Uma preocupação recorrente dos filmes da Mostra de Tiradentes 2023 parece ser a reapresentação (e representação) de personagens ou momentos significativos na História. Isso se mostra no passeio guiado pelo cinema brasileiro que o lendário montador e cineasta Severino Dadá nos proporciona em “O Cangaceiro da Moviola” e na encenação de fantasmas do nosso passado colonial em “Cambaúba”. 

A essa seara se junta “A Jornada do Valente”, curta-metragem escrito e dirigido por Rodrigo de Janeiro – sendo, no entanto, incapaz de fazer jus aos outros filmes citados. O curta coloca o pioneiro sambista Assis Valente – sujeito de vida intensa e morte trágica, responsável por escrever “Brasil Pandeiro” entre outros clássicos – em primeiro plano, ficcionalizando sua figura e fazendo soar sua voz. 

Mas se o intuito era apresentar Valente para os que ainda não o conhecem, o tiro saiu pela culatra: “A Jornada do Valente” consegue a façanha de soar como um vídeo educativo ao mesmo tempo que elucida pouco ou quase nada sobre o sambista. 

O diretor até tenta criar alguma imagem mais marcante com seu dispositivo ficcional, como nos planos do bamba nas ruas do Centro do Rio. Mas, se se quer um exemplo de como usar o cinema para tratar de um sambista mítico, melhor ficarmos com o “Isto é Noel Rosa” de Sganzerla.