filme representa bem dosadamente os dois estilos. A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça faz parte de imaginário de lendas britânicas e foi muito bem apresentado na telona”, declarou.

Medins enxerga no filme de Burton a capacidade de esconder a trama principal e desenrolar com maestria os pontos que se ligam para formá-la, nutrindo as expectativas do público. “Para mim, esse é o papel principal do cinema (dentre os outros), fazer você viajar na imaginação, num vir a ser, na abstração das tensões humanas”, afirmou.


Helder Mourão – “Segunda-Feira ao Sol”, de Fernando Leon de Aranoa

Para o jornalista e professor Helder Mourão, o filme que marca a sua vida traz um personagem que encara a atual crise de forma semelhante ao professor, “Segunda-Feira ao Sol” (2002). “Trata-se de um filme espanhol sobre pessoas comuns, que sofrem dos problemas da sociedade, da crise e tudo mais. Porém, Sanca, o personagem principal não abaixa a cabeça e mantém seus ideais. Ele sabe que as coisas não estão certas, não as aceita e luta contra elas como um operário comum, alguém que busca sobreviver dia após dia”, contou.


Mário Keniichi – “A Corrente do Bem”, de Mimi Leder

Na época de maior sucesso cinematográfico, Haley Joel Osment estrelou o filme “A Corrente do Bem” (2000) que se tornou o filme mais marcante para o professor de matemática Mário Keniichi. “Osment já tinha me emocionado em A.I – Inteligência Artificial, mas A Corrente do Bem me fez chorar. Eu assisti quando ainda era criança e as ideias do filme me marcaram”, revelou.

Para o professor, o destino no personagem principal foi uma das coisas que tornaram o filme especial para ele, principalmente perceber que as coisas foram desencadeadas por uma iniciativa simples de uma criança. “Percebi nesse filme que você pode ser uma pessoa boa e mesmo assim coisas ruins te acontecem. Você pode morrer, mas deixar uma marca boa nas pessoas, o seu legado sobrevive”, contou.


Mayara Varalho – “Estrelas Além do Tempo”, de Theodore Melfi

Entre os vários filmes que permeiam o repertório da estudante de Cinema e Audiovisual Mayara Varalho, o filme da sua vida esteve no cinema comercial de narrativa clássica, “Estrelas Além do Tempo” (2017). “Ele consegue segurar a temática racial que era tão tensa nos anos 60. As três personagens que são mulheres negras, testadas a cada plot dramático, evidenciam um pouco do peso da segregação racial e social da época, mesmo sendo disfarçada com alguns recursos, como a música que acompanha o trajeto da personagem Katherine Johnson ao ir ao banheiro em uma desumana corrida de 40 minutos para poder usa-lo”, contou.

Admiradora de mulheres fortes como Djamila Ribeiro e Keila Serruya, para Mayara a força e os resultados dos esforços destas mulheres que são postas no filme servem de inspiração a ela e inúmeras meninas que podem ver-se representadas no cinema. “Por mais piegas que seja, ver essas mulheres, me dá uma ajudinha para respirar fundo e continuar na luta para a conquista de espaços para pessoas como nós”, relatou.


Sara Pavani – “A invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese

Campeã nacional de Melhor Documentário no Intercom 2017 e responsável pela Geração Futura 2017: Websérie, a jornalista e realizadora audiovisual Sara Pavani conta que seu amor pelo audiovisual foi estimulado por “A Invenção de Hugo Cabret” (2011). “Eu estava no meu quarto período de faculdade, quando o assisti na televisão. Naquele momento da vida, da faculdade, que você se pergunta o que vai fazer pós-faculdade, qual seu destino, futuro”, contou.

Sara e o filme de Scorsese se encontraram no momento em que ela cursava produção audiovisual. A história do garoto que vive dentro da estação de trem em paralelo a trajetória de Méliès fez com que a jornalista se identificasse com Hugo. Para ela o diálogo estabelecido o relógio sobre máquinas, o mundo e sentido da existência, a marcou profundamente. “Eu tatuei isso pra vida, ali eu vi que tenho um sentindo no mundo, um propósito e entendi o que eu queria ser e a partir de então tenho me dedicado a isso, ao audiovisual”, contou.


Weslley Fonseca – “O Rei Leão”, de Rob Minkoff e Roger Allers

Publicitário, Estudante de Rádio, TV e Internet e membro do grupo de louvor 7MUS, Weslley Fonseca guarda um carinho especial pelo primeiro filme que ganhou, o musical da Disney “Rei Leão” (1994). “Me lembro até hoje de quando ganhei O Rei Leão. O que falar desse clássico? Já começa pelo marcante VHS verde. De brilhar os olhos só de lembrar. O filme tem o melhor vilão (Scar) e os melhores personagens coadjuvantes (Timão e Pumba)”, revelou.

Weslley conta que assistiu tanto ao filme que chegou a decorar as falas. “E durante minha vida, tirei nota 10 em matéria de decorar as músicas e algumas falas do filme. Isso mostra qual a intensidade que eu assistia a esse filme”, disse.

E você, já pensou qual é o filme da sua vida? Deixa aqui nos comentários.