“A Noite das Bruxas” marca a terceira adaptação de uma obra de Agatha Christie dirigida e protagonizada por Kenneth Branagh e roteiro assinado por Michael Green. Desta vez, o filme tenta trazer um ar mais sobrenatural para as aventuras de Hercule Poirot. 

Na trama, o excêntrico detetive curte a aposentadoria em Veneza até receber a visita de uma velha amiga escritora (Tina Fey). Ela o convida para desvendar os segredos de uma suposta médium (Michelle Yeoh) que estará presente em uma festa de Halloween. Mas nem tudo sai como o esperado e o detetive, mais uma vez, se vê no meio de um assassinato misterioso como os todos presentes sendo considerados suspeitos. 

Se “Assassinato no Expresso Oriente” e “Morte no Nilo” eram mais leves, aqui, Branagh aposta em um tom mais sombrio. Para tanto, ele emprega elementos sobrenaturais e estéticos presentes em filmes de terror, chegando até mesmo a usar jumpscares. No entanto, “A Noite das Bruxas” continua sendo mais do mesmo, um whodunnit genérico sem muitas surpresas, que tem como foco não o crime, mas sim o personagem do detetive Hercule Poirot. 

A estrutura da trama segue o mesmo padrão dos dois filmes anteriores. Primeiramente, Poirot é introduzido a um grupo de pessoas e, logo em seguida, ocorre um assassinato. Isso leva o detetive a iniciar uma investigação minuciosa, abrangendo todas as pessoas presentes no caso, revelando seus segredos e transformando cada um deles em um potencial suspeito de ser o assassino. 

CAMINHOS JÁ PERCORRIDOS

No final, “A Noite das Bruxas” consegue misturar elementos de suspense com outros de terror, trazendo ambos os gêneros de forma superficial e pouco envolvente. Falta tensão entre as personagens e, principalmente, de suspense na narrativa. Mesmo que no início pareça interessante, a impressão que temos é que, logo após o assassinato, o filme vai se arrastando até uma conclusão plausível que só faz sentido na mente do maior detetive do mundo. 

Sobre o elenco, depois de três filmes, já sabemos que a primeira vítima sempre será o mais famoso em cena. E justamente é este quem entrega o que esse filme tem de melhor. O resto do elenco, composto por nomes como Jamie Dornan e Jude Hill (o garotinho de “Belfast”), faz o possível sem ser memorável. 

Em resumo, “A Noite das Bruxas”, apesar de tentar algo novo com elementos de terror, não consegue criar um suspense envolvente que prenda o público. O filme foca demais no personagem de Hercule Poirot e acaba deixando de lado tramas mais intrigantes. A sensação é de que o filme poderia ter sido mais envolvente e atraente para os fãs de mistério.