Martin Scorsese esbanjou fôlego de garoto aos 71 anos no comando do frenético “O Lobo de Wall Street”. Mesmo longe de alcançar a maestria do gênio americano, o amazonense Moacy Freitas pode se orgulhar de ter a mesma determinação e energia ao produzir curtas-metragens em ritmo acelerado aos 72 anos de idade. Para 2015, o realizador está prestes a lançar mais um novo trabalho: a aventura infantil “Se Não”.

Projeto premiado no Proarte de 2013, “Se Não” traz uma adaptação do conto lírico da escritora paulista Valéria Pisauro e resgata a história do folclore popular sobre o homem do saco, contada para assustar meninos desobedientes. O projeto conta no elenco com Begê Muniz (“A Floresta de Jonathas”), Alan Freitas, Moisés Albuquerque e o próprio Moacy Freitas como o protagonista do filme. Gravações aconteceram durante os dias 11 e 17 de janeiro em Manaus e nas ruínas da Vila de Paricatuba.”Estamos em processo de pós-produção, mais exatamente na montagem e inserção da trilha sonora. Queremos fazer o lançamento em abril ou maio em uma sessão especial no Cinemark e na vila onde fizemos o curta”, diz o diretor.

Quem pensa que tudo foi tranquilo durante as filmagens de “Se Não” está muito enganado. “Fomos gravar a última cena do filme nas ruínas de Paricatuba e estava tudo pronto até que começou a chover. Percebi que era um sinal para mudar o final do projeto e resolvemos filmar com a chuva mesmo. Fiquei deitado no chão como o roteiro pedia para o personagem e, quando finalizamos a sequência, estava com espasmos pelo frio causado pelo vento. Mesmo assim, valeu muito a pena e gostei demais do resultado”, declara Moacy Freitas.

moacy freitas se não cinema amazonense

Parceria vem de casa

Sempre ao lado do diretor, em todos os curtas-metragens, está o filho Jairo Freitas. A vontade da dupla de fazer filmes surgiu após a morte da matriarca da família e as primeiras produções começaram a ser realizadas em 2012. Os prêmios vieram logo em seguida no Festival Um Amazonas (com os curtas “Legado Hereditário” e “Armadilhas da Vida”) e Festival Curta Amazônia (“Sonhos e Pesadelos”).

A experiência como técnicos em telecomunicações permitiu a Moacy e Jairo Freitas criarem soluções para aprimorar os recursos técnicos dos próprios filmes. “Tentamos em cada curta fazer algo novo, seja a utilização de um travelling em trilhos ou criar os cenários dos nossos curtas. Temos até um drone para fazer filmagens aéreas”, revela o realizador.

Com muito amor pelo cinema e nenhuma pretensão além de se aprender mais sobre a arte ao gravar os próprios filmes (“no Brasil, é muito mais fácil eu virar o Neymar do que o Spielberg. Sou um eterno aprendiz”), Moacy Freitas declara, entretanto, que considera necessário sempre fazer o melhor possível para obter um bom resultado. Já o filho tem um sonho com a sétima arte. “Desejo muito um dia ver meu filme em uma sala de cinema”.

E os sonhos de ambos continuam firmes: em setembro, Moacy e Jairo Freitas começam a rodar o mais novo curta-metragem da carreira, intitulado “O Caboclo Sonhador”. Tudo com muito fôlego de criança.