Era Uma Vez um Sonho é um filme sobre a importância da família. Até aí tudo bem, o cinema explora esse tema praticamente desde que se consolidou como forma de narrativa. Mas, ao final do filme, a sensação mais forte que fica é a de pensar “puxa, ainda bem que essas pessoas da história não são meus parentes!”. É um filme mão-pesada, equivocado e até um pouco desonesto na sua proposta de lançar um olhar sobre um segmento da sociedade norte-americana.
Baseado no livro autobiográfico de J.D. Vance, a narrativa de Era Uma Vez um Sonho se alterna entre dois períodos de tempo. No presente, vemos J. D. (vivido por Gabriel Basso), que é um jovem estudante de Direito em Yale, uma das mais prestigiadas universidades dos Estados Unidos. A vida de J. D. sofre um abalo quando recebe a notícia de que sua mãe, Beverly (Amy Adams), está internada após uma overdose de drogas. Ele então retorna ao Kentucky, onde cresceu, para tentar ajudar a mãe. E no passado, vemos como foi a infância de J. D. (Owen Asztalos) e a sua tumultuada convivência familiar em meio à pobreza, e como a sua avó (Glenn Close) teve influência fundamental na sua criação.
É um filme sobre os rednecks, os hillbillies, como se diz em inglês – na tradução para o português, seriam os caipiras norte-americanos, aquele pessoal do sul do país que, em geral, não tem muita escolaridade ou cultura, são pobres, gostam de armas e são patriotas. É o sal da terra do país, a classe trabalhadora branca dos Estados Unidos que vive, em sua maioria, à margem do tal do Sonho Americano. O título original da obra, Hillbilly Elegy (“Elegia caipira”), deixa claras as intenções da roteirista Vanessa Taylor e do diretor Ron Howard – do oscarizado Uma Mente Brilhante (2001) – de lançar uma luz sobre esse segmento da população que, muitas vezes, é visto com preconceito pela mídia. E numa época de país dividido, como a recente eleição demonstrou, essa proposta ganha ainda mais importância. Mas se a intenção era valorizar essas pessoas e o senso de família delas… a intenção saiu pela culatra. A elegia é torta, porque não há como se lamentar por esses personagens ou o seu modo de vida.
BRIGA POR TODOS OS CANTOS
Primeiro, porque o espectador fica sem ponto de acesso à história. O protagonista mal é definido pelo roteiro e não cria empatia – a atuação de Basso também é muito opaca, sem sal. Nas cenas do passado, Asztalos se sai apenas um pouco melhor, e não ajuda o fato de ele estar rodeado de tipos. Não há personagens; há tipos aqui, caricaturas do white trash.
Todo mundo é raso, inclusive a personagem da Amy Adams, que deveria ser uma figura triste e meio trágica, mas o roteiro esquemático só a caracteriza como doida. Sentimos que ela se ressente dos filhos por tê-los tido cedo na vida, mas isso nunca é mostrado para nós, apenas informado via diálogo expositivo. É como se a produção apostasse todas as fichas apenas no carisma da atriz para criar empatia junto ao público, mas nem Adams faz milagre com uma figura tão desagradável.
E a roteirista parece achar que colocar os personagens para brigar é desenvolvê-los – e logo Era Uma Vez um Sonho se torna cansativo, porque todo mundo briga entre si o tempo todo, deixando quase todos os personagens praticamente insuportáveis… Sério, é uma cena de briga ou discussão atrás da outra, pelas quase duas horas de filme. Close se sai um pouco melhor por causa do talento e porque o roteiro pinga umas gotas de humanidade sobre a sua personagem, mas ela é um pequeno alento. De modo geral, chegar ao fim do filme é um suplício, os conflitos e as brigas são martelados sem dó sobre o espectador, e a direção medíocre de Howard só ressalta a dureza da experiência com a sua mão pesada.
FAMÍLIA NÃO É TUDO
Howard é o diretor do cinemão hollywoodiano padrão: aquele cara proficiente nos quesitos técnicos, mas pequeno emocionalmente, sempre pronto para lançar mão de clichês e facilidades nas suas narrativas. Em Era Uma Vez um Sonho, o clichê maior vem perto do final, quando a narrativa pula da desgraceira para o tom triunfante com toques de autoajuda, tentando vender a ideia de que J. D. se dá bem na vida por causa da sua família, ao invés de apesar dela. Pode até ter acontecido assim na vida real, mas, no fim das contas, o cinema sempre conta as histórias das pessoas que foram as exceções e não as regras, não é mesmo?
Afinal, o que esperar de um projeto que escala como destaque justamente as duas atrizes que, ao longo do tempo, ficaram tão famosas pelo fato de perderem repetidas vezes no Oscar, quanto pelos seus respectivos talentos como intérpretes? Era Uma Vez um Sonho acaba não passando de uma isca de Oscar, fraco como narrativa e raso na sua proposta dramática, e que, de uma maneira torta, desperta no espectador a noção de que família não é tudo.
