Ron Howard é um diretor irregular, sejamos sinceros. Nas suas costas, clássicos como “Apollo 13” (1995), “Uma Mente Brilhante” (2001) e até mesmo o mais recente “Rush” (2013). E também obras fracas como o dramalhão “Era Uma Vez um Sonho” (2020) protagonizado por Amy Adams e Glenn Close. Ainda assim, um diretor de renome. “13 Vidas – o Resgate” se intercala no melhor e pior dos mundos de Howard.

Quem está antenado nos acontecimentos recentes da humanidade se lembra do resgate dos 12 meninos tailandeses e seu técnico que ficaram presos em uma caverna após uma tempestade que os deixaram ilhados em 2018. As autoridades então moveram o mundo para tentar resgatar estas 13 vidas, mas nada parecia ser o suficiente para encontrá-los. Nesse meio tempo, dois mergulhadores profissionais ingleses entram em cena, John Volanthen e Richard Stanton (Colin Farrell e Viggo Mortensen, respectivamente), na tentativa de trazer o grupo de volta.

Vejam bem, os meninos estavam a quilômetros de distância da entrada, um lugar inóspito, frio, escuro, submerso, sem comida, desnutridos e com o oxigênio abaixo do necessário. Era preciso agir e depressa. Não havia mais meio termos e/ou planos. O tempo passava. Com isso, são recrutados mais três especialistas, vividos por Tom Baterman, Paul Gleeson e Joel Edgerton, este último crucial no resgate.

HISTÓRIA DE EMPATIA E COMUNHÃO

Os longos 150 minutos de duração compõem um cenário de adrenalina e tensão. Howard acerta em não focar nestas 13 vidas, mas, sim, no desenvolvimento fora da caverna, incluindo, o governo tailandês, o profissionalismo das equipes locais e estrangeiras de resgate e os seus antagonismos com diferentes perspectivas e modos de encarar a tragédia, porém, com um ponto em comum: salvar estes jovens.

Os grafismos que Howard são bem-vindos para compreender a operação desse resgaste; só a ida demora mais de sete horas, por exemplo. Outro ponto fundamental é de como eles encontraram a solução adequada para o resgate; em outros filmes certamente o diretor abusaria do drama e novelão, aqui, ele foi pragmático e sem enrolação e não deixa dúvidas para questões éticas acerca da solução encontrada, eram vidas em jogo, afinal.

“13 Vidas” pode não ser uma obra-prima na filmografia do diretor, mas, certamente o seu melhor em muito tempo. A dinâmica encontrada entre a tensão, o suspense e o desespero estão na dose certa de um filme que narra situações reais de resgate. Ele faz o básico nesse sentido, mas vai além em tratar dessa dinâmica entre a equipe de resgate estrangeira – muito além do branco salvador como vimos em 10 de 10 filmes do gênero – da equipe local, a garra da população em ajudar como pode neste resgate, o anseio da família. Howard apresenta uma história verídica que fala, sobretudo, de comunhão, comunicação, empatia.