Academia, Academia… o que fizeste, Academia?

“Belfast” se sagra o grande ganhador de Melhor Roteiro Original superando candidatos fortes como  “Licorice Pizza“ e “Não Olhe Para Cima”. Esta se torna a primeira conquista da carreira do Kenneth Branagh no Oscar após ser nomeado em sete categorias diferentes da premiação ao longo de três décadas. 

Talvez seja este um dos motivos para os votantes terem eleito “Belfast”: Branagh é um sujeito talentoso, se equilibrando bem e há muito tempo entre o cinema mais comercial e as adaptações de gigantes da literatura como William Shakespeare e, mais recentemente, Agatha Christie, além de ser um cara extremamente querido pela indústria – basta ver a quantidade de estrelas que reúne a cada novo filme. 

E “Belfast” traz elementos nunca desprezados por Hollywood como o diretor/roteirista indo nas suas origens para traçar a sua paixão pelo ofício aliando isso a uma pitada de nostalgia, questões sociopolíticas embalando tudo pela ótica infantil. Tudo lindo, né?  

Só que não. 

O roteiro do Kenneth Branagh não consegue dar coesão a todas as tramas, gerando momentos soltos e mal amarrados. Com isso, “Belfast” não decola e fica sem atingir a força pretendida, especialmente, nos trechos mais dramáticos. 

“Belfast” era o pior resultado possível dentro da categoria – sim, pior até mesmo do que “King Richard” que, na minha visão, não ter no roteiro seus problemas. Junto com “Green Book” e “Crash” forma tranquilamente os vencedores mais fracos deste século.