Momento histórico no Oscar: pela primeira vez, um homem surdo leva o prêmio de atuação. O responsável pelo feito é o Troy Kotsur, o simpático pai da protagonista de “Coda – No Ritmo do Coração”, ganhador em Ator Coadjuvante. O curioso é que o par romântico dele no filme da Sian Heder foi a pioneira entre as mulheres surdas: a Marlee Matlin ganhou Melhor Atriz por “Os Filhos do Silêncio”, em 1987. 

O Kotsur teve uma temporada forte com indicações aos principais eventos e vitórias fundamentais no Gotham, SAG, Bafta e Critics Choice, perdendo apenas o Globo de Ouro para o Kodi Smit-McPhee.  

Claro que o fator da inclusão teve um peso fundamental, mas, esta vitória também pode ser encarada como o grande momento de “Coda” na premiação. As chances de levar Roteiro Adaptado e, principalmente, Melhor Filme são baixas pelo favoritismo de “Ataque dos Cães” em ambas.


Para mim, trata-se de um resultado muito justo. 

Em “Coda”, o patriarca da família gera os momentos mais divertidos com seu senso de humor desbocado sem meias palavras ao mesmo tempo em que traz aquele que é, sem dúvida, a cena mais emocionante da temporada ao sentir as vibrações da voz da filha vivida por Emilia Jones. Chama a atenção que tal domínio acontece mesmo sem ter feito grandes filmes anteriores. 

Há quem compare “Coda” a “Pequena Miss Sunshine” e o caminho percorrido pelo Kotsur com o Alan Arkin e faz sentido, mas, entre os dois, fico com o vencedor atual.  

Quanto ao Kodi Smit-McPhee, pesou o histórico de atores jovens demorarem a ganhar o Oscar da categoria – ele seria o segundo mais jovem a vencer após o Timothy Hutton que levou a estatueta aos 18 anos. Ainda pesa a nomeação do Jesse Plemons que pode ter dividido votos com ele. De qualquer forma, acredito que haverá mais indicações em breve para ele.