O diretor Tom George, vindo de um sucesso aclamado na TV britânica, (“This Country” 2017) com três temporadas e conquistando vários prêmios, encara em “Veja como Eles Correm” sua primeira obra no cinema. Em entrevista ao site Collider, o diretor contou como foi fazer seu primeiro filme, sobre a mudança no roteiro e a montagem do elenco após o teste de exibição. Fato que, na entrevista, Tom revelou que nunca fora fã de mistérios policiais e que não imaginaria fazer algo assim em sua estreia no cinema. O que realmente o fez convencer fora o roteiro de Mark Chappell, acreditando que seria uma ótima ideia além de um desafio. 

“Veja como Eles Correm” acontece na longínqua Londres no início da década de 1950 e brinca com a ideia de transformar “A Ratoeira” (1947), clássico de Agatha Christie, em um filme. O assassinato do diretor, entretanto, interfere nos planos. A produção de Tom George usa e abusa da sátira, o que permite ao estrelado elenco adotar o tom satírico desprovido de qualquer seriedade (no bom sentido), ao decorrer da trama. 

O sarcasmo dos protagonistas Constable Stalker (Saoirse Ronan) e Inspector Stoppard (Sam Rockwell) pouco interfere em um balanceado misto de emoções, ora entediante, ora empolgante. Nisso, temos que dar todo o crédito a Adrien Brody vivendo o espirituoso e lascivo Leo Köpernick, como interlocutor que carrega o filme nas costas por muito tempo. 

ECOS DE “ELVIS”

Inevitável não associar “Veja como Eles Correm” com “Elvis” (2022) por conta da ambientação, iluminação com cores vibrantes em meio a um contraste saturado junto a frenéticos jogos de câmeras e até mesmo na narração inicial. Tudo isso soaria genial se fossem apenas meras influências, porém as semelhanças são extravagantes. É notável o quanto essas artimanhas e inspirações, permitiram uma alta qualidade visual, porém nada original. Se dividirmos o filme em partes, é possível identificar no primeiro ato as semelhanças citadas acima. 

Nota-se também, um contraste de emoções, no qual, a diversão e o tédio flertam ao longo da obra. O que temos é um filme que brinca com o próprio roteiro, satirizando e “entregando” o plot a todo momento de maneira velada. As ironias e sarcasmos em cima do ensaio de Agatha, parecem não ter funcionado da maneira como se devia. O tratamento cômico sobre uma peça de mistério, soou trágico, em uma releitura com atuações interessantes, ambientação fantástica, porém precária em seu roteiro.