Traumas são sempre um infortúnio na vida das pessoas, encará-los vai além da força física. Há um misto de tentar sobreviver e se entregar às lamúrias que nos fazem chegar àquele ponto de total fundo do poço ou superá-los. Alguns conseguem facilmente a superação, outros ainda levam tempo e têm aqueles que nunca de fato conseguem seguir adiante. Afinal, não há trauma menor ou maior; são feridas que se manifestam de diferentes modos no corpo e mente de qualquer um.
Partindo também dessa premissa, Scott Mann (“O Sequestro do Ônibus 657” e “Refém do Jogo”) capitaneia um dos filmes mais angustiantes do ano, “A Queda”. A alpinista Becky (Grace Caroline Currey) sofreu um trauma terrível e não quer de forma alguma ser salva. Nem o seu pai, em breve participação de Jeffey Dean Morgan (“The Walking Dead”), consegue convencer a filha a lutar por si mesma.
Resta à melhor amiga, Hunter (Virginia Gardner) tentar recuperar o ânimo de viver de Becky. Hunter tem um espírito aventureiro e também é uma alpinista. Logo, propõe uma loucura para a amiga: escalar uma antiga torre de TV abandonada de 600 metros! A princípio a protagonista não aceita, mas é vencida pelo cansaço de si mesma e da amiga.
BUSCA E DESESPERO PELA VIDA
Para narrar essa estória, Mann usa de artimanhas triviais para o seu desenrolar, mas com um adendo: os primeiros minutos do filme são definitivamente para condensar e se aprofundar no íntimo dessas duas mulheres que são tão diferentes – Becky é uma mulher que sofre enquanto Hunter (sacaram o nome?) é uma influencer de muitos seguidores que adoram as suas aventuras – e tão próximas.
Ao longo deste primeiro momento, o diretor joga pequenas ações que farão sentido mais à frente quando elas dão de cara com urubus, por exemplo. Clichê? Sim, mas funciona. O mesmo acontece já quando as meninas estão subindo a torre e a tensão aumenta. Pequenas tomadas dando destaque para a ferrugem, os parafusos se soltando e, em plano mais aberto, a grandiosidade da torre. Quem tem problemas com altura, como a pessoa que vos escreve, certamente, terá uma pequena vertigem.
Quando o inevitável acontece e as escadas caem é que a tensão, angústia e pavor realmente começam. É a busca e o desespero pela vida, em sobreviver sem o sinal do telefone, sem água, comida, a mudança do clima, feridas que atraem os urubus, a corda que é pouca e, a qualquer passo em falso, despencar 600 metros abaixo.
TODOS SALVOS!
Becky e Hunter só tem uma à outra para sobreviver e se apoiar e tentar sair daquela situação. Ainda que o enredo deslize para um caminho desnecessário que não acrescenta em nada à trama. O mesmo se pode dizer de alguns (d)efeitos especiais um tanto amadores. Porém, em um contexto geral e para o conceito que Mann propunha, há uma satisfação ao final.
No fim, “A Queda” é um filme simples, clichê e eficaz, servindo mais como uma alegoria sobre sobrevivência e lutar contra instintos e ações externas que influenciem na vida da pessoa.
Entre erros e acertos, salvaram-se todos!
Só não gostei do final apressado.
Crítica de filme deve sempre indicar o título da obra no idioma original, ao menos na primeira referência.
Não concordo com a referência clichê, até porque é um filme que se aproxima da realidade de muitos curiosos que tendem a subir em torres assim, e por muitas vezes, poderia até acontecer dessa forma mesmo, até se colocasse muitos efeitos especiais tiraria a realidade dos fatos, o filme está bem realista, tirando a parte dos parafusos, mesmo que antigos, sem porcas, isso sim ficou um pouco clichê.