Na história do cinema, filmes que exploram o processo de criação cinematográfica sempre tiveram destaque, seja como uma abordagem metalinguística, uma homenagem à indústria do cinema ou simplesmente como pano de fundo para outras narrativas.

Em filmes como o recente “O Dublê”, estrelado por Ryan Gosling, vemos o processo de produção como parte central da trama, destacando o esforço e os desafios enfrentados nos bastidores do cinema. O uso do mundo cinematográfico como contexto para a história permite explorar as complexidades emocionais, as relações pessoais e as lutas profissionais dos diversos profissionais envolvidos, como diretores, roteiristas, produtores, atores, dublês, entre outros.

O Desprezo (Le Mépris, 1963) 

Jean-Luc Godard fez diversos filmes sobre o universo cinematográfico e as pessoas que nele trabalham, sendo “O Desprezo” um ótimo exemplo. O filme segue Paul Javal (interpretado por Michel Piccoli), um roteirista contratado para reescrever o roteiro de uma adaptação da “Odisseia”, dirigida pelo cineasta Fritz Lang (que interpreta a si mesmo). À medida que Paul lida com as exigências do produtor e com as pressões da indústria cinematográfica, seu casamento com Camille (Brigitte Bardot) começa a se deteriorar, e sua vida se confunde com a narrativa do poema de Homero.

8 ½ (1963)

fellini 8 1/2 filmes sobre cinema

Filme clássico dirigido por Federico Fellini, é um filme metalinguístico que segue o renomado diretor Guido Anselmi (interpretado por Marcello Mastroianni) enquanto enfrenta um bloqueio criativo e uma crise existencial ao tentar produzir seu próximo filme. Lidando com pressões de produtores, sua esposa, sua amante e a busca por inspiração, a narrativa mescla realidade e fantasia, refletindo o tumulto interno de Guido.

Tale of cinema (2005)

Muitos dos filmes do diretor sul-coreano Hong Sang-soo exploram personagens como diretores, professores e atores de cinema que se encontram em situações embaraçosas, muitas vezes recorrentes.  A Tale of Cinema é um filme dividido em duas partes: na primeira, dois jovens se conhecem e decidem tentar um suicídio, mas a tentativa falha. Na segunda parte, descobrimos que a primeira parte era, na verdade, um curta-metragem dirigido por um cineasta já falecido. Kim Dong-soo (interpretado por Kim Sang-kyung ), um cineasta que era colega do falecido diretor, fica fascinado pelo filme. Ao encontrar a jovem atriz da vida real, ele começa a se aproximar dela, imitando gestos e revisitando locais do curta, na esperança de trazer à realidade a sua visão idealizada da personagem. 

“Era uma vez em Hollywood” (2019)

Quentin Tarantino já explorou o cinema como pano de fundo para suas histórias, como em “Death Proof” (2007), um slasher com um protagonista dublê. Mas é em “Era uma vez em Hollywood” (2019) que ele realmente mergulha no mundo do cinema, ambientando a trama na Los Angeles dos anos 1960, uma era de transição para Hollywood. O filme segue Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), um ator de televisão cuja carreira está em declínio, e seu fiel amigo e dublê, Cliff Booth (Brad Pitt). Enquanto Rick luta para se manter relevante em um cenário cinematográfico em transformação, Cliff lida com as tensões de seu trabalho como dublê. Tudo isso enquanto os infames assassinatos cometidos pela família Manson acontecem.

Onde jaz o teu sorriso (2001)

Um documentário bem diferente dos outros filmes da lista em que diretor Pedro Costa acompanha o processo do casal de diretores Jean-Marie Straub e Danièle Huillet durante a reedição de seu filme “Sicilia!” (1999). O filme oferece uma visão detalhada das inúmeras escolhas e processos envolvidos nesse trabalho técnico e exigente de edição. Não é necessário conhecer os diretores ou ter visto o filme para ficar impressionado com a complexidade e a dedicação que envolvem o processo de montagem.