Nem bem as aulas começaram e o curso de Bacharelado em Produção Audiovisual da Universidade do Estado do Amazonas já conta com um cineclube. A atividade criada e desenvolvida por 10 estudantes traz uma programação semanal para a exibição e debates de filmes conhecidos em sessões abertas, sempre às terças-feiras, das 14h30 às 18h, no auditório térreo da Escola Superior de Artes e Turismo da UEA, localizada na Avenida Leonardo Malcher, no Centro de Manaus.  

O cineclube leva o nome de Óscar Ramos, homenagem ao artista plástico e diretor de arte premiado nos tradicionais festivais de Brasília e Gramado, falecido em junho de 2019. “Foi feita uma votação para a escolha do nome do cineclube. Colocamos alguns nomes com trajetórias relevantes no cinema local e acabou vencendo o Óscar Ramos”, disse Evandro Fernandes, um dos estudantes à frente da iniciativa. O diretor Zeudi Souza é professor-coordenador do projeto.

A programação já trouxe filmes dos mais diversos, entre eles, clássicos como “Cat People” (1942) e “O Bebê de Rosemary” (1968) até sucessos recentes como “Ilha dos Cachorros” (2018) e “Aftersun” (2023). O cinema amazonense também teve vez com “Antes o Tempo Não Acabava” contando com a presença do diretor Sérgio Andrade para o debate.  

“Antes de cada sessão, apresentamos a obra em questão, dando pequenas informações. Depois da exibição, fazemos um debate para quem quiser participar com opiniões livres e todo mundo falando o que achou. A ideia é que o cineclube seja bem democrático, uma experiência tanto acadêmica quanto social”, declarou Evandro que ainda salientou o apoio que a iniciativa vem recebendo. Uma mostra disso foi a doação de aproximadamente 100 DVDs feita pelo secretário-geral da ESAT, Jefferson Claudino, criando um acervo para o recém-fundado cineclube. 

Nesta quarta-feira (29), véspera de feriado de Corpus Christi, o Cineclube Óscar Ramos prepara uma sessão especial no Cine Teatro Guarany, localizado ao lado do Centro Cultural Palácio Rio Negro, na Avenida 7 de Setembro, no Centro, com entrada gratuita e marcada para às 17h30. “A proposta é que o público tenha uma experiência interativa para além do filme em si. Uma espécie de espetáculo”, revelou Evandro. 

A equipe do cineclube é formada pelos seguintes alunos: Anne France, Evandro Fernandes, Janaína Souza, José Clemente, Charlie Santos, Catharina Hadassa, Felipe Lopes, João Pedro, Juno Senna, Luís Eduardo e Syd Elliot. 

LUTA PELA CONTINUIDADE 

Cineclube recebeu o diretor amazonense Sérgio Andrade para uma conversa sobre “A Terra Negra dos Kawa”.

 

Para além de um projeto de extensão, o Cineclube Óscar Ramos pode ser um dos fatores importantes para a manutenção do Bacharelado em Produção Audiovisual. É o que afirma a coordenadora do curso, professora Gislaine Regina Pozzetti.  

Atualmente, o bacharelado é oferecido em caráter especial único, ou seja, não há ainda garantias de formação de uma próxima turma em futuros vestibulares. Tal expediente aconteceu com o curso tecnológico de audiovisual na própria UEA que chegou a ter duas turmas na década passada, mas, não teve continuidade. 

Hoje, o curso conta com cinco professores – um especialista, um mestre e três doutores -, porém, dois docentes são voluntários e outro está cedido pela Seduc (Secretaria Estadual de Educação), de acordo com a coordenadora. A expectativa é que um Processo Seletivo seja lançado em junho para o preenchimento das vagas para os dois primeiros anos do bacharelado. 

Dentro disso, a luta do momento é para que o curso entre na categoria de regular na UEA, o que garantiria a continuidade dele anualmente. “O curso de audiovisual é uma demanda da sociedade e Manaus já merecia a existência dele. Logo, a UEA se colocou no protagonismo deste processo. Há uma demanda pela profissionalização do audiovisual em uma cidade que é polo cinematográfico relevante. Isso foi comprovado na alta procura pelo curso no vestibular – as vagas se esgotaram já na terceira chamada, quando a média é terminar na quarta”, disse Gislaine. 

Neste processo, a dedicação dos alunos com atividades como o Cineclube Óscar Ramos pode ser decisiva para a sequência do bacharelado. “A continuidade é um desejo forte dos nossos alunos, pois, eles querem que outras pessoas tenham a mesma oportunidade. Todos sabem que precisam fazer acontecer nestes quatro anos. São estudantes solícitos, entregues de corpo e alma. O cineclube surgiu disso do entendimento de construir a cultura cinematográfica – cinema vai além da diversão, mas, também traz a experimentação estética e os relatos da sociedade. Estou feliz de ver uma iniciativa que parte dos próprios alunos com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão, coordenação do curso e dos professores. O cineclube é um projeto de extensão criado e desenvolvido a partir deles”, afirma a professora.  

Além do cineclube, o bacharelado deve realizar a Semana do Audiovisual, prevista para junho. O foco será discutir o futuro do curso com a presença, inclusive, de egressos das duas turmas anteriores.