Perto dos 30 dias finais da temporada de premiações, as categorias do Oscar 2023 encontram-se em estágios diferentes: algumas estão muito emboladas, enquanto outras já são possíveis de prever os vencedores.  

Caio Pimenta analisa quais são as mais acirradas, incertas e previsíveis.

CATEGORIAS INCERTAS 

Cinco categorias do Oscar 2023 possuem favoritos, mas, não significa que já dá para cravá-los como vencedores. 

É o caso de Melhor Documentário em Curta-Metragem: “Como Cuidar de um Bebê Elefante”, disponível na Neftlix, desponta como o candidato com maiores chances até pela temática chamativa por si só. Porém,  “How Do You Measure a Year?” com a persistência do diretor Jay Rosenblatt em gravar a filha ao longo de 16 anos mostrando a passagem do tempo pode ser um atrativo para a Academia premiá-lo.  

O Rosenblatt, aliás, foi indicado ao Oscar da categoria em 2021 com “When We Were Bullies”.

Melhor Trilha Sonora tem o favoritismo do Justin Hurwitz, de “Babilônia”: o compositor venceu o Globo de Ouro, além de ter sido nomeado ao Bafta e ao Critics Choice.   

Por outro lado, o John Williams com “Os Fabelmans” sempre é um candidato para ficar de olho e não duvido das possibilidades de surpresas com o Carter Burwell, de “Os Banshees de Inisherin”, e o alemão Volker Bertelmann, por “Nada de Novo no Front” 


Roteiro Original
também pode pregar peças: “Os Banshees de Inisherin” se mostra até agora como o candidato a ser batido após ter vencido em Veneza, no Globo de Ouro e Critics Choice. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, entretanto, pode aproveitar a imagem de ser uma produção mais original do que a média em Hollywood para vencer aqui. “TÁR” também não pode ser desprezado visto que é a única grande chance do Todd Field sair vencedor de alguma coisa.
  

A Angela Bassett se colocou na dianteira na briga pelo Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante com “Wakanda Forever” ao vencer o Globo de Ouro e o Critics, além de nomeações ao Bafta e ao SAG. A questão é saber a produção da Marvel será assistida por toda a Academia como serão “Tudo em Todo Lugar” e “Os Banshees de Inisherin”. Isso pode favorecer a Jamie Lee Curtis, Stephanie Hsu e a Kerry Condon. 

Por fim, Melhor Filme traz “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” na dianteira, mas, vendo a proximidade de “Os Banshees de Inisherin” no retrovisor. “Os Fabelmans”,Top Gun” e “TÁR” também não podem ser descartados.  

Sobre Melhor Filme, eu falo mais nos dois vídeos anteriores que fiz aqui no canal/site.  

Categorias Mais Previsíveis 

Somente uma reviravolta do nível dos melhores filmes do M. Night Shyamalan para mudar os vencedores das próximas nove categorias. 

A Apple está bem encaminhada para ganhar Melhor Curta de Animação com “O Menino, A Toupeira, A Raposa e O Cavalo”. “My Years of Dicks” é o candidato que tentará o improvável para reverter o resultado.

A Lady Gaga e a Rihanna podem até aumentar a audiência do Oscar para a felicidade da Academia, porém, “RRR” com “Naatu Naatu” chega com a mesma força de ganhadores recentes como “No Time to Die”, “Shallow”, “Remember Me” e “City of Stars” em Canção Original. Praticamente impossível que não seja consagrado. 

Mesmo diante de rivais fortes como “Batman” e “Elvis”, “Top Gun: Maverick” será o vencedor de Melhor Som com tranquilidade. Talvez seja o mais completo ganhador da categoria em anos.

Efeitos Visuais também não terá nenhuma novidade com “Avatar: O Caminho da Água”. Aliás, deve ser a única conquista do bilionário filme do James Cameron. 

“Elvis” em Melhor Design de Produção e “Nada de Novo no Front” em Direção de Fotografia completam os favoritos das áreas técnicas  

O drama de guerra ainda deve dar o terceiro Oscar de Filme Internacional para a Alemanha. Seria sem sentido algum nomear a produção da Netflix para a categoria máxima e não vencer aqui. Somente “Argentina, 1985” tem a chance de provocar uma improvável zebra.

O streaming também tem tudo para sair vitorioso de Melhor Animação pela primeira vez com “Pinóquio”. “Marcel the Shell With the Shoes On” corre muito por fora. 

