De “Estômago” a “Cidade de Deus”, Caio Pimenta traz a segunda parte dos vencedores do prêmio de Melhor Filme de Ficção do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

10 . BICHO DE SETE CABEÇAS

O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro pode ter muitos defeitos, mas, não se pode criticar dos filmes das cineastas mulheres serem esquecidos. Ao longo de 22 edições, foram cinco produções comandadas por diretoras a vencer a categoria máxima. Uma delas aparece neste ranking na décima posição. 

“Bicho de Sete Cabeças” venceu a primeira edição do evento. Apesar da pesada concorrência de “Lavoura Arcaica”, pode-se dizer que foi um resultado justo. Laís Bodanzky traz para a tela a desesperadora falta de entendimento do mundo das drogas aliada a uma incompreensão em relação à juventude. Com um Rodrigo Santoro brilhante, o filme, infelizmente, segue sendo muito atual. 

9. O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS

Agora, é a vez da produção brasileira que mais perto chegou do Oscar nos últimos anos. 

Dirigido pelo Cao Hamburger, “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” mostra a infância de um garoto sendo atravessada pelo clima de repressão política da ditadura militar.

Inteligente e sensível, o filme trabalha as contradições de uma época dura do país. 

8. A FEBRE

Em 2021, o GP do Cinema Brasileiro trouxe um vitorioso mais fora da curva. 

“A Febre”, da diretora Maya Da-Rin, coloca o Norte em destaque ao trazer a história de um indígena na luta para manter a ancestralidade e suas raízes em meio a um ambiente urbano predatório que avança sobre a floresta.  

Ancorado por um imersivo e inquietante design de som, capaz de dimensionar os choques entre estes dois mundos, a produção traz uma atuação comovente de Regis Myrupu, sendo merecedor das conquistas que obteve no Brasil e mundo afora. 

7. ESTÔMAGO

Enfrentando pesos-pesados como “Ensaio sobre a Cegueira”, do Fernando Meirelles, e “Linha de Passe”, do Walter Salles, “Estômago” foi o vencedor na cerimônia de 2009. 

A surpresa era mais do que merecida, afinal, o longa do Marcos Jorge tem uma história que pega o espectador no minuto inicial e não solta mesmo depois do filme.

São personagens tão interessantes, reviravoltas uma melhor que a outra que o público pede mais. Tanto que até hoje se fala de uma continuação… 

6. BACURAU

O maior fenômeno dos últimos anos do cinema brasileiro ganhou em 2020. 

Se perdeu a vaga no Oscar para “A Vida Invisível”, no GP do Cinema Brasileiro, “Bacurau” deu o troco. Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles acertam a dose entre o cinema de gênero de pegada pop e uma crônica política de um Brasil esquecido e cansado de apanhar em busca de vingança.

Isso tudo ancorado em momentos marcantes que se tornaram memes ambulantes e atuações de tirar a fôlego de Sonia Braga e Silvero Pereira.

Filmaço. 

5. TROPA DE ELITE 2

E o que dizer de “Tropa de Elite 2”? A superprodução do Jorge Padilha fica em quinto lugar neste TOP 10. 

A continuação do ganhador do Urso de Ouro amplia o debate para mostrar o Rio de Janeiro dominado pelas milícias e pela Polícia Militar corrupta em meio a uma guerra contra o tráfico de drogas.

“Tropa 2” ainda apresenta grandes sequências de ação conseguindo fazer um blockbuster brasileiro de alta qualidade técnica.  

4. O LOBO ATRÁS DA PORTA

O quarto lugar vai para uma produção que, quando surgiu, pouca gente apostava que iria tão longe. 

Mas quem mandou “O Lobo Atrás da Porta” contar com um roteiro impecável do Fernando Coimbra e uma Leandra Leal no melhor desempenho da carreira?

Igual “Estômago”, o suspense pretende o público com a imprevisibilidade das ações dos seus personagens, fazendo com que uma história aparentemente simples e banal ganhe contornos assustadores.

 3. O HOMEM QUE COPIAVA

Chegamos ao pódio! “Carandiru” era o favorito fácil de 2004, porém, uma obra vinda lá do Rio Grande do Sul roubou a cena. 

Dirigido pelo Jorge Furtado, “O Homem que Copiava” é mais um exemplo de filme redondinho e muito bem executado.

O quarteto de protagonistas – Lázaro Ramos, Leandra Leal, Pedro Cardoso e Luana Piovani – estão em perfeita sintonia em uma trama que aguarda sempre um agradável novo rumo à medida em que se desenrola.

Prêmio merecidíssimo. 

2. CIDADE DE DEUS

Se você estava esperando uma previsível, sinto muito decepcionar você. 

A medalha de prata fica com “Cidade de Deus”.

O longa do Fernando Meirelles e da Kátia Lund consegue pegar uma história tão rica, complexa e transformá-la em um cinema de alta qualidade de forma acessível, pop, urgente e política.

Do roteiro do Braúlio Mantovani à montagem do Daniel Rezende até a fotografia do César Charlone, o filme ditou, para o bem e para o mal, os rumos do cinema brasileiro nos primeiros anos do século XXI. 

1. QUE HORAS ELA VOLTA?

Crítica: Que Horas Ela Volta?, com Regina Casé

O primeiro colocado é uma produção que eu amo de paixão. 

“Que Horas Ela Volta?” venceu o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em 2016 em uma disputa com grandes produções como “Chatô” e “A História da Eternidade”.

O resultado, claro, não poderia ser outro. Um filme que sintetiza as transformações sociais de um país que dava oportunidade de crescimento para quem nunca tivera esta chance até então.

Assim como antevê as tensões sociais que levariam o Brasil ao estado de coisas que vivemos nos últimos anos.  

Tudo isso, entretanto, sem panfletar, politizar para lado A ou B. Anna Muylaert, acompanhada de atuações sublimes de Regina Casé e Camila Márdila, fazem uma obra essencial e eterna do cinema brasileiro.