O Amazonas é um dos cinco Estados brasileiros a participarem do projeto de telefilmes regionais da Globo Filmes. Com direção de Fábio Baldo (“Antes o Tempo Não Acabava”) e roteiro de Flávia Abtibol (“Dom Kimura”), “Deus Me Livre, Mas Quem Me Dera” foi o projeto amazonense escolhido. As gravações previstas para acontecerem no primeiro semestre de 2021 contarão com produtores, atores locais e terão consultorias dos curadores artísticos Selton Mello e Fabricio Mamberti, além do apoio da Rede Amazônica, afiliada da Rede Globo. 

“Deus Me Livre, Mas Quem Me Dera” seguirá a história da banda de Jeff que embarca para uma oportunidade incrível e única: cantar no festival de Parintins. Porém, perdem sua vocalista Morena, que não segue na viagem, sem deixar explicações. Ao mesmo tempo. Josy, jovem que trabalha no barco, tem uma bela voz e sonha em ser cantora. Quando os dois se unem e Josy se vê prestes a realizar seu sonho, Morena ressurge. Além da dobradinha Baldo e Abtibol, o projeto ainda conta com produção executiva de Théo Alves, direção de produção de Elenise Maia e direção de fotografia de Yure César.

Segundo a Globo Filmes, os Telefilmes Regionais pretendem mostrar a diversidade das regiões brasileiras, a partir de temáticas relacionadas à realidade local, com imagens que vão além dos cartões-postais. A proposta é fomentar a produção audiovisual para além do eixo Rio-São Paulo, “estimulando a pluralidade nos mais diversos cantos do Brasil, onde nem sempre há oportunidades para o potencial destes profissionais”.   

Com edições anuais desde 2016, a iniciativa viabiliza telefilmes de cerca de 40 minutos, com participação ativa da Globo Filmes em todas as etapas de desenvolvimento, do argumento ao corte final. Assinando como coprodutora, os recursos são destinados para o desenvolvimento e a produção dos projetos via artigo 3ºA. A participação das emissoras de cada região também é determinante no processo de regionalização dos conteúdos, em sintonia com a população local.  

O Cine Set conversou com Fábio Baldo e Flávia Abtibol para saber mais detalhes do projeto. Confira abaixo:

FÁBIO BALDO 

Fábio Baldo co-dirigiu “Antes o Tempo Não Acabava”, ao lado de Sérgio Andrade, e foi o montador de “A Floresta de Jonathas”.

Cine Set – As filmagens devem acontecer no primeiro semestre de 2021. Quais são expectativas para as próximas etapas e como elas serão? De que modo a pandemia da Covid-19 vai influir neste processo?

Fábio Baldo – Atualmente, estamos na etapa de desenvolvimento do projeto e muito animados com os caminhos que o roteiro está seguindo. Inevitavelmente, a pandemia nos trouxe novas diretrizes de trabalho e, pelo menos nesse estágio inicial, estamos operando de forma totalmente online. Já para as fases de pré produção e produção, estamos pensando em todas as medidas de segurança adotadas pelas produções nacionais, visando sempre a proteção e o resguardo da equipe.

Cine Set – Quais são as características que você destaca que o público pode esperar do projeto?

Fábio Baldo – O filme carrega uma proposta leve e bem humorada e se apoia em personagens tipicamente regionais. O universo folclórico da festa de Parintins e a música brega são elementos centrais na narrativa que conta com personagens fortes e com muita personalidade. Estamos empenhados em fazer um filme com apelo popular e capaz de dialogar com toda a família.

Cine Set – Você já trabalhou aqui no audiovisual amazonense co-dirigindo “Antes o Tempo Não Acabava” ao lado do Sérgio Andrade, além de ser o montador de “A Floresta de Jonathas“. O que te atrai na região e como você observa as potencialidades para se fazer cinema e televisão?

Fábio Baldo – Sempre tive muito interesse pela cultura amazonense. Foi um aprendizado enorme ter tido a experiência de trabalhar com profissionais tão talentosos que me acolheram e me ajudaram a entender melhor as tradições e os costumes locais. Flávia é uma pessoa incrível e tem uma visão artística bastante única. Tenho certeza que esse projeto vai ajudar a difundir um pouco mais a cultura da Região Norte nesse Brasil que, infelizmente, ainda carrega um ideal romantizado da Amazônia.

