De “O Mundo Segundo Garp” a “Era uma vez um Sonho”, Caio Pimenta analisa da pior à melhor indicação da carreira de Glenn Close.

8. UM HOMEM FORA DE SÉRIE 

Em 1985, a Glenn Close foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “Um Homem Fora de Série”.

Por quê? Sabe Deus! 

Interpretando o interesse amoroso do personagem do Robert Redford, a atriz fica praticamente esquecida durante boa parte da história, ressurgindo apenas quando fica mais conveniente para os roteiristas a inserirem.

Nestes momentos, apesar da beleza exuberante, ela pouco pode fazer com uma personagem que nada oferece. 

Perdeu a estatueta para a Peggy Ashcroft, de “Passagem Para a Índia”. 

7. ERA UMA VEZ UM SONHO 

Lá vou eu falar mal de novo de “Era uma vez um Sonho”. 

Para ser justo, a Glenn Close é o que o dramalhão do Ron Howard tem de menos ruim (não, não consigo dizer melhor em relação a este filme).

É visível o quanto ela busca trazer credibilidade para uma personagem cansada, mas, resiliente, precisando suportar todo o peso de uma família disfuncional.

Porém, nem mesmo todo talento dela resiste a uma produção de tom constantemente exagerado, gritado e carregado na construção visual de seus protagonistas. 

Foi uma indicação que veio mais pelo nome do que necessariamente ter sido um desempenho assombroso. A derrota no Oscar 2021 foi para a Yuh-Jung Youn, de “Minari”. 

6. O REENCONTRO 

Em 1984, a estrela foi indicada a Melhor Atriz Coadjuvante por “O Reencontro”. 

Em meio a um elenco de grandes nomes como William Hurt, Kevin Kline e Jeff Goldblum, a Glenn Close domina o drama dirigido pelo Lawerence Kasdan.

Impressiona como rouba completamente a atenção do público quando está em cena de forma natural. Somente não consegue brilhar mais pelo fato do roteiro ser muito quadrado sem adentrar mais a fundo nos seus personagens. 

Apesar do bom desempenho, a derrota da Glenn Close para a Linda Hunt, de “O Ano que Vivemos em Perigo”, foi incontestável. 

5. A ESPOSA 

Em 2019, veio a derrota mais sofrida da carreira da Glenn Close no Oscar. 

Tudo apontava para a consagração da estrela por “A Esposa” com vitórias no Globo de Ouro, Critics Choice e SAG, além do clamor popular de que chegara a hora de premiá-la.

Porém, a Academia ficou com a Olivia Colman, de “A Favorita” para a surpresa da própria britânica e a decepção clara da veterana. 

Na minha opinião, entre as duas atuações, sou mais a Olivia Colman do que a Glenn Close – ainda que a veterana esteja muito bem no filme – assim como prefiro anos-luz “A Favorita” em relação a “A Esposa”. Porém, a Academia pisou na bola porque ficou constrangedor mais uma derrota para a Glenn Close, especialmente, por todo o cenário criado.

Ficou, no mínimo, desconfortável. 

4. ALBERT NOBBS 

Brilhando na TV com “Damages”, a Glenn Close sofria para encontrar bons papéis no cinema norte-americano. O caminho foi cruzar o Atlântico para ser indicada novamente após 23 anos. 

No subestimado “Albert Nobbs”, a atriz interpreta a personagem-título, uma mulher que se disfarça de homem para poder continuar trabalhando como mordomo na Irlanda do século XIX.

A tensão de ser descoberta a qualquer momento está estampada no rosto e no corpo de Glenn Close com cada movimento sendo feito de forma milimétrica em uma atuação claramente desgastante física e mentalmente. 

A derrota no Oscar 2012 foi para a Meryl Streep interpretando Margaret Thatcher em “A Dama de Ferro”. Dizer que foi injusto não digo, porém, se a Glenn Close tivesse ganhado seria igualmente merecido. 

3. ATRAÇÃO FATAL 

O pódio se abre com uma atuação que redefiniu a carreira da Glenn Close nos cinemas. 

Em “Atração Fatal”, a atriz interpreta Alex Forest, uma mulher que se envolve com o personagem casado do Michael Douglas. O maior destaque fica pela forma como a Gleen Close alterna a instabilidade emocional de maior fragilidade com as viradas para a mulher perigosa, psicótica, especialmente, da hora final, além, claro, de estar linda como nunca. 

Agora, o que dizer do resultado do Oscar de Melhor Atriz de 1988? Parece piada, mas, a Cher foi a ganhadora pelo desempenho apenas correto em “Feitiço da Lua”.

Esse, sem dúvida, é um dos maiores absurdos da história da Academia; como você deixar de premiar uma das maiores atuações dos anos 1980 em Hollywood para ficar com uma popstar de desempenho burocrático?  

Se a Glenn Close e os fãs dela quiserem achar que se trata de perseguição, não dá nem para dizer que é chororô. 

2. O MUNDO SEGUNDO GARP 

A estreia da Glenn Close nos cinemas foi arrasadora e ela foi indicada ao Oscar de 1983 em Melhor Atriz Coadjuvante. 

Apesar da estranha escalação para viver a mãe de Robin Williams, com quem tinha uma diferença de apenas 4,5 anos, a atriz está brilhante como a determinada e feminista mãe do personagem-título de “O Mundo Segundo Garp”.

Ela carrega nas costas os primeiros 40 minutos através do rápido e estranho humor do longa, sendo a atração de um filme que perde a força ao tirar o foco dela. Era nítido que nascia uma gigante do cinema norte-americano. 

Outra derrota absurda: a Glenn Close deveria ter superado a vencedora Jessica Lange e sua atuação apenas correta em “Tootsie”. 

1. LIGAÇÕES PERIGOSAS 

O primeiro lugar deste ranking é por uma das maiores atuações da história do cinema. 

Tendo a disposição os maravilhosos diálogos de Christopher Hampton, a Glenn Close forma uma dupla perfeita com o John Malkovich em um dos jogos de poder e manipulação mais elegantes já vistos no cinema no drama “Ligações Perigosas”.

O olhar implacável de alguém sempre tecendo planos para estar no poder encontra o ápice na fantástica cena em que explica como ela se tornou daquele jeito. A maior atuação de uma atriz fabulosa. 

Apesar de gostar demais da Jodie Foster em “Acusados”, novamente, é inexplicável como a Academia não premiou a Glenn Close em Melhor Atriz no Oscar de 1989. 

A MAIOR ESNOBADA 

Seria tentador demais colocar “O Reverso da Fortuna” como a maior esnobada, especialmente, pela narração muito bem executada, porém, vou para uma atuação mais fora do comum de ir para o Oscar. 

Em “101 Dálmatas”, a Glenn Close está claramente se divertindo como Cruella de Vil. A atriz se entrega ao caricatural e exageros de uma vilã da Disney, sendo a personificação humana perfeita da personagem. Agradou tantos os fãs dela quando da animação clássica. 

Dava para tirar facilmente a Diane Keaton, de “As Filhas de Marvin”, para colocar a Glenn Close na lista. 

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