De Sam Mendes, de “Beleza Americana”, a Danny Boyle, por “Quem Quer Ser um Milionário?”, Caio Pimenta analisa o TOP 10 dos vencedores do Oscar de Melhor Direção.
10. RON HOWARD, por “UMA MENTE BRILHANTE”
Em um daqueles prêmios absurdos da história do Oscar, o Ron Howard venceu o Oscar em 2002 pelo trabalho em “Uma Mente Brilhante”.
Diretor de bons filmes como “Splash”, “Apollo 13” e “O Preço de um Resgate”, o Ron Howard faz aquilo que caracteriza a carreira dele: condução correta sem tanta criatividade pautada na grande atuação de suas estrelas. É tudo tão certinho que irrita.
E pensar que Peter Jackson, por “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel”, David Linch, de “Cidade dos Sonhos”, e Robert Altman, de “Assassinato em Gosford Park” estavam indicados. Para piorar, o Baz Luhrman que modernizou os musicais com “Moulin Rouge” nem nomeado foi. Duro te defender, Academia.
9. SAM MENDES, de “BELEZA AMERICANA”
Em 2000, o Sam Mendes se juntou a nomes como Robert Redford e Kevin Costner ao ganhar o Oscar de Melhor Direção logo no primeiro filme da carreira com “Beleza Americana”.
Para um filme de estreia, impressiona a segurança que o Sam Mendes imprime, soando como um veterano. Desde a ácida crítica ao modo de vida americano até distribuir muito bem todos os ótimos personagens, a habilidade de Mendes logo no primeiro filme já mostrava o grande cineasta que se tornou ao longo dos anos.
A concorrência era pesada com Michael Mann no ótimo “O Informante” e o M. Night Shyamalan despontando com “O Sexto Sentido”. Porém, o Oscar para o Sam Mendes foi bastante justo.
8. DANNY BOYLE, de “QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?”
A Academia jamais teria coragem e ousadia de premiar o Danny Boyle por “Trainspotting”. Então, a estatueta veio com “Quem quer ser um Milionário?“.
Em um trabalho mais convencional de uma linda história de amor, o Danny Boyle coloca toda sua força na parte técnica com a combinação de uma montagem ágil, planos criativos e uma energia que transborda da tela. É justamente que torna “Quem quer ser um Milionário?” uma produção um pouco menos esquecível.
O Danny Boyle também teve a sorte do ano não estar tão forte assim, tanto que o principal rival era o David Fincher, por “O Curioso Caso de Benjamin Button”, um dos mais fracos filmes da carreira dele.
7. MARTIN SCORSESE, de “OS INFILTRADOS”
O cara faz “Taxi Driver”, “Touro Indomável”, “A Última Tentação de Cristo”, “Os Bons Companheiros” e ganhar por “Os Infiltrados”? Poise, esse foi é o caso do Martin Scorsese no Oscar de 2007.
Remake do sul-coreano “Conflitos Internos”, “Os Infiltrados” traz o Scorsese dentro do ambiente seguro dos filmes de máfia adicionando aqui a figura do policial. Tudo com muita violência, rock, velhos e novos parceiros, palavrões e visões das bases da sociedade americana.
Perto dos filmes mais recentes, dos anos 2000 para cá, “Os Infiltrados”, para mim, é mais fraco do que “O Aviador”, “O Lobo de Wall Street”, “Silêncio” e “O Irlandês”. Mesmo assim, acho que foi um Oscar merecido pela história de um dos maiores diretores do cinema americano que, até então, não tinha vencido o prêmio.
6. STEVEN SODERBERGH, de “TRAFFIC”
Tinha tudo para dar errado: Ridley Scott com o favorito “Gladiador” e ele com duas indicações por filmes diferentes, o que poderia dividir votos. Mas, o Steven Soderbergh não quis saber disso e venceu por “Traffic”.
