Aldemar Matias

Sou suspeito para falar do Aldemar, pois, admito ser verdadeiramente muito fã do trabalho dele. Logo na estreia em curtas-metragens que pude ver dele, estava claro que ali tinha alguém com um olhar diferente, raro de se encontrar. Refiro-me ao divertido “A Profecia de Elizon”, um filme despretensioso, mas que já revela o talento deste cineasta. Não tenho nenhum pudor em falar que Aldemar Matias é um cineasta. Na minha opinião, o melhor cineasta amazonense há alguns anos.

Desenvolvendo uma carreira tão interessante, com destaque para o videoclipe She’s Drunk – How I Felt, além do nada menos que excepcional “Parente”, em 2013, Aldemar mostrou uma cara completamente diferente, mais madura. O resultado foi “Anos de Luz”, um trabalho que marca uma nova fase do diretor. Vencedor de tantos prêmios no Amazonas Film Festival, o filme também foi selecionado para o Festival de Cinema de Cuiabá.

Realizando um curso em Cuba há quase um ano, Aldemar realizou outro curta-metragem ainda não lançado chamado When I Get Home. Estando na fase final do seu curso, 2014 promete ser um ano de muita movimentação para o cineasta: “Em março, começo a produção da minha tese de conclusão de curso da Escuela de Cine y TV de Cuba. Será um curta documentário de até 30 minutos, mas o assunto ainda não está definido. E talvez essa escolha de tema seja ainda mais difícil que fazer o próprio filme. Quando se vive por um tempo determinado num país tão complexo como Cuba, a tendência é querer meter todas suas experiências em uma só história. Há que resistir à tentação! Esse tipo de salada nunca funciona. Além disso, existe a responsabilidade de dirigir um trabalho que também é a tese de mais 5 alunos, já que a equipe é formada por estudantes finalistas das outras especialidades da Escola. Estamos com um fotógrafo nicaraguense, um técnico de som brasileiro, uma produtora dominicana, um editor cubano e um roteirista espanhol. Até julho, quando me graduo, o filme tem que estar pronto. Já a estreia só será definida no segundo semestre”.

Ele ainda afirmou que o mais o chamou a atenção no AFF do ano passado foi “Jardim de Percevejos”, de Francis Madson, “Fico mais empolgado ao descobrir novos trabalhos amazonenses nessa linha do que quando surge um curta bem filmado, bem editado, mas que sofre de alma, que não te dá um soco, entende?”. E indo nessa toada, ele diz que neste ano prefere que a produção audiovisual coloque a qualidade na frente da quantidade.

Filmes favoritos de 2013: “Pelo Malo” (“Forte e sensível”); “O Passado” (“Não há diretor contemporâneo que trabalhe melhor as relações de casal do que Farhadi”); “Um Estranho no Lago” (“Pequeno grande filme!”).

Zeudi Souza

Desde “O Colosso do Norte” de 2011, Zeudi Souza não lançou mais nenhum filme. Durante esse hiato, ele não ficou parado: buscou melhor especialização dentro do setor do audiovisual, trabalhou em alguns filmes como preparador de elenco, formou-se em Teatro pela UEA. Neste ano, o diretor volta aos sets de filmagem e se prepara para gravar “No Rio das Borboletas”.

“O trabalho é um curta-metragem de aproximadamente 25 minutos, e trata da relação de quatro mulheres que vivem em um lugar isolado da Amazônia, e em meio a essa solidão as duas irmãs travam um impasse se vão ou não em busca de ajuda à mãe que se encontra enferma, e no meio desse duelo há uma irmã autista que vive um mundo a parte das três mulheres. Confesso que tenho uma grande ambição de trazer a Dira Paes para esse trabalho, porém o elenco ainda não está fechado”.

Além de No Rio, Zeudi tem outros projetos em mente para o restante do ano. “Hoje não me deixo levar pela ansiedade, tenho apreço pelo trabalho bem feito, bem realizado. 2014 é o ano de fazer esses projetos virem à tona, tanto no cinema como no teatro. No cinema, quero rodar ainda um curta chamado “Bicicleta Amarela” e no teatro entrar em cartaz com a peça “A morte bate a porta”, escrita por Woody Allen e adaptado por mim e Robson Ney.

Como destaque da produção amazonense de 2013, Zeudi cita “Anos de Luz”, de Aldemar Matias: “é um trabalho que dá orgulho de perceber o quanto de amadurecimento artístico há nessa realização, buscando trabalhar outros princípios desse cinema, que é a forma como a câmera vai de encontro a fronteira da historia”.

Filmes favoritos de 2013: “Os Suspeitos”; “Gravidade”; “Blue Jasmine”.

Leonardo Mancini

Nome bastante ativo na produção audiovisual amazonense, Leonardo Mancini pode-se dizer que joga em todas as posições. Já montou filme para um diretor, produziu outro, finalizou, protagonizou, roteirizou, dirigiu e se existissem outras funções, ele certamente estaria apto a executar para os seus parceiros de “crime”.

