Eis aqui mais um resultado para lá de previsível: “Drive My Car é o grande vencedor de Melhor Filme Internacional do Oscar 2022. Não tinha como ser diferente, né gente, afinal, a produção japonesa está nomeada em Melhor Filme, a categoria máxima. Logo, se não vencesse aqui, só mandando internar. 

O Japão tem uma história curiosa na categoria: antes dela ser instituída como Melhor Filme de Língua Não-Inglesa com cinco concorrentes a partir de 1957, havia Prêmios Honorários a obras vindas do exterior.  

O Japão ganhou três vezes com “Rashomon”, do mestre Akira Kurosawa, “Portal do Inferno”, do Kinugasa Teinosuke, e “Samurai: O Guerreiro Dominante”, do Hiroshi Inagaki. 

Já em Melhor Filme de Língua Não-Inglesa, antes desta vitória de “Drive My Car”, o país oriental só venceu uma vez com “A Partida”, em 2009.  

O retorno da estatueta ao Japão vem em grande estilo com esta obra-prima do Ryusuke Hamaguchi. 

Para quem se dispõe a pegar esta carona (perdão pelo trocadilho), “Drive My Car” é uma viagem em que as três horas de duração passam voando. A cada momento, a história se ressignifica através de personagens carregando dores profundas em busca de encontrar alguém para dividir aquela angústia. Hamaguchi cria cenas memoráveis a cada instante em uma obra essencial. 

A vitória de “Drive My Car” ganha ainda mais força, pois, a categoria estava lotada de grandes filmes, especialmente, o excelente norueguês “A Pior Pessoa do Mundo”, o dinamarquês “Flee” e “A Mão de Deus”, de longe, o melhor Sorrentino.