Considerado pela crítica um dos maiores dramaturgos da história do Brasil, Plínio Marcos será homenageado em Manaus, na próxima quinta-feira (29). No dia em que o autor completaria 81 anos, o Casarão de Ideias, na rua Monsenhor Coutinho, 275, Centro de Manaus, sedia uma mostra gratuita sobre o artista paulistano organizado pelo ator e diretor amazonense Cairo Vasconcelos. No evento, será exibido o clássico “Navalha na Carne”, de 1969, com direção de Braz Chediak com Jece Valadão, Glauce Rocha e Emiliano Queiroz no elenco. A sessão começa às 19h.

Mais popular obra da carreira de Plínio Marcos, “Navalha na Carne” traz a história de Neusa (Glauce Rocha), uma prostituta decadente e explorada por Vado (Jece Valadão), seu cafetão. Em meio a brigas e desavenças, ela vai às ruas para ganhar dinheiro enquanto Vado sai com outras mulheres e passa a vida sossegado. O que eles não esperavam, era que Veludo (Emiliano Queiroz), um homossexual que trabalha como faxineiro, roubasse todo o dinheiro dos dois para comprar drogas.

O evento

De acordo com o organizador da Mostra Plínio ‘Maldito’ Marcos, a ideia para o evento surgiu neste ano após assistir a alguns espetáculos que trabalhavam a obra de Plínio Marcos na Mostra de Teatro da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), além da montagem de “Balada de um palhaço”, com atuação de Fred Lima e Michel Guerrero.  “Isso foi um motim para eu dar um start e fazer essa mostra sobre os trabalhos do Plínio. Encontrei com a Carol Calderaro, que é produtora cultural, e ela me ajudou a desenvolvê-la. Já está tudo prontinho para o dia”, declarou Cairo Vasconcelos.

“O que me estimulou também foi o momento político que estamos vivendo. O trabalho do Plínio Marcos surgiu em um momento de repressão no Brasil, da Ditadura Militar [1964-1985]. Suas peças foram bastante censuradas, seus textos são críticos e diretos. Plínio coloca em seus trabalhos o que infelizmente vivemos ainda hoje: pessoas sendo marginalizadas, a decadência do governo, a desimportância com o outro e a falta de estrutura para uma vida básica”, acrescentou o artista, que também é diretor teatral e vai montar o texto “Navalha na Carne” (1969), de Plínio Marcos, em 2017.

Após a exibição do filme às 19h, o público poderá acompanhar uma performance de dança inspirada no texto “Mancha Roxa”, com apresentação da bailarina Carol Souza e do DJ Marcos Tubarão; e por fim o debate sobre as dramaturgias de Plínio Marcos, às 20h30, com o professor do curso de Teatro da UEA e dramaturgo, Jorge Bandeira, com o ator e diretor Tarciano Soares, da companhia teatral Ateliê 23; e o escritor Diego Moraes.

 “O texto de Plínio Marcos não tem uma linguagem muito brusca, ele é bem direto. O público que for participar vai se identificar com os personagens que ele criou, porque são pessoas marginalizadas, como prostitutas, cafetões e homossexuais. Ele usa muito esse universo que chamam de submundo, que a grande maioria deixa de abrir os olhos e finge que não existe. Plínio encara o que está acontecendo no Brasil por meio de seus personagens. O meu objetivo é fazer que entrem e saiam de outra forma”, finalizou.

HISTÓRICO

Plínio Marcos foi um dos primeiros escritores e dramaturgos do Brasil a retratar a vida dos submundos de São Paulo. Poucos escreveram sobre homossexualidade, marginalidade, prostituição e violência com tanta autenticidade. Além de dramaturgo, foi ator, jornalista, tarólogo, camelô de seus próprios livros, técnico da extinta TV Tupi, jogador de futebol e palhaço. Faleceu aos 64 anos de idade em decorrência de falência múltipla de órgãos, após um segundo derrame.

Programação

Data: 29 de setembro 

19h – Exibição de Filme: “Navalha na Carne”(1969) – Direção de Braz Chediak

20h – Performance de dança inspirada no texto “Mancha Roxa”, com  apresentação da bailarina Carol Souza e DJ Marcos Tubarão

20h30 – Bate Papo Plínio Marcos: suas dramaturgias e a atualidade
Mediador: Diego Moraes. Convidados: os diretores teatrais Jorge Bandeira e Tarciano Soares.

com informações de assessoria