Nos anos 1940, um grupo de imigrantes alemães vivem isolados em terras rurais da Região Sul do Brasil. Há o desconhecimento do resto do mundo, a solidão e o tempo nublado, que instaura um clima frio de suspense no novo longa de Gilson Vargas.

Não é nenhuma surpresa o diretor trabalhar com as origens do território sulista a partir do influxo de imigrantes que pavimentaram a região. Embora também melancólico como seu longa “Dromedário no Asfalto” (2015), “A Colméia” é o exato oposto de um road movie e se faz como um drama de perdição com raízes históricas.

Filmado em municípios gaúchos, “A Colméia” traz Mayla (Andressa Matos), uma adolescente que não lida bem com seu grupo. Enquanto isolados numa casa antiga, há a luta da menina para abandonar essa colônia de imigrantes alemães. Sem a possibilidade de se comunicar com o idioma original pela proibição do alemão no território nacional, os conflitos e os medos são inevitáveis nessa atmosfera rude.

PARA SER VISTO NOS CINEMAS

Angústia, fome e o clima mórbido instaurado pela fotografia cinzenta, nublada e pálida ajudam a promover o suspense. São inevitáveis as comparações com “A Bruxa”, de Robert Egger, porém, é nítido que a direção sobressai melhor no drama que em um suspense propriamente dito, ainda que possa se filiar a um folk horror.

A direção de fotografia por Bruno Polidoro – que mais uma vez trabalha ao lado do diretor – cria uma imersão absurda para a mise-en-scène de “A Colméia”. É inquestionável como a iconografia em alguns dos planos faz do longa uma produção de alto nível.

Com ar de coming of age, o protagonismo exercido pela menina e seu irmão gêmeo Christopher (João Pedro Prates) reafirma da melhor forma possível como a produção sobressai quando direcionada ao drama – até mesmo como o tema de embranquecimento, histórico terrivelmente presente em território brasileiro, não deixa de ser tema ainda a ser debatido.

Vários dos planos de “A Colméia” são, francamente, de uma produção invejável. Entre o drama e as sugestões de suspense ou terror, o longa é tão bem produzido que clama para ser visto em tela grande.

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