Em meio às aulas e projetos no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas, Matheus Mota, de 22 anos, prepara a estreia como diretor de curtas-metragens em dois projetos: “Folhas Brancas” e “Sociedade Fluída”. O primeiro filme está em fase de pós-produção, enquanto o segundo deve iniciar o processo de gravações ainda no primeiro semestre.


Folhas Brancas – o Mal de Alzheimer na relação pai e filho

Curta de ficção produzido pela Lens Produções, “Folhas Brancas” mostra a história a relação de um pai (Assis Souza) diagnosticado com o Mal de Alzheimer e o filho (Paul Brown). Ao longo do filme, vemos como a evolução da doença afeta o garoto. Segundo Matheus, a ideia para o projeto veio em uma oficina feita na Amacine. “O Z Leão pediu para todos os alunos fazerem um curta como exercício, e eu sempre fui muito do drama, adoro escrever drama. A ideia veio mais como algo natural e simples. O roteiro foi aprovado pelo Júnior que viu um certo charme no projeto, mas, acabei retirando da Amacine e levei para o Lucas Simões, na Lens”, relata.

A ideia de fazer um curta sobre o Alzheimer veio após Matheus assistir a uma entrevista de um neto que cuidava da avó com a doença. “Achei lindo como a relação deles era muito profunda. Começamos a produzir em agosto de 2015 e vamos finalizar o filme em junho deste ano”, afirmou. “Eu nunca me vi como diretor até começar a produzir o ‘Folhas’. Meus amigos falavam que eu tinha muitas referências e capacidade de liderar, sempre tive medo de dirigir, coisa que foi ficando cada vez mais comum quando o filme começou”, disse Matheus.

Matheus disse que “Folhas Brancas” ainda não tem data de lançamento, mas, que a expectativa é lançar o curta em um festival fora do Amazonas em breve.

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Sociedade Fluída – gênero e sexualidade em discussão

Projeto mais ambicioso, “Sociedade Fluída” será um curta experimental que, segundo o próprio diretor, pretende trabalhar “a noção de identidade e sexualidade na sociedade contemporânea explorando a transformação física, o desejo carnal, a relação afetiva e/ou amorosa, a luta pela liberdade pessoal e a dor e dificuldade da auto aceitação, um filme que se utiliza da iconicidade para demonstrar a natureza complexa dessas questões”.

Matheus explica que esta temática é um assunto muito caro para ele. “Minha família é bem paradoxal: minha mãe é lésbica, meu pai é evangélico. Cresci numa realidade de classe média e bem machista ao mesmo tempo em uma casa de classe baixa repleta de mulheres. As pessoas costumam identificar os outros pelo o que eles têm e fazem. Eu mesmo cresci com várias crises de identidade e tive momentos de depressão. O filme tenta mostrar o quão difícil e doloroso é o processo de auto-aceitação e auto-afirmação”, declarou.

Com a pretensão de fazer um cinema de colagens de imagens girando sobre uma determinada temática, Matheus Mota chamou para a equipe do filme profissionais da área do design, artes plásticas, moda e artes urbanas em geral. “No ‘Folhas Brancas, eu optei por trabalhar com as pessoas que já fazem cinema aqui em Manaus rotineiramente e que sabia que me dariam uma estabilidade profissional para realizar o projeto de forma no mínimo correta. Já em “Sociedade Fluída”, eu virei tudo isso do avesso para que houvesse ideias novas e ousadas, coisa que só viria de quem já não tem os vícios da linguagem do cinema. Não tem nenhum ator famoso; a maioria faz teatro na UEA e na escola Interarte”, declarou.

A equipe do projeto conta com os seguintes nomes:

  • Direção de Arte: Caroene Neves, Ranna Rodrigues, Nilberto Jorge e Manuela Marinho
  • Produção Executiva: Adriana Rocha e Stephane dos Santos
  • Figurino: Oberdan Nogueira
  • Preparação de Elenco: Tainá Lima
  • Fotografia: Davi Penafort

A ideia de Matheus Mota é lançar “Sociedade Fluída” junto com uma exposição de arte sobre a mesma temática do curta. A data ainda não está definida.