“No tempo antigo era muito violento. Existiam mais animais ferozes do que pessoas, e Deus Criador quis acabar com as cobras, onças e outros animais. Então ordenou o dilúvio”. Essa é a sinopse do mais novo grande filme de Thiago Morais, lenda e notório nome do audiovisual de Manaus e norte afora. “Cem Pilum – A História do Dilúvio” é uma homenagem a Feliciano Lana, líder do povo Dessana, falecido em 2020 por conta da Covid-19.

A animação se apropria das imagens de Lana e da sua narrativa para contar a história do mito do dilúvio. Os mitos são fundamentais na narrativa dos povos indígenas; é por eles que se contam histórias, crendices, conhecimentos ancestrais e a busca da preservação da memória, do legado e natureza.

“Cem Pilum” é mais que uma bela homenagem, mas a lembrança da importância dos conhecimentos da humanidade, da natureza e seus desdobramentos através das lendas. O clima lúdico do filme pela animação dá o tom especial para uma obra que já nasce clássica.

Narrado por Miguel Lana, o curta-metragem tem sido muito bem recebido festivais mundo afora. Já foi exibido em Paris na sede da UNESCO; no Museu Australiano em Sydney; foi vencedor de melhor trilha sonora no Festival Guarnicê de Cinema (Maranhão); participou do 15° Curta Taquary – PE; Mostra Internacional de Cinema Atlântico – Recife, entre outros. E claro, no Festival de Cinema da Amazônia: Olhar do Norte.

Um filme lúdico e sensível para todas as idades, penso que seja importantíssimo apresentar nas escolas para as crianças conhecerem e se aproximarem de sua história. “Cem Pilum” é uma ode a figura de um artista e líder do porte de Feliciano Lana, bem como reconhecer que os mitos e lendas fazem parte de um notório saber que não pode ser esquecido.