Quando se fala em moda e sétima arte, muitas imagens vêm à cabeça – e não falo apenas dos vestidos caríssimos desfilados nos tapetes vermelhos das premiações mundo afora. Me refiro às tendências que as divas do cinema desfilaram e desfilam na telona. Pode parecer besteira, mas tente imaginar a Bonnie de Faye Dunaway em “Bonnie e Clyde” sem a boina na cabeça, ou Annie Hall (Diane Keaton em ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’) com outro traje que não os seus inspirados no guarda-roupa masculino. São muitos os visuais icônicos que a sétima arte já nos entregou em mais de cem anos de história.

Mais que uma estampa, o ‘look’ nos entrega tudo o que precisamos saber sobre a personagem logo de cara – pense na imagem controladora da Claire, de “Jurassic World” ou no estilo visceral (porém sem firulas) da Furiosa, de “Mad Max” (apenas para citar dois exemplos recentes).

Bem, chega de lenga-lenga. Em vez de fazer uma lista com o que a gente acha legal ou não, o Cine Set procurou quem entende do assunto. Seis blogueiras de Manaus escolheram as personagens mais estilosas da história do cinema e ainda disseram o que aprenderam com elas:

Camila Martins, do blog Glammood

Camila Martins, do blog Glammood

Andie Walsh, de “A Garota de Rosa-Shocking” (1986) / Penny Lane, de “Quase Famosos” (2000)

Andie Walsh, de “A Garota de Rosa-Shocking” (1986) / Penny Lane, de “Quase Famosos” (2000)

Sou quase suspeita para falar de filmes dos anos 80 — sou fã de carteirinha do cinema da época, principalmente do figurino irreverente, e assim sendo, Molly Ringwald não poderia deixar de ser minha musa oitentista. De seus longas, “A Garota de Rosa-Shocking” tem um lugar todo especial em meu coração fashionista. Na trama, não são só os looks de Andie Walsh que merecem destaque, no entanto, as roupas usadas por ela poderiam facilmente compor produções estilosas hoje em dia. Pegaria emprestado várias peças! Tem bastante terceira peça, com casacos interessantes e coletes charmosos, típicos da época, combinados a rendas, calças floridas e óculos divertidos. Os tons pastel desfilados por ela, em sua maioria rosa e pêssego, combinavam super bem com sua pele e aquele cabelinho ruivo lindo! Deu até vontade de assistir de novo.

Impossível não pensar em “Quase Famosos” e não lembrar de Penny Lane, interpretada por Kate Hudson. Um filme do ano 2000, que se passava na década de 70, mas que não poderia ter um figurino mais atual, com a moda hippie chique super em alta, resgatada principalmente pelos vários festivais de música que temos hoje em dia. No longa, Penny compõe looks impecáveis, com top cropped, camisetinhas, saias de camurça e a famosa calça boca de sino, que inclusive voltou para as paradas de sucesso e pelo que parece, não pretende mais nos abandonar. Quem tem passagem marcada para o Rock’n’Rio ou outro evento do gênero, não pode deixar de assistir ao clássico e se inspirar nas produções dessa groupie estilosa!


Mônica Aensland, do blog Garota Jedi

Mônica Aensland, do blog Garota Jedi

Andy Sachs (Anne Hathaway), de “O Diabo Veste Prada” (2006) e Cher (Alicia Silverstone), de “As Patricinhas de Beverly Hills”

Andy Sachs (Anne Hathaway), de “O Diabo Veste Prada” (2006) e Cher (Alicia Silverstone), de “As Patricinhas de Beverly Hills”

Adoro os looks e acessórios usados pela Anne Hathway em “O Diabo Veste Prada”. Além dos looks incríveis,  ela também usa muitos penteados legais. A moda dos anos 90 voltou com tudo e eu me inspiro muito nos looks da Alicia Silverstone em “As Patricinhas de Bervelly Hills”.


Luana Piotto, do blog Glammood

Luana Piotto, do blog Glammood

Cher (Alicia Silverstone), de “As Patricinhas de Beverly Hills” / Sandy (Olivia Newton-John), de “Grease - Nos Tempos da Brilhantina” (1978)

Cher (Alicia Silverstone), de “As Patricinhas de Beverly Hills” / Sandy (Olivia Newton-John), de “Grease – Nos Tempos da Brilhantina” (1978)

Toda menina dos anos 90 que cresceu assistindo Sessão da Tarde quis ser a Cher de “As Patricinhas de Beverly Hills” ou ao menos ter o guarda-roupa dela. Os looks usados por Alicia Silverstone, que era queridinha de Hollywood para os filmes adolescentes da época, era repleto de saias, camisas brancas, meias 3/4, conjuntinhos (quem nunca?) e estampas xadrezes. Além disso, ela tinha um closet invejável com um computador, onde era possível escolher os “looks do dia” (quem lembra?). O cabelo sempre impecável com uma tiara inspirou uma geração de garotas. Eu sonhava em ter aquele cabelo!

Transformações visuais sempre inspiraram roteiros de filmes e rendem grandes momentos fashionistas no cinema. E “Grease” é um deles! No filme, Sandy (Olivia Newton-John) começa como uma garota tímida e apaixonada, com visual recatado com vestidos clarinhos, suéteres e cabelo com franja, e se transforma em um mulherão com direito a calça disco, top, salto vermelho e cabelo com permanente. A cena em que ela revela a sua nova versão para Danny e sua turma é icônica (adoro rever no YouTube!). Não posso deixar de citar a personagem Betty Rizzo, que tem os melhores looks do filme do início ao fim, do corte de cabelo às roupas.