Cine Set – Você já tem ideias de nomes para o elenco? Serão atores todos de Manaus ou será chamado alguém de fora?

Fábio Baldo – Ainda estamos em processo de casting e negociações de datas com algumas atrizes e atores, mas podemos garantir que todo nosso elenco será manauara.

FLÁVIA ABTIBOL 

Flávia Abtibol dirigiu os curta documentais “O Céu dos Índios” e “Dom Kimura”, além do ficcional “Strip Solidão”.

Cine Set – Como surgiu esta parceria entre você e o Fábio Baldo para o “Deus Me Livre, Mas Quem Me Dera”?

Flávia Abtibol – Tenho “cercado” Fábio há algum tempo (risos), fazendo convites para que ele atuasse como consultor em projetos de formação em audiovisual, laboratórios e também para compor a equipe técnica de algumas propostas da Tamba-Tajá Criações que concorreram em editais, mas que, por diversos fatores, acabaram não seguindo adiante. Acredito muito no potencial dele como realizador, em seu senso estético e forma de trabalho, sempre precisa e afetuosa. Por todas essas razões, fiz esse convite para que ele fosse o diretor da proposta que concorria na chamada para telefilme regional, considerando, ainda, sua intimidade com Manaus e região amazônica, adquirida com os trabalhos que desempenhou junto a produtora Rio Tarumã Filmes, obtendo grande êxito.

Cine Set – Falando um pouco da trama, pela sinopse liberada, temos um triângulo amoroso situado em meio ao maior evento artístico/cultural do Amazonas e com cenários típicos da região. Qual a abordagem que a história vai seguir: será uma comédia romântica, um drama? E quais influências você utilizou para a construção da trama?

Flávia Abtibol – “Deus Me Livre, Mas Quem Me Dera” é uma comédia romântica musical construída sob medida para esta chamada de telefilme regional e busca fazer uma verdadeira celebração de nossas caboquices, nosso cotidiano anfíbio, apresentando essas particularidades de uma calorosa e sacudida Manaus em plena véspera do Festival de Parintins, quando tudo está ainda mais vibrante. O enredo que a história traz tem sido construído há algum tempo, por conta da minha paixão por viagens de barco e uma certa obsessão em pensar rivermovies, ou seja, tramas que acontecem em pleno trânsito e seguindo o fluxo dos rios amazônicos. Ao longo de aproximadamente 40 minutos, contaremos a história de Morena (Daniela Blois), uma jovem e simples tripulante de uma embarcação ancorada na Manaus Moderna, ansiosa por uma reviravolta em sua vida, que vai virar de ponta a cabeça com a chegada de Jeff, um músico cansado pelas rasteiras que a vida tem lhe dado. Não quero revelar muito agora, mas adianto que essa história foi pensada para acolher e embalar o público amazônida e fazê-lo sonhar junto.

Cine Set – Sobre a curadoria artística do Selton Mello e Fabricio Mamberti: qual sua expectativa para esta parceria e no que você considera que isso pode contribuir para o desenvolvimento do projeto?

Flávia Abtibol – O projeto já está em pleno processo de desenvolvimento com o consultor artístico Fabrício Mamberti, um profissional maravilhoso, paciente e que tem se dedicado muito à lapidação dessa proposta. Já retrabalhei o argumento original, aprovei a proposta de escaleta e, agora, me dedico à escrita das primeiras cenas do roteiro. Todo esse processo tem sido minuciosamente acompanhado por Fabrício Mamberti (Globo), pela equipe da Globo Filmes e pela equipe de programação da Rede Amazônica, numa grande parceria que tem me proporcionado um aprendizado imenso. Sinto que cada reunião de desenvolvimento é uma aula, com foco na construção de um roteiro denso, sem furos e com personagens cada vez mais críveis, uma lição que certamente vou levar para meus futuros projetos. Apesar de toda essa dedicação e presença nos debates, Fabrício sempre deixou clara a sua posição sobre meu direito de escolha como criadora e isso tem me deixado tranquila em todo esse processo.

