Quantas histórias de Camelot, Rei Arthur, Excalibur, os Cavaleiros da Távola Redonda já foram feitas nas telonas? Cá estamos em 2017 e, novamente, a espada é retirada da pedra mágica. Talvez apenas Peter Pan e Robin Hood sejam adversários fortes de tramas contadas diversas vezes no cinema.

A Warner sabia disso e nada melhor que fingir certa originalidade com um frescor novo do que chamar Guy Ritchie.

E o que é Guy Ritchie?

O ex-marido da Madonna é aquele tipo de diretor capaz de imprimir um estilo de ludibriar o espectador: narrativa embalada por uma montagem acelerada com diversos vai e volta no tempo, diálogos rápidos metidos a afiados, ritmo de videoclipe, cenas de ação entre o slow motion e as imagens com cortes rápidos, atores bem à vontade e se divertindo em cena, etc. Tudo isso encobre muitas vezes a fraqueza ou ausência de uma trama interessante como, por exemplo, aconteceu com os dois filmes da série “Sherlock Holmes” e o charmoso “O Agente da U.N.C.L.E”.

“Rei Arthur – A Lenda da Espada” traz o melhor e o pior de tudo isso. O mesmo ritmo acelerado capaz de irritar como na confusa situação das brigas com os vikings é capaz de render a ótima introdução ao que aconteceu com o protagonista após deixar o reinado com a morte do pai (Eric Bana desperdiçado). Roubando características de “Game of Thrones” e “O Senhor dos Anéis”, a direção de arte entre o fantástico e o real transforma as cenas de ação em momentos mais impactantes, pois, realça as ações dos personagens principais quase sendo figuras vindas dos quadrinhos com superpoderes. Com elementos clássicos do cinema de Guy Ritchie, ou seja, figurinos belíssimos e trilha sonora entre o moderno e o clássico, o estilo visual fica garantido.

Quanto aos rumos da trama, bem, nada de novo no front uma luta do bem e do mal das mais banais. Charlie Hunnam traz como maior mérito o vigor físico para interpretar o herói. Sem carisma ou charme, o ator inglês não chega a atrapalhar apesar de entregar um desempenho burocrático. Já Jude Law se diverte como o vilão com abuso das caras de malvado e sai como o ponto positivo do elenco ao não se levar a sério.

Resultado de imagem para rei arthur nos cinemas

Guy Ritchie mantém o seu estilão sem inovações, o que pode ser uma decepção para quem começou com “Snatch” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” ou um alívio perante desastres como “Destino Insólito” e “RockRolla”. De qualquer maneira, será um filme tão memorável quanto o “Rei Arthur” com Clive Owen e Keira Knightley. Lembra?