Ícone do Cinema Marginal e da contracultura, Helena Ignez realiza em “A Alegria é a Prova dos Nove” um filme sobre, justamente, contracultura e também de si própria. Logo, é de se esperar que seja de interesse geral o que a lendária atriz tem a dizer – ainda mais quando se cerca de artistas como Ney Matogrosso, Djinn Sganzerla (sua filha), Negro Léo… a lista continua. 

Mas o filme, por servir de coroação final ou _victory lap_ de Helena e da geração do desbunde, soa seguro demais, previsível. Estão lá uma série de discursos já esperados sobre poliamor, maconha, orgasmos femininos e todos esses assuntos coloridos sem que “A Alegria é a Prova dos Nove” deixe de chover no molhado. 

Claro que, novamente, Helena Ignez sendo Helena Ignez, vez ou outra ela encontra alguma imagem ou situação dramática com frescor. Tudo que envolve as desventuras amorosas do refugiado palestino, por exemplo, ou Negro Léo interpretando um padre pró-maconha fazem o filme crescer. 

Mas um filme com falas como “essa pandemia foi uma grande ocasião para fazermos o melhor de nós mesmos” ou com uma cena em que artistas e intelectuais debatem a fome no Brasil enquanto bebem champanhe à mesa de jantar (juro), tornam “A Alegria é a Prova dos Nove” uma obra de alguém confortável em jogar no seguro.