Agatha Christie é um clássico! A autora falecida há 46 anos ainda mantém seu legado intacto, fãs fervorosos e novos leitores curiosos. Suas tramas são marcadas por mistério, crimes, mortes e paixões fulminantes. Uma lenda! Volta e meia a obra dela é revisitada e adaptada para a TV e cinema.

“Morte no Nilo” é a mais recente, sendo baseada no livro homônimo lançado em 1937. A última adaptação para “Nilo” no cinema aconteceu em 1978 com ninguém menos que Bete Davis liderando o elenco. A nova versão enfrentou diversos problemas de distribuição, elenco cancelado e pandemia. Mas eis que, finalmente, o que era para ter sido lançado no fim de 2020, chega ao público e o resultado não poderia ser mais frustrante.

A produção é um aglomerado de CGI que o engessa, um verdadeiro banho de água fria na experiência do espectador. Há algumas cenas que beiram ao constrangimento e inacabadas – e não foi por falta de tempo. A envernizada da computação gráfica e figurinos bonitos não são nada mais que ferramentas para maquiar uma condução pouco inspirada de Kenneth Branagh (“Belfast”).

O multitalentoso artista vai bem em todas as funções que ousa transitar, mas a sensação que dá é que a Kenneth precisava entregar “Morte no Nilo” às pressas e fez de um jeito pouco inspirado e sofrendo, certamente, interferências da produção executiva. Se as demais obras do cineasta são emocionantes, aqui não há emoção alguma!

PROFUSÃO DE ESCOLHAS EQUIVOCADAS

Embora os primeiros 30 minutos sejam interessantes o restante da película acaba se tornando enfadonho, pois o crime demora muito para acontecer (depois de 1h de filme) e o desenrolar fica corrido. Não há complexidade e aprofundamento aos personagens que posteriormente serão suspeitos. Como dito acima, uma experiência frustrante.

E o quarteto que pode ser considerado como protagonistas estão demasiadamente apáticos. Definitivamente não é o melhor momento de Armie Hammer, Gal Gadot, Letitia Wright e Tom Bateman, este último ainda com certo charme. Sem química e carisma que cause efeito em quem assiste. O próprio Kenneth Branagh soa cansado em cena.

O roteiro assinado por Michael Green está longe de ser absurdo, entretanto se afunde nesta desconexão entre as partes.  “Morte no Nilo” faz jus ao seu título, um filme sem vida.

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