Próximo do final de “Uma Noite no Museu 3”, o personagem de Ben Stiller contracena com o macaquinho de estimação que carregou durante todos os filmes da agora trilogia. A cena possui um ar cômico trazido pela seriedade com que o ator conduz o momento nonsense de paixão e amor entre as duas criaturas. O clima de bom humor, entretanto, acaba sendo sabotado pela trilha emotiva e dramática sempre em busca do choro fácil do espectador.

Despedida de Robin Williams é o único momento marcante do filme

Essa sequência esquisita pelo divórcio de objetivos entre o que a imagem e o som buscam na cena representa bem como a série “Uma Noite no Museu” perdeu a chance de explorar diversas oportunidades de brincar com o passado e ser uma aventura criativa nos moldes de “Indiana Jones” para se fixar no caminho mais fácil de ser um entretenimento familiar para arrecadar milhões nas bilheterias. Sem um pingo de personalidade, com roteiros sem criatividade e incapaz de criar personagens realmente memoráveis, os filmes precisaram contar com todo o talento de Ben Stiller e de coadjuvantes de peso como Owen Wilson e o querido Robin Williams para não se tornar irrelevante.

Chega a ser decepcionante assistir a pobreza apresentada em “Uma Noite no Museu 3”. O roteiro escrito por quatro profissionais parece ter ficado somente no argumento, quando se traz a base da trama. De resto, não há mais nada sendo tudo uma grande série de ocasiões mal desenvolvidas. A sequência da queda do caubói ao lado do general romano pelo tubo de ventilação até a chegada em Pompéia, por exemplo, em nada acrescenta ao arco dramático principal, enquanto a mudança súbita de comportamento de Lancelot com a fuga dele por Londres não passa de uma tentativa de criar um momento de perseguição clássico na parte final de um filme de aventura. Figuras como Átila e Teddy Roosevelt ficam sem ter muito o que fazer a não ser avisar ao protagonista para ele acelerar a resolução do problema já que estão perdendo a vida.

O que ainda salva “Uma Noite no Museu 3” são os bons momentos de humor como o relacionamento entre Jedediah (Owen Wilson) e Octavius (Steve Coogan), a careteira e engraçada vigia noturna Tilly (a carismática Rebel Wilson) e a amizade entre Larry (Stiller) e um Neanderthal igual a ele. São esses trechos que mostram a fagulha do que realmente poderia ter sido a série apostando no humor e em situações inusitadas para colocar aquelas figuras históricas e os personagens ao redor deles.

O filme, entretanto, tem outras pretensões, sendo a principal delas gerar novas continuações agora com o elenco liderado por Rebel Wilson e Ricky Gervais. Sem um diretor forte (Shawn Levy está ali apenas para dirigir do jeito que o estúdio pede) e com Ben Stiller doido para se livrar da franquia, “Uma Noite no Museu 3” somente consegue ser marcante por ser a última aparição de Robin Williams no cinema e pela emocionante frase dita pelo personagem dele na despedida do filme (“cumpriu seu dever”) sintetizando tudo o que sentimos por esse monstro do cinema americano.