Dila Kotinski, do blog Tô Chique

Dila Kotinski, do blog Tô Chique

Daisy Buchanan (Carey Mulligan), em “O Grande Gatsby” (2013) / Holly Golightly (Audrey Hepburn), em “Bonequinha de Luxo” (1961)

Daisy Buchanan (Carey Mulligan), em “O Grande Gatsby” (2013) / Holly Golightly (Audrey Hepburn), em “Bonequinha de Luxo” (1961)

Um estilo que me faz querer ter vivido em épocas passadas. Definitivamente, os anos 20 é uma inspiração pra mim e a Carey fez jus ao glamour da época em “O Grande Gatsby”. Com um figurino impecável, ele traz muito brilho, cores, bordados, jóias antigas e toda a exuberância da época. Os acessórios dão um toque super especial aos looks, sem falar nos penteados com acessórios nos cabelos que fecham com chave de ouro o estilo da personagem. O bacana é que, misturado à peças contemporâneas, o figurino de Daisy pode ser usado nos dias de hoje sem deixar o look parecido com uma fantasia, por exemplo.

Sempre fui fã da Audrey, não somente pelos looks e elegância da atriz, mas pelo engajamento da mesma em causa sociais. Falando em moda, em “Bonequinha de Luxo”, pra mim, ela está na sua melhor forma e demonstra toda a elegância da mulher daquela época. O filme tem cenas icônicas e um figurino de dar inveja, tanto que até hoje, mesmo depois de anos, o famoso vestido pretinho básico, é copiado por milhares de mulheres de todas as idades. A musa eternizou o vestido longo de cetim, criado por Givenchy exclusivamente para ela. Incrível!


Mayana Nobre, do blog Chá das Phynas

Mayana Nobre, do blog Chá das Phynas

Coco Chanel (Audrey Tautou), de “Coco Antes de Chanel” (2009)

Coco Chanel (Audrey Tautou), de “Coco Antes de Chanel” (2009)

Quando se fala em moda e cinema é inevitável remeter a grandes ícones como Audrey Hepburn e Marilyn Monroe. Mas o que dizer de uma personagem real tão inventiva que virou ícone fashion antes de ser eternizada nas telas? Coco Chanel certamente revolucionou a moda e quando sua história virou filme nossos olhos foram premiados com um contraste gritante de figurinos. Havia o que as mulheres da época usavam e o que a Coco usava. A personagem, na interpretação de Audrey Tautou, transborda confiança e apresenta uma moda inspiradora sem esforço ou sacrifícios, liberta dos espartilhos e com autenticidade.


Suelen Lima, do blog Rosto de Neve

Suelen Lima, do blog Rosto de Neve

Elle Woods (Reese Witherspoon), de “Legalmente Loira” (2001) e “Legalmente Loira 2” / Olive Penderghast (Emma Stone), de “A Mentira”

Elle Woods (Reese Witherspoon), de “Legalmente Loira” (2001) e “Legalmente Loira 2” / Olive Penderghast (Emma Stone), de “A Mentira”

Sim, Elle Woods usa muito rosa. MUITO mesmo. Mas a melhor parte disso é, que apesar da imagem estereotipada de forma cômica e propositalmente exagerada, a protagonista de “Legalmente Loira 1 e 2” demonstra algo totalmente diferente do esperado em ambos os filmes. Demonstra que sim, uma mulher pode ser feminina ao extremo ao mesmo tempo que mantém sua personalidade como sendo autêntica, sua integridade intacta e totalmente fora da visão fútil que culturalmente temos desse estilo “barbie” que ela traz, desligando os fatores aparência e personalidade entre si. Eu mesma não sou louca por rosa, depende bastante da ocasião e da peça, mas ver a personagem desfilar seus looks a lá Penélope Charmosa (literalmente) enquanto de fato faz algo de interessante na trama muda um pouco essa primeira impressão que o telespectador pode ter do estilo usado. É uma quebra de estereótipos e eu adoro isso, pois abre novos leques de pensamento acerca de como vemos a moda e como a relacionamos com a forma que nos expressamos através dela.

Sempre tive um fraco pelo retrô/vintage, e não só uma época ou estilo específico, mas vários. E dentre eles, meu coração pende um pouco mais a essa vibe cabaré que vemos em clássicos como “Moulin Rouge” (<3), e o que me levou a lembrar da personagem da linda Emma Stone em “A Mentira” foi como a fase “pervertida” de Olive teve uma reinvenção total de vestiário inspirado nessa pegada sexy e ao mesmo tempo classuda; muitos corsets, meia-calça, peças de cetim, laços e salto alto. Por mais que o background desse visual seja baseado na objetificação da mulher, é interessante como o jogo virou com o tempo e ele foi adaptado para ao invés de demonstrar submissão, demonstrar poder e liberdade de expressar sua sexualidade (Madonna é quase pioneira nesse campo. Diva!) e sua feminilidade. Eu mesma já fui muito (mais) adepta do estilo da Olive em certos pontos dos meus looks; até hoje não abro mão ou muito menos tenho vergonha de usar meias 7/8 e adereços que demarquem curvas como corsets e corselets de vez em quando. E é algo que em certos pontos é bem explorado universalmente, e ao mesmo tempo é também bem condenado pela visão sexista de que a mulher deve se vestir para o parceiro, e não para ela mesma. Então quanto mais quebra ocorrer desse conceito, melhor para todos.