2014 promete ser um ano bastante agitado para Mancini, apelidado de Mancha pelos colegas mais próximos. Segundo ele, serão, pelo menos, três projetos: a montagem de “Mau Hábito”, de Moacyr Massulo, produção e montagem de  “Nascer, Crescer e Negar”, do Emerson Medina, além da direção e montagem ao lado de Rod Castro do filme “Al Dente”. Pensa que para por aí? Engano seu.

“Estamos trabalhando uma série a partir do roteiro de 444, nossos dois centavos no universo de pragas/zumbis e afins. Ainda quero desenvolver animações: uma chamada “A Última Balada de Elmanchez”, a outra “The King-Size Orquestra” e tirar a poeira de um projeto antigo chamado “Chama-Viva”. Mas estes, veja bem, são projetos os quais desenvolvo há anos e é muito importante encontrar uma equipe apta ou um edital pra respaldar. E isto apenas no primeiro trimestre. Eu tenho roteiro que estou desenvolvendo para um longa, sinto que chegou a hora. Há também o roteiro de um curta-metragem que já está pronto e quero desenvolver, mas ainda não quero revelar detalhes, até porque não é um roteiro que vá ganhar editais ou qualquer coisa do tipo, pois não se encaixa no perfil das comissões de seleção (afinal, somente Deus sabe o que eles querem). O que posso falar é que eu quero usar técnicas de gravação com efeitos que, para mim, são o desafio, de manter um aspecto visual diferente para uma história relativamente simples”.

Figura carimbada em várias edições do Amazonas Film Festival, Mancha dirigiu em 2013, ao lado de Rod Castro, o badalado “A Lista”, filme que causou opiniões diversas pelos vários lugares onde passou. “A crítica foi severa, em contrapartida, a reação do público foi excelente. Fizemos exibições em várias faculdades por convite de nossos amigos Abrahim Baze, Eudóxia Pereira e Cláudia Souza, além de uma vernissage organizada junto com Sergio Cardoso e a exibição do festival. Para mim, nesses locais, tivemos as melhores críticas, os melhores prêmios. Sofremos ataques idem, ironicamente sobre a estética e técnica que adotamos. Críticas que por vezes pareceram gratuitas, pois em nenhum momento discutiu-se a ideia por trás da história que queríamos passar. A experiência deste curta, quando esteve pronto, foi perceber uma certa anestesia por parte de alguns espectadores, que focaram em destrinchar detalhes e deixaram passar quaisquer que fossem as intepretações que queríamos passar. Já o público, por outro lado, assistia animado ao que fazíamos e trouxeram as mais insanas e incríveis interpretações do que viram. Acho que, por adotarmos uma narrativa mais fincada numa cultura pop, cuja edição teve uma mão pesada, provavelmente afugentamos os artistas e atraímos as pessoas, o que considero uma vitória”.

Para destacar bons nomes do cinema amazonense, Mancha lembra os seguintes nomes: Junior Rodrigues, Sérgio Andrade, Yure Cesar, Emerson Medina, Rod Castro, Moacyr Massulo, Diego Nogueira, Rafael Ramos, Dheik Praia, Zeudi Souza, Carolina Fernandes, Aldemar Matias, Sambatango Filmes, 602 Filmes, Castanheiras Filmes e Plano A Filmes.

Filmes Favoritos de 2013: “Django Livre”, “Gravidade” e “O Mestre”

Abrahim Baze Jr.

O coordenador do curso de Tecnologia em Produção Audiovisual na UEA acredita que 2013 foi um ano de bons resultados, e que podem resultar numa boa continuidade para o mercado da cidade: “Para o curso da UEA, o ano foi de vitórias e conquistas. Com o apoio da reitoria e departamentos responsáveis, conseguimos a compra dos equipamentos do curso, estamos fechando a licitação de reforma do laboratório e estúdio, filiamos o curso ao FORCINE – Fórum das Escolas de Cinema e Audiovisual, fechamos parceria com a Escola Darcy Ribeiro de Cinema para oficinas técnicas profissionalizantes para o curso. Neste começo de semestre, estamos realizando o Festival de Cinema Universitário de Cinema e Fotografia, o Ciclo de Palestras em Audiovisual, fechamos acordo com o Ministério do Trabalho para que os alunos saiam com Registro Profissional de Produtor Audiovisual, e várias outras conquistas”.

Neste ano, Baze está desenvolvendo uma produtora para dar mais opções no mercado: “Estou lançando uma nova empresa no mercado, a Baze Cultural. Ela tem como foco o apoio a projetos, captação de recurso, execução, produção, leis de incentivo, palestras e workshops, com intuito de ajudar quem está começando com todos os tramites e apoio na execução de seus projetos. Estamos em fase de produção de dois documentários sobre a cultura local”.