Apertada no corset, corselete, corsage. Cativa. Bela e do lar. Presa. Poderia ser também Lady Di ou qualquer princesa real ou rainha, mas, no caso, falamos de Isabel Amália Eugénia da Baviera: apelidada de Sissi, foi a esposa do imperador Francisco José I e Imperatriz Consorte da Áustria e seus demais domínios de 1854 até sua morte, em 1898. Ela teve uma criação informal antes de se casar, aos dezesseis anos, com o imperador Francisco José I.  

Retratada em “Corsage”, produção dirigida por Marie Kreutzer, que destoa dos estereótipos mais romantizados da sua imagem, ela é interpretada pela atriz Vicky Krieps, premiada na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes em 2022 pela atuação no filme.  

Sempre preocupada com sua beleza encontramos Sissi aos 40, se deparando com a câmera que captura imagens em movimento e com sua liberdade fugidia. A viagem prometida é o espectro do arquétipo que quer alcançar a luminosa promessa de felicidade que a ela é negada. Aqui, a donzela está em constante perigo, um caos em desmantelo. Suas damas de companhia tentam mimetizá-la e até substitui-la em sua melancolia.  

“Corsage” brinca com anacronismo e brinda com momentos de poesia e contemplação que se sustenta muito pelo talento de Vicky Krieps, pois o filme sofre de uma certa falta de conjunto narrativo. Não chega tanto a rejeitar a conformidade do gênero, não se vê tanta rebeldia e coragem como tanto apregoa em seu trailer, porém, a bela canção “She Was”, da cantora francesa Camille, dá o tom (inclusive do mesmo trailer) e também ressoa na cena final, exaltando a inadequação de Sissi. Que talvez seja indelével e permanece. Etérea e eterna.