O maior mérito do Soderbergh é a capacidade de coesão de unir tantas tramas complexas em uma história muito bem organizada sobre um tema tão denso como o tráfico de drogas nos EUA. Mesmo com ótimos filmes na carreira como “Sexo, Mentiras e Videotape”, “Onze Homens e um Segredo” e “Contágio”, “Traffic” é a mais completa obra do Soderbegh.
5. CLINT EASTWOOD, de “MENINA DE OURO”
Clint Eastwood venceu o primeiro Oscar em 1993 com ““Os Imperdoáveis”. E o segundo veio 13 anos depois com “Menina de Ouro”.
O estilo clássico do Clint casa bem com uma história de superação tradicional e cresce de forma assombrosa na reta final. A elegância e objetividade mostram como, muitas vezes, a simplicidade vale muito mais do que planos mirabolantes.
Vale lembrar que o Clint superou o então favorito Martin Scorsese, por “O Aviador”, adiando a primeira conquista do diretor em dois anos.
4. JOEL E ETHAN COEN, de “ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ”
Os geniais Joel e Ethan Coen conquistaram o primeiro Oscar da carreira de Melhor Direção por “Onde os Fracos Não Têm Vez”, em 2008.
Além da competência habitual no western, os irmãos Coen fazem um verdadeiro estudo sobre a violência humana, muitas vezes, sem a menor justificativa para acontecer. Trata-se de um filme tenso, nervoso, trágico e, ao mesmo tempo, irônico no melhor estilo da dupla.
Valoriza ainda mais esta conquista ter tido como concorrentes Paul Thomas Anderson, de “Sangue Negro”, e Julian Schnabel, por “O Escafandro e a Borboleta”.
3. ANG LEE, de “O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN”
O primeiro dos dois Oscars da carreira de Ang Lee veio em 2006 com “O Segredo de Brokeback Mountain”.
A desconstrução da imagem de macho alfa do cowboy americano somente poderia vir sob o comando de um diretor capaz de quebrar barreiras com sensibilidade e inteligência. Ang Lee passa longe de discursos inflamados para focar nos personagens com seus dramas e angústias diante de um universo tóxico e perigoso.
É um trabalho tão brilhante que faz o Steven Spielberg, de “Munique”, e George Clooney, de “Boa Noite, Boa Sorte”, ficarem pequenos perto dele.
2. ROMAN POLANSKI, de “O PIANISTA”
Igual falei do Kevin Spacey, o Roman Polanski é um cretino, babaca, criminoso até. Porém, como diretor, é espetacular e o Oscar dele por “O Pianista” merecidíssimo.
Em “O Pianista”, o Roman Polanski não chega a trazer nada inédito em relação ao Holocausto nos cinemas, porém, a forma como impregna uma triste naturalidade do horror cometido contra os judeus durante aquele período é assustadora.
Para mim, “O Pianista” é o grande filme da carreira do Polanski acima de filmaços como “O Bebê de Rosemary” e “Chinatown”. E olha que ele concorreu com gigantes como Scorsese, por “Gangues de Nova York”, e o Almodóvar pela obra-prima “Fale com Ela”. Que ano foi 2003.
1. PETER JACKSON, de “O SENHOR DOS ANÉIS: O RETORNO DO REI”
O primeiro lugar deste TOP 10 fica com o Peter Jackson por “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”.
A vitória do Peter Jackson foi o reconhecimento da coragem e de um trabalho genial. Afinal de contas, o neozelandês colocou a carreira em risco ao adaptar um dos livros de fantasia mais amados e difíceis. Com muita segurança, ele fez uma das trilogias mais admiradas da história do cinema tanto pelo público quanto pela crítica.
Como vocês sabem, eu sou apaixonado por “O Retorno do Rei” e o Peter Jackson consegue no filme conciliar muito bem o tom mais fantástico de “A Sociedade do Anel“ com uma pegada mais pé no chão de “As Duas Torres”. Pena que ele passou longe de repetir o feito em “O Hobbit”.