Ainda não tenho certeza, pois preciso refletir um pouco mais sobre isso, mas suspeito que esta seja a pior resenha de um filme que eu já li na vida.
Eu tenho certeza que é a pior crítica que já li.
Respeito muito seu trabalho, mas discordo da sua resenha.
Gostei muito do filme e pelo aí contrário entendi que ele venceu na vida não pela família, mas sim pela força de vontade dele de ter um futuro diferente.
Ele é pesado, sem glamour, mas só quem já viveu algo parecido consegue ter a empatia e entender o que foi colocado.
Eu acredito que a família tenho dado o impulso que ele precisava para “vencer na vida”. A família deu o melhor dela. Ele soube retirar o que foi bom e ressignificar o restante. O problema não está no que a gente recebe, mas sim naquilo que fazemos com o que foi nos dado.
O filme tem um tom realista. Trabalho em um abrigo com adolescentes em situação de risco, que vieram parar aqui pelos mais variados motivos. violência doméstica, abuso, drogas. Quem vive no castelinho de sonhos deve achar mesmo que a miséria é exagero.
Critica ridícula, que só reforça seu desentendimento de questões sociais e de como funciona a diplomacia estadunidense acerca de meritocracia e transtorno mental.
Não achei tão ruim quanto dizem. Mas basta um crítico falar mal, que os outros concordam, não pode discordar, é mal visto.
Não fiquei com a impressão de “sucesso por causa da família”.
Se não a vó e força de vontade do JD, ele teria sucumbindo ao sistema.
Esse filme feriu a Áurea de muitos experts em cinema, pois mostra justamente o dia a dia real , ou seja, o filme contou conta a história de uma pessoas que não é uma exceção
Acho que o escritor nunca teve problemas familiares ou dificuldade na sua vida. E se teve lamento sua visao tao destorcida do filme.
Acabei de ver o filme e vou explicar rapidinho porque toda a crítica fala mal … é porque o filme bate em grande parte dos argumentos da esquerda. Gente branca sofrendo, um família destruída por falta de estruturas Morais e tradicionais rígidas e de limites na criação. Faz apologia ao óbvio, esforço é o primeiro passo para sair do buraco e a esquerda depende de pessoas da merda. Depende de gente desestruturada. Se as pessoas acordam … não existe espaço para a esquerda. A esquerda é lixo puro. Só isto.
Eu gostei do filme, conta a história real de uma família e seus conflitos, sofrimentos, dores e lutas. Exatamente por ser de uma pessoa que não é a exceção, e sim alguém comum, que lutou para melhorar de vida, e que continua com seus problemas familiares.
Acredito muito sim que a base da família, sua estrutura e regras são muito importante para o desenvolvimento de cada pessoa, mas também tem a personalidade de cada um, a determinação e o que a pessoa quer da vida.
Pior resenha que já li de um filme!
O crítico de cinema normalmente analisa do ponto de vista técnico, coisas que nós não temos formação e nem preparo para perceber, em alguns pontos concordo com ele sobre o perfil psicológico das personagens, como o da Amy Adams que a chamou de doida, meu esposo falou a mesma coisa, eu estava de passagem no quarto e vi que meu esposo assistia a esse filme e resolvi vê-lo também, achei angustiante e fiquei tensa em algumas cenas, fiquei aliviada com o final da história, não sabia que era baseada numa autobiografia, fiquei torcendo muito pelo personagem e sei dilema de decidir escolher um futuro promissor, sobre ele ser uma exceção, sim, ele é uma exceção, li que uma entrevista de um professor de econeconomia falava que a meritocracia era uma visão equivocada de nossa sociedade, pois segundo ele, como falamos de mérito, se a classe média americana sufocada corria para que seus filhos tivessem acesso a uma boa educação e a classe rica, preparava os seus para continuarem o legado de sua família, é um sistema com regras que mudam bem pouco, esse pouco, essa brecha , são as bolsas de estudo, e outras ” benesses” que o sistema nos dá, o sistema capitalista americano, é muito triste ainda sermos exceção, essas pessoas serem exceção, a luta toda é para mudar essas regras. Precisamos ter esperança. Eu gostei do filme, ele não é perfeito, tecnicamente falando, mas é uma história para acreditarmos em nossos sonhos.
Ou não assistiu o filme ou a pessoa que escreveu o texto acima vive em uma bolha.
Péssima crítica!
A maioria das famílias são exatamente como o filme retrata.
Para mim e muitas pessoas, fez total sentido o desfecho da história.
É necessário muito amor e honra à todo sofrimento familiar para ganhar força e vencer na vida.
O texto acima mostra uma espécie de desprezo à uma história que é uma lição de vida.
Lição para aqueles que, na grande maioria das vezes, carregam culpa e não conseguem romper os padrões familiares inconscientes.
Uma pena não ter assistido o filme com o coração.
Que filme maravilhoso, geralmente quando algum crítico fala mal ,pode assistir pq o filme é impactante, geralmente são pagos pra falarem bem só do que entra no seu bolso, ou seja nem levam em consideração os verdadeiros críticos, o público!!