Cine Set – Como realizadora audiovisual do Amazonas que já realizou curtas de documentário e ficção, de que forma estes telefilmes regionais podem contribuir para uma valorização do audiovisual local e também em trazer novas visões sobre o homem e a mulher amazônico?

Flávia Abtibol – Nós que fazemos curtas e médias que circulam em festivais, mostras e outras plataformas mais alternativas, não temos bem a noção da diferença que é exibir uma obra em TV Aberta, sobretudo, no canal com a maior audiência do país. É algo surreal pensar que “Deus Me Livre, Mas Quem Me Dera” – numa tarde de sábado – possa entrar na casa de milhares de pessoas. Considero uma chance única de dialogar com o grande público, conceber e apresentar obras que trabalhem a representatividade regional, gerando um sentimento raramente vivenciado por nós, amazônidas, que é termos nosso sotaque, nossa pele morena, traços caboclos e tantos outros elementos que nos compõem, protagonizando uma obra na TV. Por tudo isso, esse projeto tem me emocionado muito, pois sempre senti falta desse protagonismo de nossas histórias, sempre me inquietei ao ver apenas tramas sulistas com todo esse destaque. Fico muito honrada em somar esforços para uma possível mudança de paradigma que vem se ensaiando e espero que essa experiência possa impulsionar nossos talentosos e aguerridos realizadores locais a empreenderem cada vez mais projetos que tenham esse regionalismo em primeiro plano, com elenco totalmente local. Há uma demanda histórica e, felizmente, também já há um mercado receptivo para tais histórias.

CONFIRA OS PROJETOS SELECIONADOS NESTE ANO PELA GLOBO FILMES:

Selton Melo e Fabricio Mamberti serão os consultores artísticos dos telefilmes regionais

BAHIA: Moraes e Moreira  

Sinopse: Acompanhamos a saga de dois irmãos atrás do pai que nunca conheceram, desaparecido no mar 18 anos antes.  

Direção: Giovani Lima  

Roteiro: Toni Couto  

Produção: Malagueta Filmes     

DISTRITO FEDERAL: Na Flor da Idade  

Sinopse: Rosa e Lírio estão solitários e decidem usar um aplicativo de paquera, mas precisam dar um jeito de assumir a idade que têm.  

Direção: Mykaela Plotikin  

Roteiro: Getsemane Silva  

Produção: Machado Filmes  

MINAS GERAIS: Vivo Ou Morto  

Sinopse: Chico Santo é um artesão e péssimo vendedor. Suas peças acumulam poeira e seu bolso acumula dívidas. Certo dia, ameaçado de morte por um cobrador, Chico Santo acata a sugestão de seu interesseiro assistente e falseia sua própria morte. Acompanhamos as consequências de deixar de existir.  

Direção: Diego Rocha  

Roteiro: Diego Rocha  

Produção: Gibraltar Filmes  

CEARÁ: O Sonho a Ser Considerado  

Sinopse: Richardson sonha em se tornar famoso como artista de clipes, assim como conseguiu seu ídolo Bruninho K9. Quando ele faz um vídeo de sucesso, Bruninho K9 responde com ofensas esnobes. Os dois travam uma batalha de clipes que muda a vida e carreira de ambos artistas.  

Direção e roteiro: Yargo Gurjão e Roger Pires  

Produção: AGA Produções  

AMAZONAS: Deus Me Livre, Mas Quem Me Dera  

Sinopse: A banda de Jeff embarca para uma oportunidade incrível e única: cantar no festival de Parintins. Porém, perdem sua vocalista Morena, que não segue na viagem, sem deixar explicações. Ao mesmo tempo. Josy, jovem que trabalha no barco, tem uma bela voz e sonha em ser cantora. Quando os dois se unem e Josy se vê prestes a realizar seu sonho, Morena ressurge.  

Direção: Fabio Baldo  

Roteiro: Flavia Abtibol  

Produção: Tamba-Tajá Criações 

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