E claro que falar de favoritismo no Oscar é citar o Ke Huy Quan: o astro de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” já pode ser considerado o vencedor de Melhor Ator Coadjuvante.

Mesmo com o desempenho excelente do Brendan Gleeson em “Os Banshees de Inisherin”, é praticamente impossível não concordar que o ator seja uma das melhores qualidades da aventura dos Daniels.

Fora que é um caso de redenção que a Academia tanto ama.  

AS CATEGORIAS MAIS DISPUTADAS 

E chegamos às nove categorias totalmente imprevisíveis. A maioria delas traz de dois a três candidatos fortes, mas, em algumas, todos podem ganhar. 

Curta-metragem em live-action mostra isso à perfeição: produzido pelo Alfonso Cuáron, “Le Pupille” está ligeiramente na frente, mas, com “Ivalu”, “The Red Suitcase” e “An Irish Goodbye” bem vivos na corrida. Somente “Night Ride” está mais distante. 

Em Melhor Maquiagem e Penteado, a Academia pode se dividir entre dois tipos de trabalhos que costuma premiar: “Elvis” com a recriação perfeita da extravagância do universo do Rei do Rock e “A Baleia” pela transformação visual do Brendan Fraser. “Batman”, “Nada de Novo no Front” e “Wakanda Forever” estão mais atrás, mas, com chances reais de surpreenderem. 

“Elvis”, “Wakanda Forever” e “Babilônia” são candidatos fortes em Melhor Figurino.

Se a Ruth E. Carter pode ser bicampeã pela Marvel, a Catherine Martin chega com o peso de quatro estatuetas douradas e pode obter mais uma com a cinebiografia.

Por fim, a Mary Zophres quer o primeiro Oscar ao reeditar a parceria com o Damien Chazelle após “La La Land”.  

São credenciais fortes para todas elas vencerem. O Bafta e o prêmio do sindicato serão fundamentais para desenrolar esta corrida. 

Pela diversidade de temas, Melhor Documentário se vê como uma das categorias mais imprevisíveis do ano. “Navalny” pode ser um recado da Academia contra Vladimir Putin, mas, como deixar de lado o alerta climático trazido por “Tudo que Respira”?

Fire of Love” possui algumas das imagens mais lindas do ano e uma história poética de amor à ciência e à natureza, enquanto “All the Beauty and the Bloodshed” chega credenciado pelo Leão de Ouro em Veneza? 

Melhor Montagem traz “Top Gun: Maverick” ligeiramente à frente. Ainda assim, as forças de “Tudo em Todo Lugar”, “Os Banshees de Inisherin” e “TÁR” não podem ser desconsideradas, especialmente, em uma categoria sempre importante para Melhor Filme. 

A princípio, “Entre Mulheres” seria favorito absoluto em Roteiro Adaptado. Afinal de contas, desde o início da temporada, a Sarah Polley é cotada para estar entre as indicadas.

Por outro lado, a produção da Sony caiu tanto que fica difícil dizer que vai ganhar.

E isso se complica ainda mais quando temos ali “Nada de Novo no Front” e “Top Gun: Maverick”, produções prestigiadas neste Oscar com uma série de indicações.

Hoje, vejo a estatueta mais nas mãos destes dois filmes. 

As categorias principais de atuação estão repletas de possibilidades.

O terceiro Oscar de Cate Blanchett ou o primeiro de Michelle Yeoh em Melhor Atriz? A provável única conquista de “TÁR” ou a pavimentação da vitória de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” rumo a Melhor Filme?  

E Melhor Ator? Austin Butler no filão das cinebiografias ou Brendan Fraser com o combo transformação visual impressionante e comeback do ano? Por que não prestigiar o Colin Farrell, dono da carreira mais regular entre os três favoritos e em uma atuação comovente em “Inisherin”? 

São tantos fatores em jogo que, talvez, nem mesmo os prêmios anteriores ao Oscar resolvam o mistério.

Vai que o SAG premie um, o Bafta consagre outro e por aí vai. Se isso ocorrer, teremos muitas emoções no dia 12 de março. 

Por fim, também considero Melhor Direção muito imprevisível, afinal, o Steven Spielberg tem a narrativa, mas, os Daniels estão com o favorito e, até agora, queridinho da temporada.

A balança fica ainda mais pesada com Martin McDonagh e Todd Field, ambos correndo por fora.  

Aqui, acho que a Academia irá na tradição e ficará com o cineasta de “Os Fabelmans”, porém, se “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” começar a dominar os prêmios impiedosamente, aí, os Daniels serão premiados.